O neo-prog húngaro do Solaris

A sacada do Solaris foi não plasmar os grandes nomes da década de 70, mas sim criar algo novo e arejado para ser consumido pelas novas gerações.

por Bento Araujo     17 jul 2015

SolarisO Solaris teve uma trajetória muito curiosa e foi responsável por aquele que muitos consideram ser o melhor disco progressivo da década de 80, o registro instrumental Marsbéli Krónikák, ou “crônicas marcianas”, lançado em 1984.

O grupo foi formado num colégio de Budapest por cinco jovens aficionados por ficção científica. O nome do grupo foi inspirado num livro de Stanislaw Lem e esse álbum citado acima foi inteiramente baseado no livro Martial Chronicles do escritor de ficção científica Ray Bradbury.

Tudo começou a acontecer em 1980, quando a banda abocanhou a primeira colocação num concurso de talentos, organizado no colégio onde estudavam. Como prêmio, ganharam o direito de dividir um compacto com uma outra banda do concurso. No ano seguinte, 1981, soltaram outro compacto, mas tiveram que aguardar até 1984 para lançar seu primeiro LP, com uma formação já estabelecida: Attila Kollar (flauta), Istvan Cziglan (guitarra), Robert Erdesz (teclados), Laszlo Gomor (bateria) e Tamas Pocs (baixo).

Marsbéli Krónikák foi um tremendo sucesso local, graças é claro ao fato do prog rock ser algo realmente gigante nos anos 80 dentro da Hungria. No mundo todo o Solaris angariou fãs aos montes, seja no Japão, na Inglaterra, na Alemanha ou na América do Sul. Isso infelizmente não impediu que o grupo encerrasse prematuramente suas atividades na sequência. Só ouvimos falar novamente deles em 1990, quando foi lançado o álbum duplo Solaris 1990, com sobras da época.

Em 1995 um sujeito chamado Greg Walker, o cabeça do festival Progfest, organizado em Los Angeles, convenceu a banda a voltar para se apresentar no evento e lançar um CD duplo da ocasião: Live in Los Angeles. Nosso Leonardo Nahoum, que geralmente comparecia ao evento, aproveitou e escalou a banda para a primeira edição de seu Rio Artrock Festival, que aconteceu em 1996. Assistir ao grupo ao vivo no Brasil foi um sonho realizado para muitos fãs locais.

Em 1999 a banda lançou seu segundo álbum de estúdio, o também sinfônico Nostradamus Book Of Prophecies, que funcionou como uma despedida do guitarrista Istvan Cziglan, morto no final do ano anterior.

Marsbéli Krónikák continua como um marco de uma década não tão gloriosa para o prog sinfônico em termos de popularidade. A sacada do Solaris foi não plasmar os grandes nomes da década de 70, mas sim criar algo novo e arejado para ser consumido pelas novas gerações.

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