William S. Fischer – Circles

Herbie Mann, de tanto admirar a competência de Fischer, resolveu lhe dar uma chance de ouro e bancar seu disco

por Bento Araujo     16 out 2014

William-S.-Fischer-CirclesA capa é toda branca, com um círculo vazado ao meio, onde consta uma foto do desconhecido William S. Fischer. Na ficha técnica, nomes de Herbie Mann (produção), Hugh McCracken, Eric Weissberg, Ron Carter e um jovem garoto panamenho chamado Billy Cobham. “Só pode ser um grande disco”, você pensa.

Chegando em casa, tirando o elepê do envelope plástico, você se depara com o selo Embryo, uma estampa que era propriedade de Herbie Mann, com distribuição da Cotillion, uma subsidiária da Atlantic. Além deste Circles, a Embryo lançou naquela época trabalhos do próprio dono e também do Floating Opera, Tonto’s Expanding Headband e de Miroslav Vitous.

No fim da década de 60, Fischer era um arranjador que trabalhava para Herbie Mann, que, de tanto admirar a sua competência, resolveu lhe dar uma chance de ouro e lhe bancar um disco inteiro. Assim, surgiu, em 1970, Circles, um trabalho que até hoje atrai DJs e colecionadores do mundo todo. Seria o ritmo contagiante e frenético de sons como “Saigon”? Ou a ousadia de “Patiance Is A Virtue”, um tema que depois serviu de base para o hit “Rock On”, na voz do ídolo teen David Essex?

Mas é em faixas visionárias como “There’s A Light That Shines”, “Capsule” e “Electrix” que Fischer inova, tocando seus moogs e sintetizadores, ainda uma novidade naquele universo pop do ano de 1970. Em meio a tudo isso existe o bônus de se ouvir os magníficos arranjos de cordas do protagonista, o que, originalmente, chamou a atenção do produtor e flautista Herbie Mann.

Em sua carreira solo, Fischer lançou apenas mais dois álbuns, Akelarre Sorta e Omen (ambos de 1972), dedicando-se a trabalhar com renomados artistas como Joe Zawinul, Wilson Pickett, Les McCann, Eugene McDaniels, Roberta Flack, Roy Ayers, Idris Muhammad, Roland Kirk, McCoy Tyner, Pharoah Sanders e muitos outros.

Circles é uma obscura maravilha em formato de vinil, indicada para apreciadores especialmente de Terry Callier, trilhas Blaxploitation etc.

Texto originalmente publicado na pZ 55

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