Gil & Gal em vinil triplo

Show de 1971 da dupla foi gravado em Londres e sai pela primeira vez em disco

por Ricardo Alpendre     09 fev 2015

Gil & GalGal Costa fazia visitas frequentes a seus colegas baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil durante os anos de exílio em Londres. Juntos, eles tocavam, cantavam, trocavam figurinhas musicais, quando Caetano e Gil mostravam novas composições à cantora. E também faziam shows.

Numa dessas apresentações, em 26 de novembro de 1971, alguém (não se sabe quem) gravou o áudio em fita de rolo, estéreo, direto da mesa de som. O material, que ficou guardado no acervo dos estúdios em que Gil gravava e depois pertenceu a um colecionador inglês, foi encontrado por Marcelo Fróes em 1998 durante sua pesquisa para a caixa Ensaio Geral, lançada pela Universal Music em 1999.

Tendo encontrado outra jóia gravada em Londres, a trilha sonora do filme Copacabana Mon Amour, até então inédita, Fróes em contrapartida não achou o que fora procurar: os tapes do segundo álbum gravado no exílio, inacabado. E a gravação do show de 1971, realizado na City University de Londres, não entrou no projeto da caixa, dedicada aos trabalhos solo de Gil, e ficou inédita até setembro do ano passado, quando o selo Discobertas fez o lançamento em CD duplo.

No final do ano passado veio a edição em vinil, da Polysom: três LP em uma capa belíssima adaptada da arte do CD com o óbvio ganho em plasticidade. A arte, por sua vez, foi criada pela designer Bady Cartier simulando um cartaz de show, por sugestão do próprio Fróes.

O que acontece no show, como alardeado pelo próprio Gilberto Gil, é uma celebração da informalidade na música. Gal e Gil se acompanham com seus violões, frente a uma banda que tem Bruce Henry (baixo), Tutty Moreno (bateria) e Chiquinho Azevedo (percussão). Há momentos em que Tutty “rouba a cena” pra usarmos um clichê, já que ele pouco os usa: é um baterista único, que faria grandes trabalhos para Gil, Caetano, Jards Macalé, Maria Bethania e Joyce. Caetano, aliás, não lembra de ter assistido a essa apresentação, provavelmente não estando lá.

O show registrado nesses três LPs é revelador do momento criativo dos dois artistas: Gil compondo muito, na iminência do retorno ao Brasil, e Gal apresentando versões de seu então novo show A Todo Vapor. Vale a pena ter.

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