Marvin Gaye no futebol americano?

No meio da frustração em querer se tornar um heroi do esporte, Marvin Gaye gravou uma de suas mais belas canções: “What’s Going On”

por Radames Junqueira     08 set 2014

Marvin GayeApós a morte trágica da parceira Tammi Terrell, em 1970, Marvin Gaye se afundou numa pesada depressão e pensou até em abandonar o mundo da música. Gaye ficaria longe do palco por cerca de dois anos, para o desespero de Berry Gordy (o big boss da Motown), e se recusou a excursionar porque estava treinando diariamente. Seu intuito? Jogar num dos maiores times de futebol americano do país, Detroit Lions, verdadeira instituição da cidade dos motores.

Gaye estava gravando o álbum What’s Going On nessa época e recebeu a visita de dois grandes amigos, Lem Barney e Mel Farr, ambos craques do Detroit Lions. Durante as sessões, o vocalista disse a eles que adoraria jogar no time da cidade e Farr ainda brincou, e de forma irônica, disse então que queria cantar no Apollo ou no Copacabana (sagrados templos da música negra norte-americana da época).

O que parecia brincadeira se tornou fixação para um emocionalmente instável Gaye, que passou a malhar diariamente e ganhou muitos quilos de massa muscular. O próximo passo foi pedir uma chance no time ao técnico do Detroit Lions. Segundo a esposa do vocalista na época (Anna Gordy, irmã de Berry), ele estava querendo apenas provar que era machão para seu próprio pai (que gostava de se vestir de mulher) e para o patrão/cunhado Berry Gordy, que era machão convicto e ex-boxeador.

Como era de se esperar a carreira futebolística de Marvin Gaye foi um fiasco completo e pelo menos serviu para jogar o artista na fase mais genial e produtiva de sua carreira. Gaye havia mudado fisicamente e também mentalmente, sua atitude em relação a vida também havia mudado.

No meio dessa frustração em querer se tornar um heroi do esporte, Marvin Gaye gravou uma de suas mais belas canções, “What’s Going On”, um hino pacifista que contou com vocais de apoio de dois grandes amigos, os craques Lem Barney e Mel Farr.

Daí para o Apollo e o Copa era um passo…

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