La Maquina de Hacer Pajaros

A força do prog argentino dos anos 1970

por Bento Araujo     28 jun 2014

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La Maquina de Hacer Pajaros foi um dos muitos projetos do argentino Carlos Alberto Garcia Moreno, o popular Charly Garcia, herói na terra do Maradona.

Na primeira metade dos anos 70, Garcia atuou com Nito Mestre no Sui Generis, uma das principais bandas da América Latina.

Em 1975, lágrimas e tristeza na Argentina. O Sui Generis faz seu show de despedida com Charly se mandando para o Porsuigieco, um conglomerado com a nata do folk portenho: Raúl Porchetto, León Gieco, Nito Mestre e María Rosa Yorio. Essa ‘tchurma’ lançou um único e belíssimo registro em 1976 (eu tenho!) mas o que Charly queria mesmo era se aventurar em uma banda de Rock Progressivo.

Apreciador das aventuras sinfônicas do Genesis, do virtuosismo do Yes e da elegância do Steely Dan, Charly Garcia montou uma verdadeira academia progressiva na Argentina, a La Maquina de Hacer Pajaros, formada por Carlos Cutaia nos teclados, o próprio Garcia também nos teclados e voz, Gustavo Bazterrica na guitarra, José Luis Fernández no baixo e Oscar Mouro na bateria. Assim como o Procol Harum, e outras bandas do estilo, a La Maquina de Hacer Pajaros tinha dois tecladistas, o que deixava a sonoridade deles ainda mais rica e elaborada.

Os seguidores do Folk do Sui Generis e do Porsuigieco torceram o nariz para esse novo projeto de Garcia que explorava a fundo todas as possibilidades musicais de seus integrantes.

O primeiro e homônimo álbum (alguns fãs o chamam de “Bubulina”, o nome da primeira música), lançado em 1976, é uma pérola do Progressivo mundial. Os sete temas do álbum compõem uma obra única e forte, que permanece intacta quase trinta anos depois de seu lançamento. “Bubulina” e seu clima Yes, a grooveria e o solo a la Grand Funk de “Boletos, Pases Y Abonos”, o folk de “Por Probar El Vino Y El Agua Salada” e a viagem de onze minutos que é “Ah, Te Vi Entre Las Luces” são os destaques da sublime estreia.

No ano seguinte a banda edita o segundo álbum, Películas, outro belíssimo registro, que, assim como a estréia, passou totalmente batido no gosto do grande público. Aliás, demorou um bom tempo para que esse projeto de Charly fosse reconhecido até mesmo pelo público argentino.

O grupo ensaiava diariamente visando cada vez mais aprimorar a sua performance ao vivo. O guitarrista Gustavo Bazterrica falta a alguns desses ensaios e Charly o manda embora, logo depois de um grande show em Montevidéu. Para seu lugar vem Alejandro “Golo” Cavotia. Fazem mais um par de shows, mas a vontade de Charly é acabar com tudo e vir morar no Brasil.

Na época, Charly era casado com uma brasileira e apaixonado pela música de Milton Nascimento.
Com o inevitável fim, Charly bola um grande espetáculo de despedida para La Maquina De Hacer Pajaros, batizado de El Festival Del Amor – Charly Garcia Pianista y Amigo.

Um dos melhores shows foi essa despedida no Luna Park (a principal casa de shows de Buenos Aires), em novembro de 1977. Nesse espetáculo de despedida da La Maquina, Charly dividiu o palco com muitos convidados como Nito Mestre, León Gieco, Raúl Porchetto, Gustavo Santaolalla, Los Hermanos Markoff, David Lebón, a base acústica do Sui Generis (Rinaldo Rafanelli e Juan Rodríguez), Aníbal Kerpel e Pino Marrone, do Crucis.

Com tudo encerrado em Buenos Aires, Charly Garcia e David Lebón se mandaram para o Brasil e com a ‘la plata’ arrecadada com o grande concerto do Luna Park alugam por três meses uma grande casa em Búzios, onde montam o Serú Girán, uma das mais populares bandas de rock da Argentina.

Texto originalmente publicado na pZ 10.

 

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