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Supersister

Um dos combos mais queridos e respeitados dentro do prog holandês, cuja destreza, musicalidade, extravagância e, até, bom humor, os colocou no mesmo patamar de bandas como Caravan e Gong

por Bento Araujo     21 out 2015

SupersisterUm dos combos mais queridos e respeitados dentro do prog holandês, cuja destreza, musicalidade, extravagância e, até, bom humor, os colocou no mesmo patamar de bandas como Caravan e Gong. São considerados também um grupo que pratica a sonoridade típica de Canterbury fora de Canterbury.

Robert-Jan Stips (teclados, vocais), Sacha van Geest (flauta), Marco Vrolijk (bateria) e Ron van Eck (baixo), formaram a banda Sweet OK Supersister, em 1968. Logo simplificaram seu nome para Supersister e adicionaram dois novos instegrantes: Rob Douw (sopros) e Gerhard Smid (vocal, guitarra). O pequeno selo Blossom se interessou pelo conjunto e lançou o primeiro compacto deles, “She Was Naked” / “Spiral Staircase”.

A delicadeza de “She Was Naked” seduziu John Peel, que passou a tocá-la sem parar em seu programa na Radio 1 da BBC. Ouvintes compararam os holandeses ao Soft Machine e ao Mothers of Invention. Na Holanda, a Polydor escutou aquele agito todo pra cima do grupo e ofereceu um contrato. Depois de mais um compacto, saiu então o primeiro elepê deles, Present From Nancy, com venda razoável, grandes sons de teclados e sopros, uma bela capa e temas como a peculiar “Dona Nubis Pacem”.

Durante oito semanas do verão de 1971, registraram seu segundo álbum, To The Highest Bidder, contendo quatro faixas sofisticadas e originais. A faixa de abertura, “A Girl Named You” apresentava uma irresistível combinação: Mellotron, harpsichord, xilofones, flautas e muita influência jazzística. Mais inovação ainda na tenebrosa “No Tree Will Grow (On Too High A Mountain)”, com efeitos eletrônicos e tape-loops. A capa dupla de To The Highest Bidder trazia um par de olhos com moedas no lugar das pupilas. John Peel não só enlouqueceu, como lançou o disco na Inglaterra pelo seu selo, Dandelion, incluindo uma faixa bônus, o hit britânico “She Was Naked”. Enquanto isso, o Supersister aproveitou a boa fase para tocar no maior festival da Holanda, o Pinkpop, e também em países como França, Itália, Inglaterra e Alemanha, onde se apresentaram ao lado de uma orquestra completa.

O líder do grupo, Robert-Jan Stips gosta de traçar um paralelo entre os dois primeiros trabalhos de sua banda: “Víamos Present From Nancy como o fim de um período, uma espécie de documento do progresso do grupo até então. Já To The Highest Bidder é bem mais balanceado, mais sério, bem menos humorado. A música popular é um reflexo da sociedade, talvez por isso esse disco soe dessa forma”.

No início de 1972, o Supersister criou uma trilha especialmente para o balé da Nederlandse Danstheater, que rodava a Holanda. A colaboração gerou o trabalho Pudding En Gisteren, nome também do terceiro disco do grupo, considerado por muitos críticos e fãs como o melhor álbum do Supersister até então. Uma das faixas mais festejadas de Pudding En Gisteren era a longa suíte “Judy Goes On Holiday”, contendo todas as ricas facetas musicais do Supersister. No lado B, a gloriosa faixa título, influenciada por Erik Satie. A arte gráfica de Pudding En Gisteren também marcou época e foi desenhada pelo irmão de Robert-Jan Stips, Wouter Stips.

O disco fez o Supersister ser indicado ao prêmio Edison, uma espécie de Grammy da indústria musical holandesa, concorrendo como “melhor disco novo”. Com transmissão ao vivo para todo o país, a cerimônia foi marcada pela presença do grupo, que aproveitou a ocasião para questionar a falsidade de eventos como aquele. Só de sacanagem, Robert-Jan Stips deixou cair, de propósito, a estatueta oferecida pelo apresentador ao grupo, vencedor em sua categoria. E não foi só. Ao invés de tocar a música que todos esperavam, o hit “Radio”, o Supersister executou uma vinheta que aparecia como faixa escondida em Pudding En Gisteren, com Stips dublando sua performance num teclado feito de cartolina. A atitude do grupo foi encarada como uma afronta e gerou muita publicidade.

Exaustos, negaram ofertas para shows pela Inglaterra e até pelos EUA. Stips desejava partir para uma sonoridade mais free jazz, com muitos improvisos. Seu intuito era lançar um álbum conceitual, contando a história de Alexandre, O Grande. Sua opinião não foi compartilhada pelo restante do grupo, que acabou rachando. Marco Vrolijk e Sascha van Geest deixaram o Supersister e foram substituídos por Herman van Boeyen (ex-Livin’ Blues) e Charlie Mariano (ex-Ambush e Embryo). Com nova formação e com o produtor Georgio Gomelski, gravaram na Inglaterra o disco Iskander, com um estilo diferente dos anteriores.

Os fãs não aprovaram, mas não quer dizer que não ficaram impressionados quando em, 1974, foi anunciado que o ex-Soft Machine, Elton Dean, era o novo integrante do Supersister. Infelizmente não deu certo e, naquele mesmo ano, o grupo acabou de vez, com Robert-Jan Stips indo tocar no Golden Earring. Depois, Stips tocou também no Sweet d’Buster e formou um novo grupo, o Transister. Nos anos 1980, se juntou ao grupo pop The Nits, onde permaneceu 15 anos.

No ano 2000 a formação clássica do Supersister voltou para tocar no Progfest, em Los Angeles. Aproveitaram e fizeram uma tour de aquecimento pela Holanda, que serviu de material para o disco ao vivo Supersisterious. Depois vieram duas tristes notícias, relatando as mortes de Sascha van Geest e Ron van Eck.

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Golden Earring, Focus, Earth And Fire, The Outsiders, Cargo, Q65, Dust, Muscle Shoals, Goblin, Area, Guru Guru, Supersister etc.

por Bento Araujo     12 jul 2014

GOLDEN EARRING
A pZ entrevistou, com total exclusividade, essa instituição do rock holandês. Tudo para contar a história dessa banda com mais de 50 anos de estrada. Os discos obrigatórios, o sucesso nos EUA e tudo sobre o show que assistimos deles.

FOCUS

O rock progressivo mundial nunca mais foi o mesmo após o sucesso de Moving Waves. Para falar sobre esse disco, e sobre toda a carreira do Focus, batemos um papo com o guitarrista Jan Akkerman.

THE OUTSIDERS

Por que o grupo de Wally Tax é considerado o melhor conjunto de rock surgido num país de língua não inglesa? Leia e descubra…

EARTH & FIRE

Prog sinfônico de primeira grandeza somado a beleza e ao talento inconfundível de Jerney Kaagman. A receita gerou uma das bandas mais imponentes do cenário holandês dos anos 1970.

Q65
Com Revolution (1967), o Q65 entrou para a galeria das grandes bandas de garagem do mundo. Tudo sobre esse clássico selvagem do rock sessentista.

CARGO

Se a Inglaterra tinha o Wishbone Ash, a Holanda teve o Cargo, que também marcou época com suas longas jams e seus ferozes duelos de guitarra dos irmãos Jan e Adrie de Hont.

CUBY + BLIZZARDS
O blues rock elétrico de Chicago não sacudiu somente a Inglaterra nos idos de 1967, bateu forte também nos Países Baixos, de onde surgiu este imponente combo liderado pela dupla Harry Muskee e Eelco Gelling.

GROUP 1850
Os mestres do rock psicodélico holandês, responsáveis pelo clássico Agemo’s Trip To Mother Earth (1968), também marcam presença.

COBERTURA EXCLUSIVA DE SHOWS NA HOLANDA
Nosso editor, Bento Araujo, passou uma semana na Holanda, onde assistiu shows de bandas e artistas como Van der Graaf Generator, Moody Blues, Golden Earring, Patti Smith, Black Crowes, Dexy’s Midnight Runners e Iron Maiden. As resenhas desses shows estão também nessa nova edição.

E mais:
Dust, Muscle Shoals, Goblin, Area, Guru Guru, Supersister, Livin’ Blues, The Motions, Shocking Blue, Trace, Kayak, Finch, Cosmic Dealer, Ekseption, Mr. Albert Show, After Tea, Alquin, Solution e muito mais.

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Jethro Tull, Can, Gong, Hawkwind, Le Orme, Vox Dei, VdGG e os 101 discos progressivos de 1971.

por Bento Araujo     11 jul 2014

O BIG BANG PROG
Só pode ser mesmo aquele papo de que “os planetas estavam alinhados”… Em 1971 um fenômeno abalou as principais estruturas da criação musical. 1971 foi o ano da explosão do rock progressivo, o início de um novo e criativo universo. Não é a toa que muitos dos álbuns que servem de porta de entrada para novos admiradores deste tão amado e odiado gênero, foram lançados em 1971.

JETHRO TULL
Ian Anderson não considera Aqualung um disco prog, mas a obra se tornou um dos marcos do gênero. O making-off deste clássico, a arte gráfica, a tour de promoção e a influência em músicos que vieram depois, como Steve Harris (Iron Maiden).

HAWKWIND
Os mestres do space rock marcam presença na pZ, que preparou um especial sobre o álbum In Search Of Space. Efeitos, baladas, sintetizadores e embalos químicos.

GONG

Ecletismo e energia em alta, criatividade e bom humor sideral. Este é o Gong de Camembert Electrique, para muitos o melhor disco com a assinatura de Daevid Allen.

LE ORME
Um dos grupos mais idolatrados do prog italiano recebe destaque especial nesta edição, onde abordamos a obra-prima Collage.

CAN

Os fãs dos mestres do Krautrock comemoram os 40 anos do lançamento de Tago Mago, e nós, é claro, estamos nessa também! Tudo sobre este álbum minimalista, empolgante e seminal.

E MAIS:
Artigos e matérias minuciosas sobre discos de bandas como Faust, Second Hand, Vox Dei, Spring, Ton Ton Macoute, Supersister, Atomic Rooster, Caravan, Junipher Greene e Hampton Grease Band, todos lançados em 1971!

101 DISCOS PROG DE 1971
É isso mesmo, resenhas de 101 álbuns progressivos essenciais lançados há 40 anos! Bandas do mundo todo, como Osanna (Itália), Som Imaginário (Brasil), Polyphony (EUA), Syrius (Hungria), Wigwan (Finlândia), Eela Craig (Áustria), Earth & Fire (Holanda), Gila (Alemanha), Jarka (Espanha), Komintern (França), People (Japão), Samla Mammas Manna (Suécia) e muito mais, como os medalhões Yes, ELP, Genesis, Gentle Giant, King Crimson, VdGG, etc.