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poeiraCast 481 – AOR

Seja com a denominação adult-oriented rock ou album-oriented rock (ou ainda arena-oriented rock), o AOR espalha seus tentáculos Mais

por Bento Araujo     08 mar 2023

Seja com a denominação adult-oriented rock ou album-oriented rock (ou ainda arena-oriented rock), o AOR espalha seus tentáculos sobre vários estilos, incluindo o hard rock, o prog e o soft rock, e conquistou as rádios nos anos 70 e 80.

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poeiraCast 359 – As origens do metal melódico

Quais foram as bandas e as músicas que originaram o estilo melódico que tomaria de assalto as prateleiras Mais

por Bento Araujo     14 mar 2018

Quais foram as bandas e as músicas que originaram o estilo melódico que tomaria de assalto as prateleiras de heavy metal nos anos 1990 e 2000? A conversa, sempre bem humorada, é sobre esse assunto neste episódio do poeiraCast!

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poeiraCast 357 – Deep Purple

A banda inglesa que foi formada nos anos 60 e se tornaria uma das definidoras do hard rock Mais

por Bento Araujo     28 fev 2018

A banda inglesa que foi formada nos anos 60 e se tornaria uma das definidoras do hard rock e até do heavy metal é tema deste episódio!

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poeiraCast 231 – Família Purple

Carreiras solo, bandas e projetos: hoje conversamos sobre a enorme família formada pelos outros trabalhos dos integrantes do Mais

por Bento Araujo     29 abr 2015

Carreiras solo, bandas e projetos: hoje conversamos sobre a enorme família formada pelos outros trabalhos dos integrantes do Deep Purple.

poeiraCast é o podcast da revista poeira Zine
www.poeirazine.com.br

Playlist pZ 59

Preparamos um playlist da pZ 59 no Spotify para você escutar degustando a sua nova edição

por Bento Araujo     10 abr 2015

Playlist da poeira Zine 59, para escutar degustando a sua nova edição. Ouça músicas de bandas e artistas que abordamos nesta edição: Rainbow, Aphrodite’s Child, Faust, The Sonics, Tim Buckley, Muddy Waters, Tages, Motörhead, Jackson C. Frank, The Strangeloves etc.

Veja mais sobre essa edição no http://www.poeirazine.com.br/loja/numero-59/

pZ 59

Rainbow, Aphrodite’s Child, The Sonics, Tim Buckley, Tuca, Howlin’ Wolf e Muddy Waters, Billy Thorpe, rock sueco, Tages, Motörhead, Jackson C. Frank etc.

por Bento Araujo     31 mar 2015

RAINBOW
É sempre um grande prazer lançar uma edição da pZ com uma capa escolhida pelos leitores. Vocês votaram e escolheram o Rainbow como capa e matéria principal deste número 59. Ritchie Blackmore sai finalmente na capa e teve o período 1975-1984 de sua carreira passado a limpo. Foram dezenas de formações, frustrações e tentativas de chegar ao topo das paradas, mas o legado deixado pelo grupo jamais poderá ser subestimado. A fase com Ronnie James Dio fez do Rainbow um dos nomes mais influentes do heavy metal. Graham Bonnet protagonizou uma passagem relâmpago, mas deixou um disco irretocável. A fase Joe Lynn Turner mostrou um Rainbow melódico e mais adulto, produzindo três álbuns clássicos do AOR oitentista. E Doogie White foi o vocalista na curiosa volta do grupo nos anos 90, que também deixou um belo trabalho. No fim, o que prevaleceu foi a visão de Blackmore, ávido por buscar novidades e reciclar a sua banda de tempos em tempos. A matéria inclui a discografia comentada do grupo.

APHRODITE’S CHILD
Seria 666 um freak-out vanguardista da era de Aquarius? O disco preferido de Salvador Dali? O melhor disco do selo Vertigo? A obra progressiva/conceitual definitiva? O melhor orgasmo registrado em disco? A trilha sonora do fim do mundo? Ou apenas uma obra-prima à frente de seu tempo? Seja qual for a sua resposta, o disco de despedida do Aphrodite’s Child ainda tira o sono de muita gente…

THE SONICS
Eles são considerados precursores do punk e a banda de garagem definitiva. A verdade é que aquele som saía tão visceral, sem a menor polidez, porque era o que realmente sabiam fazer. E ainda sabem. A banda esteve no Brasil para comemorar seus 50 anos de estrada, então aproveitamos para relembrar a trajetória do grupo e cobrir a única apresentação deles no país.

TIM BUCKLEY
Ele morreu aos 28 anos de idade, vítima de uma overdose de heroína. Sua carreira fonográfica durou menos de dez anos e foi um fiasco comercial na época, com Buckley partindo do folk para incorporar jazz, psicodelia, soul e música avant-garde em seus trabalhos. Com uma voz peculiar utilizada tanto como instrumento de protesto (em sua fase puramente folk) como de improviso (em sua fase experimental), o destino de Tim Buckley era ser admirado pelas futuras gerações.

TUCA
Valenza Zagni da Silva, ou Tuca, como ficou conhecida, é um caso típico de talento perdido da música brasileira. Tentativas de resgatar e relançar seu pequeno catálogo são feitas constantemente por selos nacionais e estrangeiros, mas a luz no fim do túnel parece inatingível. O fato de Tuca ter morrido prematuramente, em 1978, dificulta ainda mais o processo. A pZ investigou esses fatos e publica um artigo especial sobre a autora do esquecido clássico Dracula I Love You, de 1974.

HOWLIN’ WOLF & MUDDY WATERS
Marshall Chess queria conquistar a América branca adolescente com o blues que era patrimônio da Chess. Estava de olho nos dólares daquele público que vinha fazendo a fortuna da Motown. Para isso, apostou na fusão de dois de seus maiores bluesmen com os sons psicodélicos da moda em 1968.

PÉROLAS ESCONDIDAS ESPECIAL 1965
Dessa vez preparamos um especial com álbuns subestimados que estão completando 50 anos de idade. Estrelando: Billy Thorpe and The Aztecs, Tages, Jackson C. Frank, Downliners Sect, Alan David e The Strangeloves.

E MAIS
Motörhead, Eddie and the Hot Rods, Daevid Allen, Back Door, Ultimate Spinach, Harvey Mandel, Andy Fraser etc.

Escolha a arte de capa da nova pZ

A pZ 59 será lançada na próxima semana e a capa será com o Rainbow. Escolha qual arte de capa você prefere!

por Bento Araujo     24 mar 2015

A poeira Zine 59 será lançada na próxima semana e a capa será com o Rainbow, banda escolhida pelos nossos leitores.

Para comemorar, preparamos três capas diferentes para esta nova edição, mas somente uma será “A” escolhida. Ajude a gente escolher qual a melhor capa dessas três abaixo. Basta postar o seu voto como comentário.

pz59 - capa 1

pZ59 – Capa 1

pz59 - Capa 2

pz59 – Capa 2

pz59 - Capa 3

pz59 – Capa 3

 

Ritchie Blackmore e o punk rock

Em 1977, Blackmore dizia que preferia escutar punk do que Eagles

por Bento Araujo     23 mar 2015

Blackmore

Quando Long Live Rock ‘n’ Roll ia sendo gravado, parecia que não havia mais espaço na indústria fonográfica para grupos como o Rainbow.

Punk e disco music dominavam o cenário de 1977, mas Blackmore tinha uma opinião sobre aquilo, como esclareceu durante uma entrevista na Sounds:

“De uma coisa eu tenho certeza, não estamos nessa para ser a maior banda do mundo. Meu interesse é que o público aceite o que temos de melhor em comparação aos demais conjuntos, alguns deles que sofrem uma lavagem cerebral para agradar as pessoas. O que eu ouvi do chamado punk rock foi para entender a razão das pessoas estarem gostando e comprando aquilo. O punk tem uma energia crua, a maioria da música é muito mal tocada, mas obviamente eu prefiro escutar punk do que escutar Eagles, eles me aborrecem, bandas que tocam como os Eagles me aborrecem… No punk pelo menos os garotos estão tentando… Estão tentando criar algo com energia e música é criada ao redor da energia”.

Lembrando que o Rainbow será a capa da próxima edição da poeira Zine, com lançamento no início de abril.

Rainbow X Scorpions

Escolha qual destas bandas estará na capa da próxima edição da poeira Zine, a ser lançada em abril

por Bento Araujo     24 fev 2015

RainbowXScorpions

Recentemente constatamos que tanto o Rainbow, como o Scorpions, ainda não figuraram na capa da poeira Zine. Como estamos chegando perto do nosso número 60, essa é uma boa hora para estampar um desses gigantes do rock na capa de nossa próxima edição, a ser lançada em abril.

E quem irá escolher qual dessas duas bandas será a capa da próxima edição é VOCÊ!

Basta votar abaixo, como comentário deste post.

Os votos serão computados até o dia 6 de março e a edição com a banda vencedora na capa será lançada na primeira semana de abril.

Atenção: só serão computados os votos realizados abaixo, nesta página. Votos pelo facebook, twitter, formulário de contato do site e e-mail não serão considerados.

Rainbow: Long Live Rock n’ Roll

Tudo sobre o álbum que marcou a despedida de Ronnie James Dio da banda de Ritchie Blackmore

por Bento Araujo     23 out 2014

Rainbow em 1978Depois da tour de promoção de Rising; Dio, Blackmore e Powell contaram com dois novos reforços: o tecladista canadense David Stone e o baixista australiano Bob Daisley. Era hora de lançar um duplo ao vivo registrado na última tour para ganhar tempo e assim gravar com calma um último (e assombrado) álbum de estúdio com Dio nos vocais. Depois de três anos de muitas aventuras e excelentes discos, estava terminada para sempre a parceria Blackmore/Dio. A dupla se despedia então com um hino de guerra: Long Live Rock n’ Roll.

On Stage era o fiel registro da força do Rainbow ao vivo e um trabalho típico dos excessos dos anos 70, onde discos ao vivo com “capas borradas” eram a maior carta na manga que uma banda poderia ter. Digo isso, pois muitos discos ao vivo de sucesso desse período traziam fotos “manchadas ou borradas” na capa, com uma preocupação nula com a resolução da foto. Pode reparar: Frampton, Kiss, AC/DC, Deep Purple, Cheap Trick, Thin Lizzy, Rush, Ted Nugent, Lynyrd Skynyrd e o Rainbow não me deixam mentir.

On Stage, e seus excessos, possuem méritos e pecados. Méritos ficam por conta da abertura poderosa e emblemática de “Kill The King”, um hino do heavy metal até então inédito em álbuns de estúdio da banda; a versão fenomenal (para muitos definitiva) de “Mistreated” do Purple; e mais longas (para alguns, “maçantes”) releituras de “Catch the Rainbow”, “Sixteenth Century Greensleeves”, “Still I’m Sad” e outras. Os pecados ficam por conta da omissão de “Stargazer” e outras maravilhas de Rising, que eram executadas nos shows da época; e para nós brasucas, pelo fato do elepê ter sido lançado por aqui em formato simples, completamente retalhado. E bota pecado nisso…

As gravações vinham da tour de 1976 pela Alemanha e Japão, ainda com Jimmy Bain e Tony Carey no grupo. Martin Birch cuidou da mixagem e produção e foi acompanhado em todo o processo por um mais que atento Ronnie James Dio, extremamente interessado em aprender macetes de estúdio com o renomado produtor. A mixagem durou exatos 16 dias e aconteceu no estúdio de Ian Gillan, o Kingsway Records. Talvez por isso, Blackmore só apareceu um único dia no estúdio para conferir o andamento das coisas. Na cabeça do guitarrista, o mais importante era o próximo disco de estúdio.

Blackmore tratou de agendar a gravação do próximo álbum novamente no Musicland Studios, em Munique, na Alemanha. Para sua surpresa, o estúdio estava com a agenda lotada para os próximos quatro meses. Devido ao temível imposto britânico, a banda teria que gravar fora do Reino Unido, então coube a Cozy Powell a missão de viajar pela Europa em busca de algum estúdio que se assemelhasse ao Musicland alemão.

O escolhido foi o estúdio francês Le Chateau d’Herouville, localizado num castelo do século 16, próximo a Paris, e que era muito utilizado por David Bowie e Elton John na época. As gravações começaram em maio de 1977 e novamente Martin Birch cuidava dos botões. Blackmore gravaria também as linhas de baixo do disco e para os teclados convocou novamente Tony Carey.

Dessa vez o Rainbow partia pela primeira vez para o estúdio sem ter nada (com exceção de “Kill The King”) em mente. O processo de composição aconteceria de forma mais livre, despojada e no próprio estúdio, como Ritchie estava mais acostumado na época do Deep Purple. A tática foi um fiasco e depois de seis semanas em estúdio nada aproveitável tinha sido criado. Blackmore optou em passar o tempo jogando bola ao invés de gravar ou compor. Cozy curtia correr pela redondeza com sua Ferrari. Como dizem lá fora, a banda sofria de uma aguda “writer’s block”.

Rainbow

Não demorou muito pro pessoal perceber que o castelo era mal assombrado e, segundo alguns vizinhos, a propriedade era amaldiçoada pelo espírito de Chopin, o antigo proprietário do castelo. Luzes se acendiam e se apagavam sozinhas, microfones paravam de funcionar sem a menor explicação e fitas partiam enquanto o grupo gravava. Blackmore, Dio e Powell, praticantes do espiritismo, organizaram várias sessões espíritas dentro do castelo e até praticaram a famosa “brincadeira do copo”, buscando uma comunicação com as entidades do passado que ainda rondavam o local.

Tudo o que eles gravavam e compunham de dia ficava aceitável, porém tudo dava errado nas sessões noturnas. Dio e Blackmore gostavam de começar a gravar suas partes após a meia noite, indo até o amanhecer. Depois de uma dessas sessões, Dio atendeu o jornalista Jim Farber, enviado pela revista americana Circus, numa das enormes salas do castelo: “Eu gostaria de ter vivido na época do Rei Arthur; só gostaria também que eles tivessem banheiros equipados…(risos) Tenho lido sobre as lendas desse período e é uma grande fuga pra mim estudar sobre essa época da história. Quando componho, me isolo completamente do que está acontecendo, e tento me sintonizar com a era medieval. Tem uma faixa no novo álbum chamada ‘Lady of the Lake’ que é baseada nessas lendas antigas. Ritchie é muito mais ligado na música medieval do que eu, mas creio que foi essa nossa mútua admiração por esse período que nos aproximou e nos fez trabalhar juntos.”

O novo trabalho foi batizado de Long Live Rock n’ Roll e foi lançado em abril de 1978, quase um ano depois das problemáticas sessões na França. Na capa, além do trio Blackmore, Dio e Powell, estavam os dois novos integrantes que já vinham excursionando bastante com o grupo: Bob Daisley e David Stone. Daisley vinha para o baixo depois da banda ter flertado novamente com Craig Gruber e com Mark Clarke (Colosseum, Tempest, Uriah Heep, etc.), além de uma extenuante audição de mais de 40 candidatos ao posto.

Das novas composições, a emblemática faixa-título foi o maior sucesso do Rainbow até então, colocando a banda como uma das maiores forças do rock pesado naquela segunda metade dos anos 70. No Japão e na Alemanha o grupo já era considerada top desde 1976, no entanto, na Inglaterra, na América, e em outras partes da Europa, havia muito ainda a ser conquistado, principalmente em termos de mercado. Talvez por isso, Long Live Rock n’ Roll seja um álbum mais direto, objetivo, simples e até mesmo mais comercial que os anteriores. A faixa-título, “L.A. Connection”, “The Shed”, “Lady Of The Lake” e “Sensitive To Light” comprovam essa faceta mais comercial e direta do novo Rainbow. A únicas faixas que ainda flertavam com o estilo mais complexo, pesado e épico de Rising eram “Gates Of Babylon”, uma espécie de sucessora de “Stargazer”, tanto em intensidade quanto em força; e a versão de estúdio de “Kill The King”, aqui devidamente registrada com maestria. Na Guitar Player americana, Blackmore dá uma declaração dizendo que seu solo em “Gates Of Babylon” é o melhor de toda a sua carreira. A banda ainda encerrou o álbum com uma fabulosa balada medieval, “Rainbow Eyes”, uma das muitas belíssimas e impressionantes atuações vocais de Ronnie James Dio.

Apesar de ser uma das favoritas dos fãs, Blackmore não estava muito contente com a interpretação de RJD: “Ronnie me apresentou várias demos de baladas similares a ‘Rainbow Eyes’ nessa época, mas recusei todas, com exceção dessa própria, que fecha o disco. Comecei a perceber que Ronnie não poderia cantar uma balada pesada de forma apropriada. Ele sempre começava fazendo uma voz de garotinha e isso me aborrecia pra caramba.”

Dio também foi questionado anos depois sobre seu derradeiro álbum com o Rainbow: “Do meu ponto de vista aquele foi um LP infeliz. Eu vi Ritchie partir em direção de mudanças que iriam me afetar de forma nociva. Ouvindo o disco anos depois, tudo soa muito fraco pra mim. Existem boas canções ali, mas nada que se destaque.”

Long Live RnRPara promover o novo álbum foi agendada a mais longa excursão já realizada pela banda até a data. Na América do Norte foram realizados mais de 40 shows naquele ano de 1978, muitos deles com o Rainbow abrindo para grupos locais bem populares, como o REO Speedwagon, por exemplo. Isso certamente incomodava o ego pra lá de inflado de Blackmore. Pra ele era como começar de novo. Conquistar o mercado norte-americano começava a se tornar uma questão de honra para o guitarrista. Para a banda, era mais do que isso, era uma questão de vida ou morte.

Como parte dessa estratégia, Blackmore apostou em divulgar cada vez mais a sua banda, concentrando toda a tour de 1978 nos EUA, deixando de lado mercados fonográficos fortes para o Rainbow, como o Japão, a Oceania e a Alemanha. Ao invés de tocarem em Tóquio, para um Budokan lotado, por exemplo, Blackmore optou por abrir shows do Cheap Trick e do Cars. RJD estava desanimado com os novos rumos tomados pelo tirano guitarrista, que agora se sentia confortável em dublar três faixas de Long Live Rock n’ Roll para o Don Kirshner’s Rock Concert, um popular programa de TV na América naquela altura. Dentre os planos de Blackmore estava também conquistar o rádio, mas para isso era preciso mudanças drásticas no formato de composição do Rainbow, até então uma banda um tanto “obscura” nos EUA. Dio chegou a comentar algo sobre esse período nos anos 80, para a revista Kerrang: “Nós éramos uma banda underground na América, onde as tendências eram outras. As tendências não eram favoráveis a uma banda como a nossa. Na Europa não existia esse tipo de necessidade; lá eles te aceitam pelo o que você é, e não pelo o que você parece ser. Na Europa o público nos aceitava por sermos uma banda com influências de música erudita, e por Ritchie ter uma grande reputação por lá.”

Na Europa, Blackmore, Dio e Powell apareciam com ímpeto nas listas de “melhores músicos do rock” das publicações especializadas, o que levava Blackmore à busca de uma nunca alcançada perfeição dentro de seu grupo. Com a tour pelos EUA encerrada, o guitarrista não demorou para colocar Bob Daisley e David Stone na rua. Pra piorar a situação, o punk rock, a new wave, a disco music, e o “corporate rock” de bandas como Eagles, Fleetwood Mac e Peter Frampton reinavam em absoluto no mercado fonográfico. Na virada de 1978 para 1979, parecia que os dias do rock pesado de bandas como o Rainbow estavam com os dias contados. Blackmore até esse ponto tinha geralmente financiado o Rainbow às custas de seu próprio bolso, graças a sua pequena fortuna arrecadada nos tempos de Deep Purple, a direito autoral, e royalties, também daquele período. O custo de vida era alto e manter um grupo daquele na estrada era caríssimo. Estava na hora da grana começar a entrar, e até uma volta da formação clássica do Deep Purple estava sendo muito cogitada.

A reunião do Deep Purple acabou não acontecendo (até 1984), mas sim uma reunião entre Blackmore e Roger Glover, que foi escalado para ajudar nas composições e na produção do “novo Rainbow”. O guitarrista confessou depois que (o sempre paciente) Glover foi escalado para ser uma espécie de barreira entre ele próprio e Cozy Powell. Com Glover intermediando as tensões dessas polaridades, a música do Rainbow só teria a ganhar, segundo a linha de raciocínio de Blackmore. O que o guitarrista não pensou foi como manter Dio nessa nova proposta, já que sua temática de “cavaleiros e dragões” não se encaixaria de nenhuma forma dali por diante. Dio ainda temia que com Glover à bordo, sua parceria de composição com Blackmore estaria com os dias contados: “Roger se tornou uma espécie de porta voz de Ritchie; era ele que me dizia o que Ritchie desejava fazer. Foi Roger que me disse que eu deveria parar de escrever coisas fantásticas e abstratas, a pedido de Ritchie. A nova direção implicava em escrever sobre coisas do dia-a-dia, lances reais, e também escrever sobre amor. Eu não escrevia daquela maneira, não sentia aquilo, mas mesmo assim tentei me manter na banda, mesmo não contribuindo muito sob essas circunstâncias,” confessou Dio na biografia Rainbow Rising, de Roy Davies. O clima pesava. Depois de tantos anos, Dio e Cozy sentiam que não estavam recebendo o devido reconhecimento artístico por parte da crítica e do público, e financeiro por parte do próprio Blackmore. Para a dupla, todos ainda pensavam que o Rainbow era apenas um projeto solo do guitarrista, e isso incomodava, tanto no ego como nos bolsos.

Cozy Powell estava no meio do furacão de tensões e assistiu como espectador a ruptura da relação Blackmore/Dio: “Ambos tinham fortes personalidades e era evidente que aquilo uma hora ou outra iria explodir. Era inevitável. Ronnie queria ter sua própria banda, queria ser o centro das atenções, por essa razão estava tão infeliz no Rainbow… Guitarristas e vocalistas são assim, geralmente eles querem toda atenção.”

Dio e Blackmore chegaram então à duas conclusões: a de que o vocalista iria partir em busca de sua carreira-solo, e a de que o Rainbow continuaria sua busca pelo sucesso nos EUA com outro vocalista.

Numa entrevista de 1982 a Guitar Player, Blackmore relembrou de sua parceria com Dio e do final da relação entre ambos: “Ronnie era muito bom em escrever letras e em aparecer com harmonias vocais. Eu apenas fornecia uma vaga melodia e ele trazia exatamente o que eu desejava. Depois que Ronnie se foi, as coisas se tornaram mais amargas. Eu era muito próximo dele até sua esposa, Wendy, aparecer na jogada e deixar tudo tenso. Ela era muito legal, mas a gente simplesmente não combinava.”

Quem encerra o assunto é o próprio RJD: “Ritchie decidiu que o futuro da banda estava em conquistar a América e foi aí que começou todo o meu descontentamento. O Rainbow estava prestes a se tornar uma banda pop, e esse não era o intuito original de nós dois quando nos reunimos em 1975 para iniciar o projeto. Ele estava desesperado para fazer sucesso nos EUA, e queria comercializar a música do grupo. Foi uma decepção completa, pois ao meu ver, o Rainbow deveria ficar cada vez mais agressivo, pesado e verdadeiro.”

Artigo originalmente publicado na pZ especial sobre Ronnie James Dio

Especial Dio

A nossa homenagem a maior voz do heavy metal!

por Bento Araujo     11 jul 2014

OS PRIMEIROS DIAS
Uma linha do tempo dos primórdios do vocalista, apresentando: The Vegas Kings, Ronnie & The Red Caps, Ronnie & The Prophets, The Elves, etc.

ELF
O grupo de boogie pesado que levou Ronnie James Dio a achar seu caminho dentro do rock dos anos 70. Abriram para o Deep Purple, e Dio começou a trabalhar paralelamente com Ritchie Blackmore…

RAINBOW
Ronnie James Dio e Ritchie Blackmore formaram uma das maiores parcerias do rock dos anos 70, que resultou em três obras seminais do estilo: Ritchie Blackmore’s Rainbow, Rising e Long Live Rock n’ Roll

BLACK SABBATH    
Dio e suas muitas fases ao lado dos patronos supremos do heavy metal. Inclui análise detalhada dos álbuns Heaven and Hell, Mob Rules e Dehumanizer; assim como das excursões da época e da
primeira passagem do grupo pelo Brasil, em 1992.

DIO
O vocalista colocando em prática sua singular visão sobre o rock pesado, liderando a banda que levava seu sobrenome e que cunhou obras grandiosas como Holy Diver, The Last In Line e outras.

HEAVEN & HELL
Dio se reuniu mais uma vez com Tony Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice no novo milênio, para se despedir ao som de The Devil You Know, seu último disco de estúdio. Inclui detalhes sobre os últimos momentos do vocalista e relatos emocionados de seus companheiros de banda.

AS COLABORAÇÕES
Butterfly Ball, Kerry Livgren, Deep Purple, Girlschool, Heaven, Hear n’ Aid, etc. Seu guia completo das colaborações de Dio com outras bandas, projetos e artistas através dos anos.

OS 10 MELHORES SHOWS DA HISTÓRIA DO VOCALISTA
E também os 10 piores…

E MAIS:
A amizade com Glenn Hughes, as turnês mais impressionantes, a despedida, fotos inéditas, detalhes sobre sua longa discografia etc.

Especial 1

pZ especial de aniversário. Na estrada do rock n’ roll e os maiores discos ao vivo da história do rock escolhidos por você.

por Bento Araujo     07 jul 2014

pZ especial de aniversário
Na estrada do rock n’ roll e os maiores discos ao vivo da história do rock escolhidos por você!
São cinco anos de atividade, trazendo a cada três meses o melhor da música do melhor dos tempos. Para comemorar, nada melhor do que uma edição especial, toda colorida e com 84 páginas, trazendo contos da estrada protagonizados por grandes bandas do rock n’ roll. De quebra, aqui estão os 30 melhores discos ao vivo da história, escolhidos por você no decorrer deste segundo semestre. Para escrever sobre cada um deles, contamos com participações especiais de uma série de convidados ilustres.

Monterey Pop Festival

Grand Funk Railroad (Shea Stadium 1971)

Concerto Latino Americano de Rock (São Paulo 1977) (O Terço, Crucis, Arnaldo & Patrulha, etc.)

Led Zeppelin (Knebworth 1979)

MC5 (Detroit 1968)

Genesis (Brasil 1977)

David Bowie (Londres 1973)

Festivais ao Ar Livre no Brasil dos anos 70 (Iacanga, Saquarema, Guarapari, etc.)

Mamma Mia: the Spaghetti Incidents (Zappa, King Crimson, VdGG)

Quando o bicho pega nos palcos e bastidores (Cactus, Humble Pie, Slade)

30 discos ao vivo que abalaram o rock (segundo os leitores da pZ)
Deep Purple, Allman Brothers, Thin Lizzy, Gentle Giant, Humble Pie, Scorpions (e uma entrevista exclusiva com Uli ‘John’ Roth), Uriah Heep, Lynyrd Skynyrd, Kiss, Rainbow, Iron Maiden, Focus etc.

poeiraCast 42 – NWOBHM + Monsters Of Rock
por Bento Araujo     11 ago 2010
poeiraCast 37 – Ronnie James Dio + Caravan
por Bento Araujo     26 Maio 2010