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Paulo Bagunça e a Tropa Maldita

Uma bagunça podia ser mesmo o que acontecia no quartel general da Tropa Maldita, nos subúrbios cariocas do início da década de 70…

por Ricardo Alpendre     26 ago 2014

Paulo Bagunça LP“Ouvimos muito pouca coisa. Não temos a possibilidade de comprar discos. Então, não sei como recebemos essas influências que nos atribuem. Acredito na existência de espíritos de músicos mortos que transmitem as suas mensagens a músicos que estão vivos e são escolhidos para dar continuidade ao seu trabalho na Terra. Pode ser isso”. Paulo Bagunça, o autor da declaração, era um artista intuitivo, assim como a banda que liderava. Em 1972, ele e A Tropa Maldita já contavam três anos de batalha, não havia ainda sequer um álbum no horizonte, mas o burburinho que eles causavam no meio musical era intenso. Tanto que inúmeras influências lhes eram atribuídas pela imprensa: Jorge Ben, Traffic, Bob Dylan, jazz, música africana e até rocks dos anos 50. Tempos depois, quando enfim a banda conseguiu lançar, pela Continental, o LP homônimo Paulo Bagunça e A Tropa Maldita, o que se pôde ouvir era uma música livre de rótulos e também livre na concepção, mas sempre dentro do gênero black music, com uma atitude roqueira, muita coisa afro presente nas percussões, e pitadas folk.

Uma bagunça podia ser mesmo o que acontecia no quartel general da Tropa Maldita, mas, ao menos, todo mundo tinha que estar em forma: eles ensaiavam e a maior parte dos músicos morava na Cruzada de São Sebastião, um conjunto residencial com dez blocos de sete andares construído como moradia popular para os habitantes de algumas favelas extintas na região entre Leblon e Ipanema, bem no meio de uma das regiões mais sofisticadas do Rio de Janeiro. Como se não bastasse não haver elevador, eles estavam no sétimo andar de um dos blocos. A força de vontade sempre foi a marca registrada da banda. Era comum os músicos voltarem do trabalho diurno e passarem horas ensaiando todos os dias.

Em 1969, Paulo Soares Filho, o Paulo Bagunça, que vinha tocando violão pela Cruzada, reuniu os músicos para um grupo que participaria do Primeiro Festival de Inverno do Teatro Casa Grande, organizado por Haroldo Costa. Inicialmente chamado Os Muruê de Ipanema, depois rebatizado como Patota Maldita e, em seguida, Tropa Maldita, o grupo arrematou o primeiro lugar no festival, com a música “Não Adianta Tu Chorar”. Com outras canções, eles também faturaram o terceiro e quarto lugares. A julgar pelo desempenho, a Tropa vinha mesmo para ficar. As dificuldades apareceram a partir daí. “Depois que ganhamos o Festival, ficou difícil à beça arranjar lugar pra tocar e a gente tava a fim de tocar”, lembrava Bagunça em 1972, em entrevista realizada na Cruzada à primeira versão brasileira da revista Rolling Stone. “Aí, começamos a ensaiar aí por baixo nos blocos, na pracinha. (…) Nós estávamos meio perdidos porque ganhamos o prêmio do Festival e o cara, sei lá, deu trambique na gente, não deu os prêmios, então partimos pra uma de conseguir as coisas sem precisar deles. (…) A gente tinha direito a uma gravação, um compacto na Odeon e uma bolsa de estudos no (conservatório) Villa-Lobos”.

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Johnny Winter, Armageddon, Robert Fripp, Paulo Bagunça e a Tropa Maldita, Link Wray, CSNY, Rock In Opposition, Doobie Brothers, Lucio Battisti, The Open Mind, Pretty Things, Strawberry Alarm Clock etc.

por Bento Araujo     31 jul 2014

JOHNNY WINTER
Calou-se a guitarra de Johnny Winter e com ela se foi um dos mais expressivos talentos do blues rock. A pZ celebra o legado do ícone texano relembrando sua turbulenta carreira dentro do rock e do blues. Da parceria com o irmão Edgar Winter e Muddy Waters até os tempos mais pesados de Johnny Winter And: os shows memoráveis, a repercussão na imprensa através dos anos e seus terríveis problemas com as drogas. Inclui também uma discografia selecionada comentada.

ARMAGEDDON
Em 1975, o surgimento de um supergrupo hard contando com ex-integrantes de bandas como The Yardbirds, Captain Beyond, Johnny Winter And, Renaissance e Steamhammer parecia realmente promissor. Na prática, a história foi diferente… Mas o que deu errado com o ARMAGEDDON? Por que a banda ficou somente num único disco? Talvez as respostas estejam neste texto…

ROBERT FRIPP (Entrevista – primeira parte)
Depois de um longo hiato, o King Crimson está de volta. Robert Fripp acordou sua criatura após uma hibernação de anos e se apresenta com a sua banda, por diversas noites, em Nova York, no próximo mês. Uma turnê pelo mundo deve ser anunciada em breve e parece que a América do Sul está nos planos de Mr. Fripp. Para celebrar essa volta, nos unimos ao jornalista norte-americano Steven Rosen, que entrevistou o “entrevistável” guitarrista em algumas ocasiões no decorrer dos anos. A mais completa, interessante e “difícil” dessas entrevistas aconteceu em 1974, quando o King Crimson estava lançando uma de suas obras definitivas: Red. Parte deste papo foi publicado na revista Guitar Player, há 40 anos, mas nesta edição você confere a primeira parte dessa histórica entrevista, publicada pela primeira vez na íntegra.

PAULO BAGUNÇA E A TROPA MALDITA
Uma bagunça podia ser mesmo o que acontecia no quartel general da Tropa Maldita, nos subúrbios cariocas do início da década de 70. Tempos depois, quando enfim a banda conseguiu lançar, pela Continental, o LP homônimo Paulo Bagunça e A Tropa Maldita, o que se pôde ouvir era uma música livre de rótulos e também livre na concepção. Em sua única e provavelmente limitada prensagem original, acabou ganhando status de raridade, e tornou-se um item de colecionador em nível mundial, alcançando valores compatíveis com algumas das maiores raridades nacionais.

ROCK IN OPPOSITION
Nos anos 70, o rock britânico e norte-americano impunha uma espécie de ditadura musical e cultural. No resto do mundo, muitas bandas viviam à marginalidade, cantando em sua língua e mantendo-se fiel às suas tradições. Essa resistência gerou uma oposição não só estética, mas também política. Sacando essa efervescência, os britânicos do Henry Cow deixaram a Inglaterra e partiram rumo à Europa Continental, onde conheceram inúmeras bandas vanguardistas. Em 1978, já no fim de sua trajetória, o Henry Cow convocou quatro bandas, de quatro países distintos, para um festival em Londres chamado Rock In Opposition (RIO). Após o evento e outros shows espalhados pela Europa, uma espécie de cooperativa foi criada. Novas bandas aderiram ao movimento, porém, mais adiante, o RIO enfraqueceu como organização. Já como fenômeno cultural e subgênero dentro do rock progressivo, continua atraindo seguidores e entusiastas mundo afora. Nesta edição você confere os dez discos essenciais para se aventurar pelo Rock In Opposition.

LINK WRAY
Como se dois grandes nomes das seis cordas não bastassem nesta edição (Winter e Fripp), o pZ Hero da vez é o mega influente Link Wray, simplesmente o pai da distorção no rock ‘n’ roll.

E MAIS:
CSNY, Doobie Brothers, Lucio Battisti, The Open Mind, Pretty Things, Strawberry Alarm Clock etc.