Crazy Horse: I Don’t Wanna Talk About It

Danny Whitten não viveu para ver sua canção se tornar um mega hit

por Bento Araujo     05 jan 2015

Crazy Horse

O soul sempre teve bandas de apoio de primeira linhagem. Booker T. and the MGs, Caledonia Soul Orchestra, Bar-kays e muitas outras. No rock n’ roll, essa ideia de um bando de músicos servindo de apoio a um artista-solo não é tão comum. Pelo menos não funcionando como uma peça unificada, uma banda mesmo.

Normalmente o astro pinça músicos individualmente, mas alguns como Bob Dylan e Neil Young preferem contratar os serviços de uma peça única, nesse caso The Band e o Crazy Horse, respectivamente.

Podemos dizer que a Crazy Horse é uma das mais consistentes bandas de apoio da história. Não só por realizarem aquela troca telepática/musical com seu líder no palco, mas também por terem um trabalho sustentado pelas próprias pernas.

O auto-intitulado álbum de estreia do Crazy Horse é daqueles casos únicos onde se expressa, num único trabalho, toda sua essência e força, compilando sua bagagem de banda de garagem com a experiência que ainda está por vir. No caso do Crazy Horse, a urgência dessa estreia foi tamanha que o grupo nunca mais conseguiu cunhar outro álbum no mesmo nível.

Essa urgência tinha nome, Danny Whitten, o autor da maior parte do material do grupo e de “I Don’t Wanna Talk About It”.

Danny era uma dessas almas atormentadas do mundo da música, um jovem e frágil artista, daqueles com trajetória meteórica, imerso no mundo das drogas.

Em 1971, Whitten já não estava mais preocupado com muita coisa, nem com sua própria música. A ideia inicial de “I Don’t Wanna Talk About It” surgiu com muita facilidade na cabeça de Whitten. O problema maior era a letra. Para ser finalizada, a canção precisava de uma segunda estrofe, necessidade essa jogada num segundo plano pelo seu próprio criador, que depois de alguns meses resolveu chamar Nils Lofgren, outro jovem e competente guitarrista, para dar uma força, afinal de contas, aquela excelente e tocante composição não poderia ficar de fora do álbum.

Lofgren chegou a lembrar a ocasião: “Quando gravamos essa canção, Danny estava bastante debilitado, mas mesmo assim conseguia cantar e tocar normalmente. Engraçado ele ter largado mão de “I Don’t Wanna Talk About It” num certo ponto. A canção ficou jogada de lado e por minha insistência começamos a trabalhar em cima dela novamente, apesar de Danny não se sentir muito confortável com a situação. Ele deixou claro que só continuaria se eu terminasse a letra. Segui em frente e o convenci. A gravação aconteceu muito rápido: sentamos de frente um para o outro, pegamos dois violões e Ry Cooder cuidou do slide”.

A versão de mais sucesso acabou sendo a de Rod Stewart, contida no álbum Atlantic Crossing, lançado em 1975. Whitten não viveu para ver sua canção se tornar um mega hit, pois morreu de overdose, em novembro de 1972.

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