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Banda comemora duas décadas de estrada com quatro lançamentos
Milhares de shows mundo afora, milhares de ingressos vendidos, milhares de discos e downloads comercializados. Não há dúvida que a banda criada por Warren Haynes, Allen Woody e Matt Abts é um fênomeno, ainda mais fazendo o tipo de som que faz. Apostando numa sonoridade típica dos anos 70 e surgindo como um imponente power-trio em seu álbum de estreia, o Gov’t Mule não se parecia com nada do que era feito dentro do rock de 1994.
Com grandes álbuns de estúdio e também belos registros ao vivo, a banda foi conquistando ardorosos seguidores, que consomem avidamente o merchandise do grupo e o áudio dos shows disponibilizados no site deles. É comum se deparar com um apreciador de Gov’t Mule que possui centenas e centenas de gravações de shows, muitos deles sendo verdadeiras celebrações a nomes que serviram de inspiração para Haynes e companhia.
Com o fim do Allman Brothers, Haynes tem agora tempo de sobra para dedicar-se inteiramente ao seu, originalmente, “projeto paralelo”. E o timing não poderia ser melhor, já que 2014 marca os 20 anos de Gov’t Mule.
Além de apresentações pelos EUA e a tradicional série de shows anuais na Jamaica (Gov’t Mule’s Island Exodus), o grupo está comemorando seus 20 anos com nada menos que quatro lançamentos especiais para os próximos meses.
O primeiro deles é Stoned Side of the Mule Vol.1, uma edição especial em vinil para o Record Store Day do Black Friday, com a banda executando ao vivo alguns dos clássicos dos Rolling Stones. Dark Side of the Mule é o segundo lançamento, em CD, DVD, LP e Download, contendo uma apresentação de três horas do Mule, realizada em Boston, tocando material do Pink Floyd. Dub Side of the Mule sai no início do ano e mostra o grupo praticando uma de suas paixões, o reggae, ao lado de um ícone do gênero, o jamaicano Toots Hibbert, líder do Toots & The Maytals. E o último lançamento dessa primeira leva será Sco-Mule, uma apresentação do Gov’t Mule com o guitarrista John Scofield, com quem eles inclusive irão excursionar em fevereiro.
“Esses lançamentos ao vivo, direto dos nossos arquivos, ampliam o conceito de mostrar as nossas influências e deixar claro que foram essas influências que fizeram o Gov’t Mule ser o que é. Esses novos álbuns mostram também o quão longe a banda chegou até agora, desde o nosso primeiro trabalho”, afirma um orgulhoso Warren Haynes.
Para saber mais fique atento ao mule.net.
O show no Fox Theatre contará ainda com Charlie Daniels, Warren Haynes e Cheap Trick.
Em 1976, nos shows em que foi gravado o LP duplo ao vivo One More from the Road, o Lynyrd Skynyrd fez parte de uma extensiva campanha para salvar o Fox Theatre de Atlanta, Georgia.
Neste ano, quase quatro décadas depois, o Fox sediará um concerto de celebração da história do grupo de Jacksonville, Florida, que tem tanta importância na casa.
Está anunciado para a noite de 12 de novembro o show One More for the Fans. Além da banda que está excursionando extensivamente pelos Estados Unidos, haverá participações de Gregg Allman, Charlie Daniels, Peter Frampton, Warren Haynes, John Hiatt, Cheap Trick e Donnie Van Zant, entre outros, além de Trace Adkins e do grupo Alabama – que aparecem em destaque sobre todos os outros convidados no site do Fox.
O público em geral poderá comprar ingressos a partir de 18 de agosto. Já os “vips” dispostos a desembolsar mais de mil dólares podem há alguns dias comprar ingressos em área privilegiada, num pacote que inclui vários brindes.
As aventuras do editor da pZ em New Orleans
Gov’t Mule – Mahalia Jackson Theater, New Orleans (30/04/2010)
Texto e fotos de Bento Araujo
O show extra dos shows extras. Confesso que não pude conter a euforia assim que tomei conhecimento do fato que o Gov’t Mule iria se apresentar num teatro durante o Jazz Fest. Além que assistir a banda no Festival eu ainda teria a possibilidade de conferir o (longo) show completo dos caras, com as tradicionais jams, covers, canjas e tudo mais… Além disso, o show extra da banda durante o Jazz Fest em New Orleans é uma tradição que já dura cerca de dez anos, e foi exatamente numa dessas ocasiões que o grupo registrou seu CD/DVD The Deepest End, com diversos baixistas convidados, em 2003. Como todo bom fã eu costumo acessar com bastante frequência o excelente site da banda, então esse foi outro show que garanti com antecedência.
O Mahalia Jackson Theater foi o primeiro teatro da cidade a reabrir após a devastação do furacão Katrina e é considerado pela banda e pelos die hard fans como um dos três locais preferidos para os longos shows promovidos por eles pelo país.
Chegando no local, passamos na inevitável banca de merchandising, para adquirir camisetas e principalmente o pôster oficial (e psicodélico) do evento daquela noite, numerado e assinado pelo autor (agora ele está na sala de casa, é claro). Enquanto isso, corremos para os nossos assentos, pois no palco estavam os 7 Walkers, banda que conta com Bill Kreutzmann (ex-Grateful Dead) e Papa Mali, além de apresentar letras fresquinhas de Robert Hunter (o letrista oficial do Dead). Para essa “perna” da tour deles, um convidado muito especial no baixo: George Porter Jr. (The Funky Meters).
Depois de um breve intervalo o Gov’t Mule subiu ao palco e ouvimos os primeiros acordes de “Railroad Boy”, uma das faixas mais legais do disco novo da banda. Em seguida, tivemos uma versão irretocável de “Gameface”, do álbum Dose. Foram mais de dez minutos de arregaço, pra já ir deixando todo mundo no clima e a par do que estaria por vir… A terceira faixa da noite foi o que podemos dizer como algo surpreendente: “Since I’ve Been Loving You”, do Led Zeppelin, o melhor blues branco já cunhado nesse planeta chamado Terra. O cover do Led foi seguido por “No Need To Suffer”, do injustiçado grande álbum Life Before Insanity.
Três do disco novo (“Frozen Fear”, “Steppin’ Lightly”, “Any Open Window”), a belíssima “Banks of The Deep End” e “Kind of Bird” encerraram a primeira parte do show. Essa última é um original de Warren Haynes e Dickey Betts que apareceu pela primeira vez no álbum Shades Of Two Worlds, do ABB. Ela também está no Live at Roseland Ballroom do Mule e nessa noite recebeu uma de suas mais inspiradas versões, com 14 minutos de muito improviso.
O som estava perfeito, com Warren Haynes e Matt Abts brilhando como de costume, assim como Danny Louis nos teclados e até guitarra base e Jorgen Carlsson no baixo, que claro, não é nem uma fagulha do que foi Allen Woody, mas segura a onda numa boa. Depois daquela intensidade toda, Warren avisou que teríamos um intervalo antes da “segunda entrada” da banda, tempo de ir ao banheiro e pegar mais uma cerveja…
Para a segunda parte, fizemos uma pequena loucura (principalmente em se tratando de um show no primeiro mundo). Descemos pelo corredor do teatro até encostar a mão no palco e ali permanecemos na maior cara de pau, porém sem atrapalhar ninguém, há apenas alguns metros de Warren e Abts. Logo o pessoal mais freak começou a se juntar ali também, para dançar e curtir o show mais intensamente. Para nossa sorte, nenhum segurança veio nos tirar daquele posto privilegiado. Era uma loucura, drogas por todo lado e uma garota que estava “ficando” com pelo menos três caras diferentes ao mesmo tempo! Free love total, sixties a beça…
Nesse pique levamos uma bordoada nos sentidos, uma versão de 17 minutos para “When The Music’s Over” dos Doors. Quando Warren gritou “We want the world and we want it…Noooooowwww” parecia que mais um Katrina estava passando pelo Mahalia Jackson Theater… Tinha um coroa que estava tão stoned, que enquanto o som rolava ele deitava e abraçava o palco! Surreal!
A agitada e animada “Slackjaw Jezebel” foi a segunda faixa da segunda entrada, logo emendada na grande balada “Fallen Down”. Em “The Other One Jam”, Warren ecoou versos de “Gimme Shelter” dos Stones, antes de partir para uma versão com um novo e agradável arranjo para “The Shape I’m In”, clássico da The Band.
Foi a deixa para o fabuloso solo de bateria de Matt Abts, bem na pegada Bonham, com ele abusando de viradas clássicas do mestre, “trocando os braços” no ar e abandonando as baquetas para tocar com as mãos. A noção de ritmo de Abts é algo de outro mundo e ele ainda teve a manha de começar seu solo com uma levada jazz que muitos poucos bateristas de rock sabem fazer e terminou tudo detonando no djembê, instrumento de percussão africano.
A próxima da noite foi a instrumental “Sco-Mule” com canja de Eric Krasno (olha ele aí de novo!) na guitarra. Brian Stoltz (ex-guitarrista dos Meters) subiu ao palco para “Feel Like Breaking Up Somebodies Home”. Ali ele permaneceu para a canção seguinte, “32/20 Blues”, que também contou com Ivan Neville nos teclados. A última da noite foi “Broke Down On The Brazos”, a primeira do disco mais recente deles, e que em sua versão de estúdio conta com a guitarra de Billy Gibbons do ZZ Top.
Estava terminado, foram exatas três horas de show! Um exemplo perfeito do que é um tradicional show do Gov’t Mule… Deu vontade de largar tudo e virar roadie dos caras, apenas pra assistir mais shows desses pelos EUA. Será que eles estão precisando de um roadie? Alguém aí quer assumir a pZ?