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Paramount na veia

Third Man Records homenageia histórico selo de jazz e blues

por Ricardo Alpendre     20 fev 2015

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A Paramount Records foi um selo surgido por acaso, como ramificação de uma fábrica de móveis do Wisconsin, EUA, que fez alguns gabinetes para gramofones da Edison Records. Considerando a chance de prosperar no então ascendente mercado fonográfico a partir de 1917, o selo logo achou seu nicho: race music (música “de raça”), nome dado à música popular negra – ainda levaria mais de 30 anos até que Jerry Wexler, redator da Billboard no final dos anos 1940, cunhasse a expressão rhythm and blues para designar a música feita pelos negros.

Aproveitando a grande onda de migração de afro-americanos do sul para o norte do país, a Paramount fez de sua especialização uma bênção. Em poucos anos, ela se tornou uma pequena grande gravadora, licenciando fonogramas gravados no sul com a música de novos talentos e contratando alguns dos artistas diretamente. Feras do jazz como Louis Armstrong, King Oliver, Jelly Roll Morton e Fats Waller; do blues, como Charley Patton, Blind Lemon Jefferson, Son House e Skip James; grandes cantoras como Ma Rainey, Alberta Hunter e Ethel Waters; todos esses e muitos outros tiveram seus nomes e performances eternizadas nos discos de 78 rpm da Paramount. A Third Man Records, em colaboração com a Revenant Records, acaba de lançar o segundo e último volume de sua impecável retrospectiva do selo.

Impecável é pouco. Prepare o seu coração: é na verdade irresistível. Por 400 dólares, o sortudo consumidor pode adquirir cada um dos volumes da edição “The Rise and Fall of Paramount Records”. Cada um deles tem seis LPs prensados em vinil de 180g, além de um dispositivo USB com design exclusivo contendo música digitalizada, num total de 800 músicas. Ou seja: 1600 músicas, somando os dois!

Inclusos ainda estão, em cada volume, dois livros, reproduções de anúncios de jornal e outros itens da tão bem-vinda memorabilia. E tem ainda as embalagens: O volume 1, que cobre o período 1917-21, vem numa caixa de madeira feita à mão; o volume 2, de 1928 a 1932 (quando a Grande Depressão levou a gravadora à falência), vem em um estojo de alumínio polido.

Atualmente os dois já podem ser encomendados pela internet, no site da Third Man Records: thirdmanrecords.com. As edições são limitadas.