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The Nice: The Thoughts Of Emerlist Davjack (1967)

A estreia do The Nice mostrou ao mundo um novo estilo de fazer rock, mesclando a música jovem do período com a erudição de seus integrantes, dentre eles o tecladista Keith Emerson

por Bento Araujo     11 mar 2016

The NiceA estreia do The Nice em vinil mostrou ao mundo um novo estilo de fazer rock, mesclando a música jovem do período com a erudição de seus integrantes, dentre eles o tecladista Keith Emerson, que anos depois fundaria o Emerson Lake & Palmer. Mas as primeiras sementes do que viria a ser o rock progressivo foram plantadas em 1967, com The Thoughts Of Emerlist Davjack.

A História
Ao lado de bandas como Beatles, Procol Harum, Moody Blues e Pink Floyd, o The Nice carrega consigo o mérito de ter sido uma das primeiras bandas a praticar aquilo que viria a ser chamado anos mais tarde de rock progressivo. The Thoughts Of Emerlist Davjack foi o primeiro trabalho do grupo e se tornou um dos pilares do gênero, com suas ousadas fusões de rock com jazz, psicodelia e música erudita. Em contraponto a toda essa “seriedade” em estúdio, os shows da banda tornaram-se violentos, barulhentos e intensos, com Emerson abusando de distorções e feedback e ainda atacando, ou até esfaqueando, o seu Hammond. A banda foi descoberta e empresariada por Andrew Loog Oldham e foi batizada por P.P. Arnold e Steve Marriott.

A Capa
A foto contida na capa do álbum foi clicada pelo renomado fotógrafo britânico Gered Mankowitz, que trabalhou também com artistas e bandas como Rolling Stones, Jimi Hendrix, Free, Traffic, The Yardbirds, The Small Faces, Soft Machine, Slade, Sweet, Elton John etc. A foto gerou polêmica, pois trazia o quarteto nu, enrolados somente em papel celofane. O design ficou a cargo de Derek Burton, que escreveu o nome do disco e da banda numa tipografia psicodélica e colorida.

Cinco Fatos
1) O pseudônimo Emerlist Davjack foi criado através de uma combinação dos últimos nomes dos integrantes do conjunto: Keith Emerson, David O’List, Brian Davison e Lee Jackson.

2) Uma das faixas mais ousadas do disco foi batizada de “Rondo”, mas é, na verdade, uma readaptação para o clássico “Blue Rondo à la Turk”, de Dave Brubeck. Essa versão inclui também trechos de “Toccata & Fugue in D Minor”, de Bach.

3) The Thoughts Of Emerlist Davjack foi o único disco do Nice como quarteto. Logo depois eles se transformaram num trio com a saída de David O’List.

4) O disco consistia basicamente do mesmo set de músicas que a banda apresentava ao vivo e foi um fracasso de vendas em 1967. Porém, foi relançado diversas vezes, vendendo consideravelmente mais nessas ocasiões.

5) O astro teen do selo Immediate na época, Billy Nichols (aquele do álbum Would You Believe), faz vocais de apoio na faixa título, mas não foi creditado.

O que foi dito na época
“Abarrotado com oito longas faixas, esse disco é o que escutamos de mais original nos últimos tempos. Sem dúvida, um tema que se destaca é ‘Rondo’, uma instrumental de oito minutos que faz eletricamente o que Dave Brubeck vem tentando há anos – cobrir a lacuna entre o pop e o erudito. Essa é uma progressão criativa que vale a pena ser ouvida”.
Disc & Music Echo (9/3/1968)

O que dizemos hoje
O Nice sabia experimentar e criar música corajosa e peculiar. Outra sacada da banda em The Thoughts Of Emerlist Davjack foi manter o senso melódico por cima de densos arranjos progressivos. Mesmo sendo completamente inexperientes em estúdio, conseguiram inovar, apesar do desconforto de não contar com uma plateia para conferir as estripulias dentro da sala de gravação. Passou ligeiramente despercebido em 1967, mas ganhou imensa estatura no decorrer dos anos.

Fã ilustre
Chris Welch

Nas próprias palavras
“Gostamos de fugir da convencional combinação de acordes. Creio que é possível chamar o que fazemos de pop surrealista. Tenho uma abordagem erudita, mas, veja bem, se Bach estivesse vivo, ele estaria tocando como Keith Jarrett”.
Keith Emerson (1968).

As consequências
Depois do disco, o Nice partiu numa lendária tour ao lado de Jimi Hendrix, Pink Floyd, The Move e Amen Corner. Contrataram Lemmy como roadie, que até emprestava suas facas alemãs para Emerson atacar seus teclados. Chegaram a pensar em chamar um jovem Steve Howe para a banda, mas acabou não rolando. Lançaram mais quatro discos até 1971, quando se separaram devido à falta de reconhecimento e sucesso. Das cinzas do grupo surgiram outras bandas como ELP, Jackson Heights e Refugee. Em 2002, a banda voltou a se reunir para uma série de apresentações.

Indicado para fãs de:
The Moody Blues, ELP, Pink Floyd, Procol Harum, The Move.

Os Detalhes
Gravado: setembro-outubro de 1967
Data de lançamento: dezembro de 1967
Selo: Immediate (IMSP 016)
Duração: 37:50
Produtor: Emerlist Davjack
Músicos: Keith Emerson (órgão, piano, harpsichord, vocais), Lee Jackson (baixo, guitarra, vocais, timpani), David O’List (guitarra, trompete, flauta, vocais) e Brian Davison (bateria, tubular bells, timpani)
Estúdios: Olympic Studios (Londres, UK)

Posição mais alta nas paradas
Nenhuma

Singles
“The Thoughts Of Emerlist Davjack / “Azrial (Angel Of Death)” (1967)

Tracklist
“Flower King of Flies”, “The Thoughts of Emerlist Davjack”, “Bonnie K”, “Rondo”, “War and Peace”, “Tantalising Maggie”, “Dawn” e “The Cry of Eugene”.

Artigo originalmente publicado na pZ 58

pZ 58

Aeroblus, The Nice, Zior, Trust, Graham Nash, Edy Star, Necro, Marvin Gaye, discos de jams etc.

por Bento Araujo     02 fev 2015

AEROBLUS
O único disco lançado pelo Aeroblus, em 1977, foi um marco do rock dos anos 70 – abrindo caminho para uma série de bandas pesadas do rock latino-americano. Foi também o elo entre o rock argentino e brasileiro do período, já que a banda contava com dois argentinos (Pappo e Alejandro Medina) e um brasileiro (Rolando Castello Junior). Junior e Medina nos ajudaram a contar a intensa e turbulenta trajetória do Aeroblus. Inclui fotos raras, memorabilia do período, detalhes sobre o novo disco da banda (recheado de raridades da época) e um artigo sobre as passagens do guitar hero argentino Pappo pelo Brasil.

THE NICE
A estreia do The Nice em vinil mostrou ao mundo um novo estilo de fazer rock, mesclando a música jovem do período com a erudição de seus integrantes, dentre eles o tecladista Keith Emerson, que anos depois fundaria o Emerson Lake & Palmer. Mas as primeiras sementes do que viria a ser o rock progressivo foram plantadas em 1967, com The Thoughts Of Emerlist Davjack.

NAPOLEON MURPHY BROCK
Ele atendeu a pZ pessoalmente para um longo e descontraído papo, numa chuvosa tarde de verão, em meio a uma feijoada e cerveja gelada. Napoleon veio ao Brasil fazer duas concorridas apresentações com a banda Let’s Zappalin’, liderada pelo guitarrista Rainer Tankred Pappon, ex-integrante da The Central Scrutinizer Band. O ex-vocalista, saxofonista, dançarino e divertidíssimo frontman dos Mothers (of Invention), de Frank Zappa, participou das gravações de discos emblemáticos como Roxy & Elsewhere, One Size Fits All, Bongo Fury, Apostrophe (‘), Zoot Allures, Sheik Yerbouti, Them or Us e Thing-Fish e contou histórias reveladoras nesta entrevista exclusiva.

ZIOR
De uns anos pra cá, os fãs de heavy metal passaram a buscar as origens de seu tão amado gênero de preferência. Riffs neolíticos, visual tenebroso e a famigerada temática satânica. Essa combinação tão festejada teve sua origem em finais dos anos 60 dentro do rock. Black Sabbath, Black Widow e Coven são nomes cultuados dentro dessa seara, mas os britânicos do Zior continuam, inexplicavelmente, fora desse culto. Aqui está a história completa da banda, incluindo um especial sobre o selo Nepentha, que lançou o Zior na época.

EDY STAR
Único integrante vivo da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, o glamouroso e indomável Edy Star atendeu a pZ para um memorável bate-papo. A partir deste encontro, passamos para o papel a trajetória do artista, que, em 1974, lançou seu clássico álbum Sweet Edy…

GRAHAM NASH
O nosso pZ Hero desta edição é um músico capaz de fazer parte do que de melhor existe no pop e rock inglês e americano, com identidade diversificada, mas sempre inconfundível em sua voz de tenor. Graham Nash é um desses artistas que mostram que o rock também pode ter sintonia fina.

TRUST
No universo do rock pesado, o Trust sempre foi mencionado graças a sua associação direta com três nomes: AC/DC, Iron Maiden e Anthrax. Servindo de parceria, ou influência, o Trust marcou quem viveu o rock do início dos anos 80. Nem a barreira da língua foi capaz de prevenir o sucesso do grupo francês em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, as cópias importadas de seus elepês eram disputadas no braço. O artigo inclui discografia básica selecionada e fotos raras do período.

DISCOS DE JAMS
Dois nomes do rock norte-americano, Grateful Dead e Allman Brothers Band, lançaram o modelo para as futuras gerações de jam bands. Os discos de estúdio não eram lá tão festejados, mas os registros ao vivo viravam febre e uma espécie de culto passou a acontecer nas apresentações dessas duas bandas. Neste especial selecionamos dez álbuns contendo jams, lançados bem antes da explosão das jam bands dos anos 90, mas que serviram de cartilha para as gerações seguintes. Estrelando: Grateful Dead, Allman Brothers Band, Al Kooper, Moby Grape, Stones, Zappa, Area Code 615, Cosmic Travellers, Cosmic Jokers etc.

PÉROLAS ESCONDIDAS
Climax, The Unfolding, Cai, Burnin Red Ivanhoe, Country Weather e Perigeo.

E MAIS:
Joe Cocker, Necro, Vento Motivo, Bobby Keys, Ronnie Self, Demis Roussos, Os Depira, Edgar Froese, Lincoln Olivetti, Marvin Gaye, Kim Fowley, Gil & Gal, Radio Birdman, Gryphon, Patrulha do Espaço, The Standells etc.

pZ 16

Duane Allman, Vanilla Fudge, Tim Buckley, The Nice, Ten Years After, The Electric Prunes, Moby Grape, Them, Captain Beefheart, Amon Düül, Stevie Ray Vaughan, Zombies, Curtis Mayfield, Tom Zé, Euphoria, Strawberry Alarm Clock, O Peso etc.

por Bento Araujo     07 jul 2014

DUANE ALLMAN
São dez páginas dedicadas ao músico e a sua obra musical. Na matéria você confere uma discografia comentada dos trabalhos principais de Duane, detalhes sobre seu equipamento, seu encontro histórico com Eric Clapton, sua morte trágica e inesperada e como ele transformou um vidrinho de remédio no mais conceituado slide do mundo guitarrístico.

1967
Temos também um especial que aborda alguns clássicos esquecidos lançados em 1967: Vanilla Fudge, Tim Buckley, The Nice, Ten Years After, The Electric Prunes, Moby Grape, Them, Captain Beefheart, etc.

AMON DUUL
Uma pitada de Krautrock aparece na matéria do Amon Düül, uma banda/comunidade que deu o que falar na Alemanha dos anos 60 e 70.

E Mais: Stevie Ray Vaughan, Zombies, Curtis Mayfield

Capas Históricas: Todos os Olhos (Tom Zé)

Canções que Mudaram o Mundo: I Don’t Wanna Talk About It (Crazy Horse)

Pérola Escondida: Euphoria

Have a Nice Day: Strawberry Alarm Clock / O Peso