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Raridade de uma galáxia distante

Único trabalho do grupo The Galaxies ganha reedição caprichada em vinil

por Bento Araujo     14 out 2015

The-GalaxiesLançado originalmente pelo selo Som Maior, enquanto a psicodelia brasileira ainda dava seus primeiros passos, o único disco raríssimo dos Galaxies inovou em muitos sentidos. Primeiramente pela qualidade da gravação, mas também pelos arranjos vocais e pela escolha do repertório apresentado.

Os Galaxies eram formados pelo inglês David Charles Odams (guitarra e vocal), pela sua esposa americana Jocelyn Ann Odams (maracas e vocal) e pelos brasileiros Alcindo Maciel (baixo e vocal) e Zeca de Aquino (guitarra e bateria). Com dois integrantes habituados à língua inglesa, não existia sotaque na música do grupo – quem escutou o disco em 1968 pensava que o conjunto era mesmo inglês, ou norte-americano.

As vocalizações, influenciadas pelo sunshine pop do período, soaram como um passo adiante dentro do rock brasileiro. Adicione o fato de que a banda ainda apresentou o Love, de Arthur Lee, aos jovens brasileiros, regravando duas de suas canções: “Orange Skies” e “Que Vida”. Além de outras covers para Donovan, Unit 4 + 2, Keith, Willie Dixon/The Yardbirds, The Galaxies também trazia composições autorais, como “Hey!!!”, “Linda Lee” e “Slow Down Baby”. Outro diferencial do álbum eram as guitarras, bem executadas e gravadas pela dupla de guitarristas citada acima e também por Carlos Eduardo Aun, o Tuca, que havia passado pelos Os Lunáticos e naquela altura tocava nos Baobás. Tuca também toca no disco, mas não foi creditado.

Essa reedição oficial e limitada de 500 unidades dos selos Record Collector Brasil e 180 Selo Fonográfico traz duas faixas bônus (“Hey!!!” e “Happy Together”) inéditas e exclusivas, ambas extraídas de um acetato que permaneceu intocado por 45 anos. O LP, prensado no leste europeu em vinil de 180 gramas e com tecnologia DMM, ainda traz um encarte caprichado com fotos raras e a história da banda, tudo com declarações e a supervisão de Zeca de Aquino, baterista dos Galaxies.

Vale lembrar também que esta reedição está infinitamente superior àquela realizada em 2002 pelo selo italiano Misty Lane Records, em vinil de 10 polegadas, com oito faixas apenas ao invés das 12 canções do elepê original.

Os selos Record Collector Brasil e 180 Selo Fonográfico também já anunciaram os seus próximos projetos, lançamentos e relançamentos de álbuns de Raul Seixas, Leno e Los Shakers.

Para saber mais acesse recordcollector.com.br e selo180.com.

pZ 62

Canned Heat, Foghat, Terreno Baldio, Gillan, Pax, Tomorrow, Mark Farner, Mitch Mitchell etc.

por Bento Araujo     07 out 2015

CANNED HEAT
Quando o assunto é o blues pesado, branco e elétrico dos anos 60, todos se lembram geralmente das bandas britânicas: Cream, Fleetwood Mac, Ten Years After, Savoy Brown, Chicken Shack e muitas outras. Mas no país que inventou e disseminou o blues, os Estados Unidos da América, a revolução também estava acontecendo em meados daquela década, com nomes como Paul Butterfield Blues Band e Canned Heat. Eric Clapton, Peter Green, Alvin Lee, Kim Simmonds e Stan Webb podiam muito bem conhecer o gênero que tanto apreciavam, mas os dois fundadores do Canned Heat, Bob Hite e Alan Wilson, possuíam mais do que uma paixão pelo blues, possuíam um conhecimento enciclopédico do gênero. Talvez por essa razão que o Canned Heat seja considerado o grupo branco de rock que mais se especializou em atualizar antigas e obscuras gravações do blues. Além dessa muito peculiar e preciosa interpretação, o Canned Heat ainda promoveu, como nenhuma outra banda de sua geração, o interesse do público com os artistas originais do blues. Em sua trajetória foi comum o grupo gravar e colaborar com ícones do gênero, ajudando-os a ganhar novamente alguma notoriedade dentro do grande público.

GILLAN
Ian Gillan completou 70 anos de idade. Será lembrado para sempre como o vocalista do Deep Purple, mas teve uma passagem relâmpago pelo Black Sabbath que gerou um dos maiores álbuns da história do heavy metal (Born Again, 1983), foi vocalista do Episode Six e protagonizou uma extensa, porém subestimada carreira solo. Além de discos como artista solo, fundou duas bandas que carregavam seu nome: Ian Gillan Band e Gillan, ambas representando fielmente o período em que atuaram. A primeira apostava numa sonoridade fusion típica do fim dos anos 70, a segunda navegava dentro da estética do heavy metal e da NWOBHM, populares no início da década de 80. Gillan, a banda, durou cinco anos (1978-1982) e deixou seis álbuns para a posteridade. Na época fizeram sucesso na Europa e no Japão, mas nunca tiveram penetração no mercado norte-americano, ao contrário de bandas de outros ex-integrantes do Deep Purple, como Rainbow e Whitesnake. Aproveitando as sete décadas de vida do Silver Voice, a pZ relembra os cinco gloriosos anos da banda Gillan.

TERRENO BALDIO
A trajetória de um dos pilares do rock progressivo brasileiro dos anos 70. Os discos, as apresentações e todas as aventuras da banda de Roberto Lazzarini, João “Fusa” Kurk e Mozart Mello.

MARK FARNER (ENTREVISTA)
O líder, vocalista, guitarrista e principal compositor do Grand Funk Railroad falou com a pZ em três ocasiões. Somente uma dessas entrevistas foi publicada, na edição #40, quando Mark Farner estava arrumando as malas para vir se apresentar pela primeira vez no Brasil e nos atendeu via telefone. As outras duas entrevistas foram feitas pessoalmente, quando o músico esteve em São Paulo, mas, por alguma razão, permaneceram inéditas até agora. A primeira delas aconteceu em 2012, no quarto de hotel de Mark e a segunda em 2014, no bar do hotel onde ele estava hospedado. O que você confere nesta edição é um compilado do que de mais interessante rolou nessas duas conversas. A ocasião é propícia, principalmente porque o guitarrista acaba de lançar o seu mais novo trabalho, MF 432, um EP de quatro faixas.

FOGHAT
Nesse número trazemos também uma banda que nasceu inspirada no blues, o Foghat, que surgiu das raízes do Savoy Brown, um dos pilares do blues britânico dos anos 60.

PAX
O rock sulamericano dos anos 60 e 70 está recheado de figuras chave, ícones que na época romperam barreiras com sua música e atitude. Se fora de seus países o reconhecimento ainda é tímido, regionalmente essas figuras icônicas são tratadas com reverência. É exatamente este o caso do fundador do Pax, Enrique “Pico” Ego-Aguirre, guitarrista, compositor e produtor nascido em Lima, Perú. O grupo lançou um único trabalho, em 1970, que rivaliza com clássicos de nomes como Black Sabbath e Deep Purple.

TOMORROW
Uma das maiores forças do underground britânico da década de 60, o Tomorrow lançou dois fulminantes compactos no Verão do Amor. O disco completo veio somente muitos meses depois, quando a febre psicodélica já havia passado. Mas, como legado, ficou esta pequena obra-prima e a popularidade que alguns de seus integrantes conquistariam em diversas bandas nos anos seguintes.

MITCH MITCHELL
O baterista do Experience nasceu em 9 de julho de 1947, em Ealing, Middlesex, Inglaterra, e escreveu seu nome com letras garrafais na história do rock. É o nosso pZ Hero da vez.

E MAIS:
The Galaxies, Lowell George, Paulo Bagunça, Bruce Palmer, Life, The Charlatans, Trader Horne, Racing Cars, Renato Ladeira, Dwight Twilley, Catherine Ribeiro + Alpes, Józef Skrzek, Lothar And The Hand People etc.