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Steve Marriott na Tela

Crowdfunding viabiliza tocante homenagem ao vocalista do Small Faces e Humble Pie

por Bento Araujo     01 abr 2016

Steve MarriottJulho de 1985. Enquanto o Live Aid acontece simultaneamente nos EUA e na Inglaterra, mobilizando a atenção de milhares de pessoas mundo afora e até mesmo reunindo bandas que não mais existiam (Led Zeppelin etc.), Steve Marriott se encontra tomando todas num pub. O ex-vocalista e guitarrista do Small Faces e do Humble Pie aguarda a chegada de sua banda de apoio, para se apresentar diante de meia dúzia de bêbados. Amargurado, frustrado e embriagado, Marriott encontra um jovem Mod, que acaba restaurando a sua fé.

A sinopse promete e Midnight Of My Life: A short film about Steve Marriott anda levando os fãs de Marriott às lágrimas pela Europa, onde foi exibido em diversos festivais.

Midnight Of My Life acabou de ser lançado em formato download e foi concretizado graças a um crowdfunding entre os fãs do cantor. A direção é de Phil Davis (Chalky, no filme Quadrophenia), o papel de Marriott foi encenado pelo astro Martin Freeman (The Office, Sherlock, The Hobbit etc.), o roteiro é de Nina Gerstenberger e a trilha ficou a cargo de Andy Bell (Oasis, Beady Eye) – todos ardorosos fãs do vocalista, morto em 1991.

Freeman comentou recentemente sobre o seu papel: “Marriott vem sendo uma grande figura na minha vida, desde a adolescência. Ele é simplesmente um dos meus artistas favoritos. Eu sempre desejei interpretar Steve e algumas pessoas também me sugeriram isso…”.

Como diz o release, Midnight Of My Life: A short film about Steve Marriott é um pungente estudo sobre talento, envelhecimento e o que realmente significa “sucesso”.
Para comprar o download do filme, você pode pagar o quanto desejar.

Faça o download no midnightofmylife.vhx.tv

A despedida de Peter Frampton do Humble Pie

O guitarrista deixou o Humble Pie após o duplo ao vivo Performance: Rockin’ The Fillmore, registrado em maio de 1971

por Bento Araujo     22 abr 2015

Humble PieEm janeiro de 1971 o Humble Pie lançou Rock On, que foi o primeiro disco da banda a sair no Brasil, em versão mono e embalada na gloriosa “capa sanduíche”. O material do álbum vinha sendo ocasionalmente apresentado durante as tours americanas e isso deu uma certa força e direção ao trabalho, que mostrava um Pie cada vez mais pesado e confiante. Surtos de excesso de confiança passavam a acometer Steve Marriott, que para as gravações transformou o Olympic Studios numa imensa festa, com participações de cantoras negras como PP Arnold, Doris Troy e Claudia Lennear.

Marriott resolveu assumir a liderança do grupo, afinal de contas ao vivo ele era o mestre de cerimônias da festa, encantando a todos com sua voz de alma negra. O empresário Dee Anthony por sua vez admirava cada vez mais essa atitude do vocalista, porém, dentro da banda, as coisas começaram a mudar e a primeira crise interna surgiu: Frampton queria mais destaque e não se sentia muito confortável com o novo comportamento mais explosivo e ditatorial de Marriott.

Curioso o fato de Marriott apresentar uma atitude mais reflexiva e contida nos primeiros dias de Humble Pie, essa que combinava perfeitamente com o comportamento, digamos, até tímido de Frampton. Por volta de 1971, com o lançamento de Rock On, o sangue de Marriott voltou a ferver e sua autoconfiança estava mais forte do que nunca. Peter Frampton foi o primeiro a sentir o baque: “Steve não estava preparado para dividir os holofotes com mais ninguém além dele mesmo. O Pie passava a ser a “sua banda” e não mais a “nossa banda”. A direção musical do grupo também estava ficando cada vez mais pesada e aquilo não era a minha onda”.

Frampton ainda participaria de mais um álbum, o excepcional duplo ao vivo Performance: Rockin’ The Fillmore, registrado em maio de 1971, quando a lendária arena de Bill Graham estava para fechar suas portas. Quando a bolacha chegou às lojas, Frampton já estava fora do time, e de forma acrimoniosa: “Chegou num ponto onde tínhamos dois líderes no grupo, eu e Steve, sendo que ele gritava muito mais alto do que eu! O Pie começou de forma extremamente democrática, tudo o que qualquer um de nós compunha acabava entrando em disco, não tínhamos restrições. Quando começamos a tocar bastante pela América, as relações ficaram mais estreitas entre a gente e era óbvio o que a platéia de lá queria, rock pesado e blues, que eu adorava, mas eu também estava compondo dentro de outros estilos diversos como jazz e r&b. Não havia mais espaço para esse tipo de sonoridade dentro daquele grupo. Então musicalmente eu estava completamente frustrado. O Humble Pie foi um grande aprendizado para mim, mas com a idade chegando eu fui mudando e aquilo não fazia mais sentido.Tentei explicar a eles os meus planos e a minha atitude de deixar o grupo, mas eles não quiseram entender e ficaram malucos comigo. Devo admitir que nunca me arrependi dessa decisão”.

Antes de Frampton partir, o Humble Pie fez os dois maiores shows de toda a sua carreira, ambos abrindo para o Grand Funk Railroad. O primeiro deles foi diante de mais de 50 mil pessoas no Shea Stadium, em NY, naquele famoso show onde o Grand Funk quebrou o recorde dos Beatles na rapidez da venda dos bilhetes. O segundo foi no Hyde Park, em Londres, para quase 100 mil pessoas. Foi nesse show aliás que a platéia britânica sacou pra valer a força do Pie no palco. Foi nessa ocasião que o grupo passou a ser mais respeitado em casa. A imprensa por sua vez começava a comparar o Humble Pie com o Grand Funk, com Marriott se defendendo, dizendo que já fazia esse som pesado muito antes da banda americana. Apesar da polêmica, Marriott e Frampton aprenderam bastante com o Grand Funk, como o próprio Frampton declarou, dizendo que assistir Mark Farner no palco todas as noites foi um belo aprendizado em termos de como se comunicar com a audiência.

Voltando a crise dentro do Pie, a gota d’agua entre Marriott e Frampton aconteceu quando esse último recusou-se a comparecer num ensaio do Humble Pie, optando por ir assistir a um concerto do Who no Royal Albert Hall. Marriott ficou extremamente furioso com a atitude displicente do guitarrista, pois trabalho com o Pie era sempre a prioridade de todos os envolvidos. Quando se encontraram depois do show do Who, Marriott concordou mesmo em deixar Frampton partir e fez questão de “demiti-lo” do grupo. Na verdade Frampton estava doido para ouvir isso… A situação estava impraticável entre a dupla, sendo que Frampton chegou a declarar para a Rolling Stone em 1977 que, durante aquela semana de shows no Fillmore, Marriott costumava urinar dentro do guarda roupa de Frampton só de raiva, como uma espécie de retaliação a atitude do guitarrista de abandonar o grupo em breve. Foi quando a banda havia finalmente conquistado a América que Frampton quis sair, e aquilo era um golpe traiçoeiro demais para Marriott suportar, ainda mais vindo de um cara que passou a ser respeitado como músico graças as constantes declarações do próprio vocalista em prol de seu guitarrista protegido…

A partida de Frampton machucou demais Marriott, que fazia questão de esconder isso até mesmo de Ridley e Shirley e também do empresário Dee Anthony. Mesmo com esse desespero interno dentro da banda, o disco ao vivo foi um avassalador sucesso na América, sendo o primeiro disco de ouro do grupo. Com isso, as vendas do álbum anterior, Rock On, também decolaram, com ele também se tornando disco de ouro posteriormente.

Performance: Rockin’ The Fillmore resolveu um antigo problema do grupo, cuja principal preocupação era a de não conseguir em estúdio uma atuação tão eletrizante e carregada de emoção como a de seus concertos. Desde a primeira tour pela América, a banda inglesa já tinha tocado cerca de 20 vezes no Fillmore, então nada mais natural do que registrar o disco na casa de Bill Graham. Quatro shows foram gravados em rolo, todos eles acontecendo em apenas dois dias: 28 e 29 de maio de 1971. No repertório, quase nada dos álbuns anteriores de estúdio, mas sim algumas das mais emocionantes e viscerais releituras de clássicos do r&b norte-americano. A matéria prima havia sido colhida por aqueles ingleses na própria América que agora consumia tudo o que era seu, mas num novo formato, mais moderno e agressivo. A torta estava servida…

Artigo originalmente publicado na pZ 28

pZ 47

The Small Faces, The Who, The Creation, The Spencer Davis Group, The Birds, Zoot Money, Georgie Fame, The Action, The Artwoods etc.

por Bento Araujo     12 jul 2014

THE SMALL FACES
A banda mod definitiva, talvez o grupo britânico que melhor expressou a influência da música negra norte-americana com o fato de se vestir de maneira impecável, como um autêntico dândi inglês. As aventuras de Steve Marriott, Ronnie Lane, Ian McLagan e Kenney Jones – dos primeiros e selvagens anos R&B até a psicodelia surrealista do clássico Ogden’s Nut Gone Flake. Inclui discografia comentada.

THE NIGHT TIME IS THE RIGHT TIME
O nascimento do modernismo como subcultura. A influência do pós-guerra, as roupas, a trilha sonora negra e urbana da América, as danças, o auge e a decadência da cena mod dos anos 1960. Inclui também o revival mod do final dos anos 1970 e a influência do movimento até os dias de hoje.

QUADROPHENIA (THE WHO)
A ópera-rock definitiva do The Who. Tudo sobre a fábula mod de Pete Townshend – a conturbada confecção do álbum, a traumática tour de promoção em 1973 e muito mais.

THE WHO AO VIVO EM NOVA YORK

A pZ foi cobrir o novo show do The Who em Nova York, com total e absoluta exclusividade dentro do jornalismo musical brasileiro. A banda está excursionando mundo afora com seu show Quadrophenia And More, que deve aportar por aqui no segundo semestre. Só na pZ você confere, em primeira mão, todos os detalhes desse mega show.

THE SPENCER DAVIS GROUP

Um jovem de 16 anos de idade chamado Steve Winwood e companhia, no grupo imortalizado por hits como “Keep On Running”, “Gimme Some Lovin’” e “I’m A Man”. R&B made in UK.

THE CREATION
Outra grande banda mod que flertou com a psicodelia. Seus hits “Painter Man” e “Makin’ Time” marcaram época e a banda tinha Pete Townshend e Jimmy Page entre seus fãs. Page se baseou no guitarrista Eddie Phillips para tocar sua guitarra com um arco de violino.

IT’S A MOD, MOD WORLD
Outros nomes que agitaram o mundo mod na década de 1960: The Birds, John’s Children, Georgie Fame, Geno Washington, Chris Farlowe, Alan Bown, Zoot Money e mais um playlist de 20 hinos do estilo.

ALLMAN BROTHERS BAND AO VIVO NO BEACON THEATRE, NYC
Outra cobertura exclusiva da pZ, que assistiu aos dois primeiros shows da banda de Gregg Allman na temporada do Beacon Theatre, em NYC.

E mais:
Entrevista com Phil Mogg (UFO), The Artwoods, The Action, Scorpions, Alvin Lee, Father Yod, Kevin Ayers, Imagery e muito mais.