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pZ 64

Parliament-Funkadelic, Colosseum, Motörhead, Spooky Tooth, Som Imaginário, Granicus, Allman Brothers, Plástico Lunar, Cozy Powell etc.

por Bento Araujo     01 fev 2016

PARLIAMENT-FUNKADELIC
Você já parou para pensar como seria o mundo da música sem o coletivo Parliament-Funkadelic do capitão George Clinton? Teríamos Cream, Vanilla Fudge e Led Zeppelin, do lado mais heavy. MC5 e The Stooges, do lado mais punk. James Brown colocando todos para dançar. Jimi Hendrix, Sly Stone e os Chamber Brothers fundindo a música negra com o rock psicodélico. Pink Floyd levando a música pop ao espaço sideral. Miles Davis modernizando o jazz. Kraftwerk e o Krautrock sintetizando o minimalismo alemão às massas. O Kiss explodindo e divertindo. E, tanto Stevie Wonder como Marvin Gaye, vendendo horrores e ao mesmo tempo desafiando a poderosa Motown em busca de liberdade criativa. Mas não teríamos o conglomerado de músicos que fez de tudo isso um pouco, debaixo de uma perspectiva cultural, social, política e artística que até hoje é válida. Nosso especial inclui ainda uma longa discografia selecionada (e comentada), para ingressar de cabeça na P-Funksperience.

COLOSSEUM
Quando Roma mandava no mundo, os bretões não passavam de bárbaros. Na segunda metade dos anos 60 do século XX, porém, quando a Inglaterra mandava no mundo do rock, um dos maiores símbolos da civilização romana, o Coliseu, serviu de inspiração para alguns bretões oferecerem ao povo o pão da boa música e o circo da performance irresistível. Plateia alguma seria capaz de permanecer indiferente diante do som produzido com sangue e muito talento pelos gladiadores do Colosseum.

MOTÖRHEAD
O controverso Motörhead de 1983 teve uma trajetória relâmpago. Another Perfect Day, o único álbum do grupo gravado com Brian Robertson na guitarra, foi execrado pelos fãs, que acusavam Lemmy de ter amenizado demais a música do trio. A pZ investiga tudo através de um conto regado a muito ego, drogas, shortinhos e sapatilhas de balé.

SOM IMAGINÁRIO
Sexta-feira santa, 1970. O Som Imaginário fazia a sua primeira apresentação. Eram jovens, livres e inflamados. Estavam todos se apresentando sem camisa, como relembrou Zé Rodrix no Jornal de Música, em 1976: “Nós fomos o primeiro grupo a tocar de peito nu neste país”. Wagner Tiso, Tavito, Luiz Alves, Laudir de Oliveira, Robertinho Silva e Zé Rodrix formavam o sexteto descamisado, que adotou o nome Som Imaginário após um show ao lado do amigo em comum, padrinho, guru e “elemento aglutinador” Milton Nascimento. O show se chamava Milton Nascimento Ah!… e o Som Imaginário. Do show pintou o nome que batizou o promissor conjunto, rapidamente adotado por produtores de todo o Brasil.

SPOOKY TOOTH
Em 1969 o Spooky Tooth lançou um trabalho importantíssimo quando se trata das origens do rock pesado. Dramático e épico na medida certa, Spooky Two merece ser redescoberto pelas novas gerações.

COZY POWELL
Amante da bateria e da velocidade, ele se tornou um dos músicos mais respeitados, requisitados e influentes do rock dos anos 70 e 80, sempre demonstrando um estilo pesado, preciso e vigoroso de tocar. Esteve no Brasil algumas vezes (Whitesnake, Brian May) e deixou registrado mais de 70 trabalhos, com diversos grupos e artistas. Em carreira solo, registrou quatro discos e três compactos, transitando com facilidade entre pop, fusion, erudito e heavy metal.

PLÁSTICO LUNAR
Daniel Torres (vocal e guitarra), Plástico Jr. (baixo e vocal), Leo Airplane (teclados) e Marcos Odara (bateria) formam a Plástico Lunar, banda de rock de Aracaju, Sergipe, que, como eles mesmos dizem, “já beijou o blues e abraçou o progressivo, oscila entre a psicodelia e a black music e vem se destacando por produzir um som sem afetação dos ritmos regionalistas”. Depois de dois EPs e um álbum, eles estão de volta com Dias Difíceis no Suriname, lançado recentemente pela Rock Company/Museu do Disco. Leo Airplane e Marcos Odara bateram um papo com a pZ sobre o novo disco e sobre o que anda rolando com a banda.

GRANICUS
Quando Alexandre, o Grande, deu sua primeira surra no Império Persa, em 334 AC, não estava fazendo apenas História. Estava fazendo também rock ’n’ roll, pois 2306 anos depois, o rio que batizou essa batalha, Granicus, emprestou seu nome para uma banda americana de hard rock que atacava os instrumentos com a fúria dos macedônios e que também morreu jovem como o grande general. A diferença é que o Granicus nunca foi uma banda vitoriosa, muito menos coberta de glórias.

E MAIS:
Quintal de Clorofila, The Allman Brothers Band, David Bowie, Bi Kyo Ran, The Poppy Family, Happy The Man, Magma, Gong etc.

Plástico Lunar: Entrevista

Uma autêntica banda brasileira de rock ‘n’ roll psicodélico

por Bento Araujo     31 jan 2016

Plastico LunarDaniel Torres (vocal e guitarra), Plástico Jr. (baixo e vocal), Leo Airplane (teclados) e Marcos Odara (bateria) formam a Plástico Lunar, banda de rock de Aracaju, Sergipe, que, como eles mesmos dizem, “já beijou o blues e abraçou o progressivo, oscila entre a psicodelia e a black music e vem se destacando por produzir um som sem afetação dos ritmos regionalistas”.

Depois de dois EPs e um álbum, eles estão de volta com Dias Difíceis no Suriname, lançado recentemente pela Rock Company/Museu do Disco. Leo Airplane e Marcos Odara bateram um papo com a pZ sobre o novo disco e sobre o que anda rolando com a banda.

O rock psicodélico brasileiro parece viver um bom momento, com algumas bandas inclusive ganhando reputação no exterior. A Plástico Lunar pretende se aproveitar disso de alguma forma?

Odara: Claro e de todas as maneiras possíveis. Seria uma honra e uma grande oportunidade tocar fora do Brasil e/ou ter o nosso trabalho reconhecido lá fora.

Leo: Com certeza, mas não moldamos nosso som para aproveitar esse bom momento, apenas fazemos o que fazemos desde o começo, até um pouco menos psicodélico. Essa onda de neo-psicodelia nos ajuda a conquistar um público mais jovem de alguma forma. Mas não vamos encher nossas guitarras de Delay e Phaser só porque está em voga.

No release da banda vocês enfatizam o fato de fazer rock sem afetação dos ritmos regionalistas. Fale mais sobre isso.

Odara: Somos influenciados pelos ritmos regionais, através de compositores como Alceu Valença, Zé Ramalho, a galera da Tropicália e tal, mas não é e nunca foi pretensão nossa nos rotularmos como uma banda com influências “regionalistas” por sermos do Nordeste. Como foi escrito no release “sem afetações dos ritmos regionais”, essas influências acontecem de forma espontânea, não é de forma imperativa ou programada.

Leo: Na verdade quando falamos “sem afetação” quer dizer que não colocamos deliberadamente elementos da cultura local só pra dizermos que somos daqui. Somos uma banda brasileira de rock antes de tudo e se existe alguma influência, ela se manifesta naturalmente.

A arte gráfica de Dias Difíceis no Suriname ficou incrível. Fale um pouco sobre ela e sobre o CD lançado pela Rock Company/Museu do Disco. Existem planos de lançar o disco também em vinil?

Odara: A arte foi concebida e desenvolvida por um amigo nosso e um grande artista chamado Thiago Neumann, que também desenvolve HQs, desenho gráfico etc. A ideia partiu de uma “fantástica e fictícia” viagem nossa ao Suriname, de barco, onde ele de forma espetacular desenvolveu essa arte incrível. Quanto ao CD e a parceria com a Rock Company/Museu do Disco, foi através do Valmir Zuzzi, que nos descobriu e se interessou pelo som. Ele já tinha ouvido o nosso primeiro CD e dai rolou a parceria pra lançar o Dias Difíceis no Suriname. O projeto também inclui o lançamento do vinil, que será lançado em breve, segundo o próprio Zuzzi.

Leo: O artista que desenvolveu essa arte, Thiago Neumann, já havia feito a arte do nosso EP Mar de Leite Azedo, de 2011. A concepção de Dias Difíceis no Suriname segue a mesma linha, retratando a banda passando por maus bocados em alto mar. Ele fez toda arte pensando para um vinil, por isso que tem toda uma riqueza de detalhes e cores incríveis. Temos planos de lançar o álbum em vinil. Conversamos com o Valmir Zuzzi, do selo Rock Company/Museu do Disco, e tentaremos viabilizar a versão em vinil de Dias Difíceis no Suriname, assim como uma reedição de nosso primeiro álbum, Coleção de Viagens Espaciais.

Como surgiu a ideia de regravar “Sentado no Arco-Íris”, de Raul Seixas e Leno?

Odara: Essa história é bem interessante. Nós sempre fomos “garimpadores”, arqueólogos de sons dos anos 70. Descobrimos esse sensacional álbum, Vida e Obra de Johnny McCartney, e nos apaixonamos por ele. Começamos a tirar a música nos ensaios e depois a incluímos no nosso repertório dos shows, aí pensamos em incluí-la também em nosso disco. Nos apegamos a “Sentado no Arco-Íris” de tal forma que ela foi incorporada, como se fosse uma música da banda.

Leo: A gente conheceu essa música por volta de 2005, quando fizemos nossa primeira tour no Sudeste e chegou até nós o álbum Vida e Obra de Johnny McCartney, em mp3. Desde então, tocamos “Sentado no Arco Íris” em nossos shows e nos identificamos muito com ela. Chegamos a gravá-la antes mesmo de ter a liberação para lançá-la. O próprio Gileno ouviu nossa versão e nos deu a sua bênção, e o Zuzzi nos ajudou na parte burocrática, com a editora da música, para que ela chegasse ao disco.

Dias Difíceis no Suriname deve ser o primeiro CD dividido em Lado A e Lado B do Brasil. Como pintou essa ideia?

Leo: Na verdade, nosso primeiro álbum também tem essa concepção de dividir, mesmo em CD, o álbum em duas partes. Foi uma ideia do nosso baixista (Plástico Jr.), de pensar no disco como um vinil e ter dois momentos distintos em cada lado. A necessidade de se virar o lado de um vinil permitiu vários artistas aproveitarem essa limitação de forma artística, dando a cada lado uma vibe diferente. Dentro de nossos álbuns favoritos temos também nossos lados favoritos, daí queríamos ter isso em nossos próprios discos, mesmo que fosse num CD ou streaming.

Para mais informações, acesse plasticolunar.com.br. Para adquirir Dias Difíceis no Suriname em CD, entre em contato com a Rock Company/Museu do disco pelos e-mails rockco@ig.com.br e museudisco@ig.com.br. Ou pelos fones (19) 3585-1893 / (11) 3106-1757.