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Nova: um dos pilares do fusion italiano

Por volta de 1975, muitos músicos italianos estavam vivendo em Londres ou em Nova York. Alguns dos grandes nomes do progressivo italiano continuavam na ativa, porém visando cada vez mais o mercado internacional.

por Bento Araujo     05 fev 2015

Nova

Por volta de 1975, muitos músicos italianos estavam vivendo em Londres ou em Nova York. Alguns dos grandes nomes do progressivo italiano continuavam na ativa, porém visando cada vez mais o mercado internacional. Obviamente aqueles que permaneceram atuando somente na Itália, encontraram grandes dificuldades pelo caminho. Grupos como Osanna, Cervello e Circus 2000 foram exemplos disso. Alguns de seus ex-integrantes não se conformavam com aquela situação e se mudaram para Londres.

Elio D’Anna (sax, flauta) e Danilo Rustini (guitarra) (que vinham do Osanna e do Uno) se juntaram a Luciano Milanese (baixo) e Dede Lo Previte (bateria), que vinham do Circus 2000, e ao ex-Cervello, Corrado Rustici (guitarra, vocal), irmão mais novo de Danilo e que na época tinha apenas 17 anos de idade. Dividiam um quarto minúsculo em Londres, com alguns colchões, uma vitrola e vários LPs espalhados pelos cantos, a grande maioria deles de grupos como Mahavishnu Orchestra, Weather Report e Return To Forever. Dava para sacar que seguiriam o caminho do jazz-rock.

Ensaiavam sem parar e logo contavam com material suficiente para um álbum. O prolificentíssimo conjunto logo chamou atenção de figuras como o letrista Nick J. Sedwick e Pete Townshend, ambos participantes do álbum Blink, lançado em 1976 pela Arista em países como Inglaterra, Holanda e França. Foi o único trabalho do grupo lançado na Itália, pelo selo Ariston. Em Blink, um fusion de qualidade, com performances individuais marcantes e até uma leve influência de prog britânico.

Por um lado estavam no principal centro produtivo musical do período (Londres), por outro, tinham que encarar a forte concorrência, além do surgimento de novos gêneros como o punk e a disco. A barra pesou de vez. Três integrantes não seguraram a onda e resolveram voltar para a Itália. Elio e Danilo se viram sozinhos novamente, mas não desistiram, pelo contrário: escalaram novos integrantes, como o tecladista do New Trolls Atomic System, Renato Rosset. Na correria lançaram outro disco naquele ano de 1976, Vimana, com presenças ilustres na bateria e percussão, como Narada Michael Walden e Phil Collins, além de Percy Jones, do Brand X, no baixo. Bem relacionados no meio musical britânico, D’Anna e Corrado Rustici aparecem no ótimo álbum Sunset Wading, do ex-baixista do Caravan, John G. Perry.

Alguns elementos da música do Osanna e mesmo do Cervello continuaram presentes na musicalidade da banda, que resolveu partir para um direcionamento mais funk, buscando o mainstream e o mercado norte-americano, onde seus álbuns passam a ser lançados dali por diante. Blink, o primeiro disco deles, foi o único lançado na Itália, onde foi completamente ignorado por público e crítica.

Wings Of Love (1977) é o próximo, trazendo o ex-Atomic Rooster, Ric Parnell, na bateria. O maior mérito do registro foi mostrar a evolução de Rustici em seu instrumento, assimilando a apurada técnica de nomes como John McLaughlin, Al Di Meola, Carlos Santana e Allan Holdsworth. A tocante “Beauty Dream, Beauty Flame” é prova disso.

Em 1978 o grupo se mudou para os EUA, onde, como era de se esperar, adaptou sua sonoridade para atender àquele mercado. O disco desse período é Sun City, com capa cafona e conteúdo repleto de altos e baixos. “Lean On Me”, por exemplo, soa constrangedora até para o Toto; já “Modern Living” é ótima, com clima AOR West Coast e groove encantador.

Sem conseguir emplacar sua banda, D’Anna voltou para a Itália. Trabalhou como produtor um tempo, antes de sumir completamente do mapa. Corrado Rustici permaneceu nos EUA e montou um estúdio em Los Angeles. Trabalhou com nomes como Zucchero e Whitney Houston.

Artigo originalmente publicado na pZ 46

pZ 46

Camel, Roy Buchanan, Curtis Mayfield, The Seeds, Moacir Santos, The Square Set, Nova, Rodriguez

por Bento Araujo     12 jul 2014

CAMEL
O grupo foi escolhido pelos nossos leitores para ser a capa de nossa edição de décimo aniversário. A banda de Andy Latimer e Peter Bardens sempre foi uma das mais
subestimadas do progressivo britânico, então coube a pZ reparar mais essa injustiça. Inclui discografia básica comentada e relatos da própria banda sobre as turnês e as sessões de gravação de discos clássicos como Mirage, Music Inspired By The Snow Goose, Moonmadness, Nude etc.

CURTIS MAYFIELD

O auge comercial da carreira do majestoso poeta da soul music foi alcançado graças à trilha sonora de Superfly, um ícone do gênero blaxploitation, onde, em meio a traficantes, gigolôs e prostitutas, Curtis foi o responsável por injetar consciência na vida dos afro-americanos.

THE SEEDS
A música praticada pelo The Seeds era tão crua e simplória que críticos “sérios” de música trataram, por anos, o legado de Sky Saxon e sua banda como uma simples piada de mau gosto. Hoje o panorama é outro e clássicos como “Pushin’ Too Hard” e “Can’t Seem To Make You Mine” são hinos do proto-punk, entoados por um grupo que se orgulhava de sua atitude e seus dois acordes.

QUARTETO NOVA ERA

Nosso especialista, Nelio Rodrigues, traz à tona a trajetória da obscura banda brasileira que lançou apenas um compacto duplo, em 1969.

ROY BUCHANAN

Herói da guitarra, ele foi um dos artistas que definiram o som da Fender Telecaster, modelo que adotou como parte de sua assinatura sonora.
Buchanan foi também o responsável por uma carreira tão influente quanto conturbada.

JOHN LAWTON
O ex-vocalista do Uriah Heep e do Lucifer’s Friend está de disco novo e bateu um papo exclusivo com a pZ, falando de passado, presente e futuro.

EL RITUAL

Os mexicanos que eram mais macabros e satânicos que o Black Sabbath e o Black Widow, e que lançaram um grande disco em 1971.

E mais:
Os dez anos da pZ, Moacir Santos, Ed Cassidy, The Square Set, Nova, Black Spirit, Louis Moholo, Martin Pugh, Rodriguez e muito mais.