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Capa Histórica: Neu! (1972)

Musicalmente, artisticamente e esteticamente, o Neu! foi dos combos mais inquietos e rígidos de sua geração.

por Bento Araujo     23 out 2014

neu!NEU! – Neu!
Brain Records, 1972
Design: Klaus Dinger

A culpa foi de um amigo do baterista Klaus Dinger. O sujeito trabalhava com publicidade e contou a seu amigo músico que a palavra mais usada nos anúncios publicitários era a palavra “neu”, ou seja, “novo” em alemão. Seria um belo nome para um projeto musical, principalmente para aquele que Dinger estava fomentando com seu companheiro Michael Rother, em Dusseldorf.

Rother e Dinger mal haviam deixado o Kraftwerk e começaram a registrar sessões livres de música experimental sob o comando do produtor Conny Plank. Para representar aquilo, a banda e a música que faziam, um logo pop-art foi criado usando a palavra Neu. Dinger explicou, antes de sua morte, em 2008: “O logo que aparece na capa do primeiro disco foi um protesto contra a sociedade de consumo e contra os nossos ‘colegas’ da cena krautrock. Eu estava por dentro de Andy Warhol, arte pop e contemporânea. O meu pensamento era sempre muito visual.”

Na época, Dinger morava numa comunidade hippie e, para se manter no local, precisou montar uma agência de publicidade amadora. Ali, cercado de amigos pretendentes a publicitários, seus sentidos auditivos eram sempre aguçados pela palavra “neu”.

O nome da banda batizou seu primeiro disco e surgiu imponente na capa, minimalista, simplória, porém, estilosa e pouco usual para a época – uma concepção certeira de Dinger. O fundo era branco, insólito e gelado. A palavra NEU! surgia em negrito e itálico, numa coloração vermelho sangue e com um fulminante ponto de exclamação. Uma espécie de grafite violento, um soco no olho.

As seis inovadoras faixas do LP seguiam uma abordagem radical similar. O nome do grupo sugeria aquilo, a capa, sugeria mais ainda.

A capa e o disco foram um sucesso no underground, principalmente graças ao apadrinhamento do DJ britânico John Peel, que executava faixas como “Jahresübersicht (Part Two): Negativland” e “Hallogallo” em seu programa de rádio.

Musicalmente, artisticamente e esteticamente, o Neu! foi dos combos mais inquietos e rígidos de sua geração. Continuam à frente de qualquer tempo, atormentando olhos e ouvidos acostumados com a mesmice.

Artigo originalmente publicado na pZ 44

pZ 44

Jack Bruce, Wishbone Ash, Bloodrock, Módulo 1000, Neu!, Zombies, Turtles, Can etc.

por Bento Araujo     12 jul 2014

JACK BRUCE
A jornada solitária, subestimada, de Jack Bruce é o tema central deste número da pZ, assim como um papo exclusivo com ele. Sua impecável carreira solo, suas passagens pelo Cream, West Bruce & Laing, Graham Bond Organisation, Manfred Mann, BBM, Tony William’s Lifetime, Spectrum Road, Blues Incorporated, John Mayall Bluesbreakers etc. Uma bela oportunidade para entender esse artista que sempre fez questão de estar muito à frente de seu tempo.

BLOODROCK

Martin Popoff, nosso colaborador canadense, disseca minuciosamente a trajetória do Bloodrock e também o primeiro disco do grupo, de 1970. A rivalidade com o Grand Funk Railroad, o relacionamento conturbado com Terry Knight etc. Papos com os integrantes do grupo enriquecem este especial.

MARTIN TURNER
O baixista do Wishbone Ash esteve no Brasil e respondeu as perguntas de nossos leitores. Falou de Argus e de outros clássicos da banda, de seus ex-companheiros de banda, de Steve Harris, Ritchie Blackmore e muito mais.

MÓDULO 1000 – A PRÉ-HISTÓRIA, PARTE I
Nosso especialista, Nelio Rodrigues, analisa os primeiros passos dessa banda brasileira cultuada no mundo todo.

SUMMER GIGS USA
The Zombies, Procol Harum, Neil Young & Crazy Horse, Grand Funk Railroad. Cobertura exclusiva de shows que nosso editor, Bento Araujo, assistiu nos EUA recentemente.

E mais:
Neu!, Caedmon, The Stark Reality, Can, The Addicts, The Turtles, The New Vaudeville Band, The Aggregation, Harmonium e muito mais.

poeiraCast 21 – O rock experimental alemão dos anos 70
por Bento Araujo     19 ago 2009