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Jump On It

Três discos do Montrose são relançados pelo selo Rock Candy

por Radames Junqueira     16 fev 2016

montroseA banda do guitarrista Ronnie Montrose ficou conhecida de uns anos pra cá por ter revelado os vocais de Sammy Hagar, mas, na verdade, o primeiro e homônimo elepê do conjunto foi um dos marcos do proto-metal da década de 70. Lançado em 1973, Montrose se tornou mega influente, tanto nos EUA, onde serviu de template para o próprio Van Halen, mas principalmente na Inglaterra, onde bandas como Iron Maiden depois regravariam algumas de suas canções.

Depois da estreia, o Montrose manteve o nível com Paper Money, o primeiro dessa leva de relançamentos da Rock Candy. Neste segundo disco, o grupo se despedia de Sammy Hagar com sons imponentes, como “I Got The Fire” e a versão deles para “Connection”, dos Stones.

Warner Bros. Presents traz o desconhecido Bob James no lugar de Sammy Hagar e o próprio Ronnie Montrose assumindo a produção no lugar do renomado Ted Templeman. O disco é mais fraco que os dois anteriores, mas é mais diversificado, muito graças aos teclados de Jim Alcivar. A bateria robusta de Denny Carmassi continua sendo um dos destaques.

Jump On It, que saiu no Brasil na época, apresentou uma sonoridade mais AOR, foi produzido por Jack Douglas e trazia o baixista da banda de Johnny Winter, Randy Jo Hobbs, em algumas faixas. Bob James continua no posto de vocalista e a capa foi de autoria do sempre ousado e provocante estúdio Hipgnosis.

Os três relançamentos estão com som remasterizado e restaurado, encartes caprichados, porém sem nenhuma faixa bônus.

Mais no site rockcandyrecords.com.

pZ 51

Bad Company, Lou Reed, Sábado Som, Bobby Whitlock, Bixo da Seda, Son House, Jane, Karthago, Cornucopia, Dschinn, Guru Guru, Jeronimo, Elliott Randall, Harmony Grass, Plastic Penny, Madder Lake, Plus, The Ugly Ducklings etc.

por Bento Araujo     12 jul 2014

BAD COMPANY
Paul Rodgers, Simon Kirke, Mick Ralphs e Boz Burrell formaram um supergrupo típico dos anos 1970. Venderam milhares de álbuns e conquistaram o mercado norte-americano, sempre com o apadrinhamento de Peter Grant e do Led Zeppelin. Mas não foi tão fácil assim a trajetória do Bad Company, como mostra este artigo especial da pZ. Incluiu discografia básica comentada.

LOU REED
A pZ homenageia Lou Reed passando a limpo dois grandes discos ao vivo de seu catálogo: Rock ‘n’ Roll Animal e Lou Reed Live. Foi nessa época que a música do ex-Velvet Underground se tornou mais hard e até quase “progressiva”. Inclui um box sobre os integrantes de sua excelente banda de apoio do período e uma entrevista com Fabio Massari, relatando o seu famoso papo com Reed nos anos 1990.

SÁBADO SOM INTERNACIONAL (primeira parte)
Jane, Karthago, Lily, Cornucopia, Dschinn, Guru Guru, Jeronimo. LPs desses grupos alemães foram misteriosamente lançados no Brasil entre 1974/1975. A pZ novamente topa o desafio de investigar esse acontecimento histórico, resenhando cada um desses álbuns e contextualizando o pacote de lançamentos com a cena musical da época.

BOBBY WHITLOCK
Ele nasceu em Memphis, solo fértil e sagrado do rock, soul, gospel e blues. Surgiu para o cenário no seio da Stax e teve Eric Clapton e Duane Allman como companheiro de banda. Suas composições e seu jeito de cantar e tocar repleto de alma vêm conquistando admiradores através das décadas. Whitlock tocou também com John Lennon, George Harrison, Dr. John, Rolling Stones e muitos outros. Gravou discos solos excelentes e atendeu a pZ para um papo livre, leve e descontraído.

BIXO DA SEDA

Dos pampas gaúchos para o mundo. Fuguetti Luz, os irmãos Lessa e companhia lançaram um disco histórico em 1976 e sacudiram o rock brasileiro daqueles tempos.

COB
“Clive’s Original Band” (COB) foi um trio folk formado por Clive Palmer, ex-integrante da The Incredible String Band. Lançaram apenas dois discos, mas entraram para a história do folk rock britânico.

SON HOUSE
Idolatrado por Jack White, Warren Haynes, Jimmy Page e tantos outros, o lendário bluesman é o nosso pZ Hero da vez.

E mais:
Entrevista com Fabio Massari, Elliott Randall, Harmony Grass, Plastic Penny, Kiss, Montrose, Madder Lake, Plus, The Ugly Ducklings etc.

pZ 41

Spinetta, Montrose, Peter Green, Netinho, T2, Los Vidrios Quebrados, Steven Wilson, Thelonious Monk etc.

por Bento Araujo    

LUIS ALBERTO SPINETTA
A obra e a vida do compositor argentino celebrada neste número. Suas aventuras pelo Almendra, Pescado Rabioso, Invisible, Spinetta Jade e muito mais. Não deixe de mergulhar no peculiar universo desse genial músico…

MONTROSE
Martin Popoff disseca minuciosamente os primeiros anos do Montrose, época em que o grupo registrou seus dois primeiros álbuns de estúdio. Inclui entrevistas com Ronnie Montrose e com Sammy Hagar. Homenagem da pZ ao guitarrista morto recentemente e a sua banda mega influente.

NETINHO
O lendário baterista brasileiro relembrou sua vida musical ao responder as perguntas de nossos leitores. Os Incríveis, Casa das Máquinas e muito mais.

STU COOK
O ex-baixista do Creedence Clearwater Revival e atual baixista do Creedence Clearwater Revisited abre o jogo com a pZ e fala de passado, presente e futuro.

OS ARANHAS
A trajetória do grupo obscuro do rock nacional dos anos 60.

STEVEN WILSON & MIKAEL ÅKERFELDT
A dupla mais emblemática do progressivo atual marca presença nessa nova edição. O novo projeto, Storm Corrosion, as carreiras em suas respectivas bandas (Porcupine Tree e Opeth) e os shows no Brasil.

PETER GREEN
O pZ Hero desta edição, em texto que aborda suas aventuras com os Bluesbreakers de John Mayall, com o Fleetwood Mac e em sua carreira-solo.
Do estrelato à loucura, e a volta aos palcos e aos discos.

E mais:

Thelonious Monk, a tour de Mark Farner pelo Brasil, T2, Lee Moses, Carol Of Harvest, Los Vidrios Quebrados, Alan Sorrenti, Cos, Ódmenn, Cerebrum, Cassim & Barbária, Arbouretum, The Mauroks e muito mais.

Ronnie Montrose

Nossa homenagem ao grande guitarrista norte-americano

por Bento Araujo     04 jul 2014

Ronnie Montrose

“Não lembro de conseguir comprar a minha primeira guitarra”. Sim, os tempos foram difíceis para Ronald Douglas Montrose, que nasceu em São Francisco, California, no dia 29 de novembro de 1947.

Ronnie começou a tocar guitarra aos 17 anos de idade, tomando emprestadas guitarras de amigos, simplesmente por não ter grana suficiente para adquirir uma. Assistir ao vivo os Yardbirds, com Jeff Beck e Jimmy Page no velho Fillmore, foi uma influência poderosa para ele, assim como presenciar a força do Cream e do Jimi Hendrix Experience no Winterland de São Francisco.

Em 1969 ele montou sua primeira banda semi-profissional, Sawbuck, que já contava com o baixista Bill Church, futuro parceiro na banda Montrose. Ronnie estava gravando o primeiro álbum da banda, e de sua carreira, quando o produtor David Rubinson arrumou uma audição do guitarrista com o cantor irlandês Van Morrison. Ronnie chamava essa de “a grande oportunidade de sua vida”, pois além de ficar com a vaga, garantiu lugar no disco Tupelo Honey, de Morrison, o que lhe abriu inúmeras portas, como ser escalado para ser o guitarrista na banda de Boz Scaggs e depois na banda de Edgar Winter.

Com Winter, Ronnie Montrose gravou o disco They Only Come Out At Night, lançado em 1972, contend dois hits: Frankenstein e Free Ride. O estilo agressivo de Ronnie já saltava aos ouvidos do público – o tamanho anormal de suas mãos também foi algo crucial, pois possibilitou que desde essa época ele se tornasse um guitarrista acima da média, com uma técnica peculiar. Boatos davam conta que por volta de 1972, os ingleses do Mott The Hoople queriam que Montrose assumisse a vaga deixada por Mick Ralphs, que estava partindo para montar o Bad Company.

Sem poder extravazar todo o seu talento como guitarrista dentro do Edgar Winter Group, Ronnie resolve abandonar tudo e seguir o seu próprio caminho, montando um grupo com o seu sobrenome: Montrose. A banda seria lançada pela Warner em 1973, sob a supervisão de uma dupla da pesada, o produtor Ted Templeman e o engenheiro de som Donn Landee, ambos velhos amigos de Ronnie da época das sessões para o álbum de Van Morrison.

A ideia era a de lançar o disco de rock mais pesado e conciso já gravado na América até então. Ninguém na Warner tinha passado por uma experiência como aquela, então foi tudo meio no chute mesmo, mas deu certo, pelo menos artisticamente, já que comercialmente o álbum foi um fracasso. No entanto, Montrose, serviu de cartilha para muitas bandas e artistas da América do Norte, como Riot, Moxy, Aerosmith, Cheap Trick, Ted Nugent e é claro, o Van Halen, que cinco anos depois lançou sua arrasadora estreia, também pela Warner e com a dupla Templeman/Landee cuidando e apadrinhando tudo.

Além da guitarra robusta e desafiadora de Ronnie, o primeiro disco da banda Montrose trazia performances fulminantes do baixista Bill Church, do batera Denny Carmassi e principalmente de um jovem e talentoso vocalista chamado Sammy Hagar, então a mais recente descoberta de Ronnie. Usando uma Gibson Les Paul e um pedal Big Muff, Ronnie entrou para a história do Rock pesado ao cunhar clássicos do gênero como Rock Candy, Rock The Nation, Make It Last, Bad Motor Scooter e Space Station #5 – essa última inclusive regravada pelo Iron Maiden. Aliás é interessante ressaltar a influência do Montrose em bandas inglesas da NWOBHM como o próprio Maiden, o Saxon (já reparou de onde vem o riff de Redline? Ouça então I Don’t Want It do Montrose), o Raven e outras. Na cena Thrash da Bay Area o disco rodou bastante também nas mãos do pessoal do Metallica, Megadeth, Exodus e Testament.

A parceria entre Ronnie Montrose e Sammy Hagar durou mais um disco, Paper Money, lançado em 1974 e contendo I’ve Got The Fire, outra faixa do Montrose regravada pelo Maiden, essa em duas ocasiões: uma com Paul Di’Anno e outra com Bruce Dickinson nos vocais. Hagar foi demitido e saiu em carreira-solo, mas Ronnie continuou com sua banda, lançando em 1975 o grande álbum Warner Brothers Presents… Montrose!, e no ano seguinte, Jump On It, outros dois fracassos de vendas.

Em 1978, dois discos de Jeff Beck estavam fazendo a cabeça de Ronnie Montrose – Blow By Blow e Wired. Querendo fazer algo naquele sentido o guitarrista partiu para seu primeiro álbum solo instrumental, Open Fire, disco que inclusive foi lançado por aqui na época e andou depois jogado pelos sebos. Open Fire foi produzido pelo amigo Edgar Winter, que evidentemente também toca no disco. A versão de Ronnie para o clássico tema Town Without Pity marcou época e a veia mais fusion do disco chamou a atenção do batera-monstro Tony Williams. Em julho daquele ano de 1978 lá estava então Ronnie ao lado de Tony, Brian Auger, Mario Cipollina e o convidado Billy Cobham, na tour Tony Williams All Stars, que apresentava pelo menos três temas de Open Fire.

Em 1979 Ronnie parecia um pouco cansado do jazz e voltou a atacar de Hard Rock com seu novo projeto, Gamma, levado adiante ao lado do excelente vocalista Davey Pattison. O segundo disco do projeto, Gamma 2 – lançado em 1980, é recomendadíssimo e traz uma versão para Something In The Air, clássico da banda/projeto Thunderclap Newman. Como session man, a lista de participações de Ronnie Montrose impressiona: Herbie Hancock, Beaver & Krause, Van Morrison, Paul Kantner, Gary Wright, Nicolette Larson, The Beau Brummels, Dan Hartman, Edgar Winter, etc.

Nos anos 80 e 90, Ronnie continuou gravando e excursionando bastante, seja em carreira-solo, ou trazendo de volta versões requentadas, tanto do Montrose, como do Gamma. A formação original do Montrose chegou a se reunir em 2004 e 2005. Gravaram uma faixa no álbum Marching To Mars de Sammy Hagar (Leaving The Warmth Of The Womb) e passaram a participar como convidados especiais dos shows do então ex-vocalista do Van Halen.
Uma nova volta do Montrose original parece que estava agendada. Infelizmente um câncer na próstata foi mais rápido e acabou tirando a alegria de viver de Ronnie, que optou por não lutar contra a doença. Aos 64 anos de idade ele cometeu suicídio.

Texto de Bento Araujo