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poeiraCast 402 – Motorhead: 40 anos de Overkill e Bomber

Em 1979, após ter assinado contrato com o selo Bronze no ano anterior, o Motorhead lançou dois dos Mais

por Bento Araujo     27 fev 2019

Em 1979, após ter assinado contrato com o selo Bronze no ano anterior, o Motorhead lançou dois dos principais álbuns de sua carreira, Overkill e Bomber. Eles são nosso assunto neste episódio, que não deixa de abordar o lançamento de On Parole, gravado e arquivado três anos antes pela United Artists, que resolveu capitalizar com o sucesso do trio.

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poeiraCast 342 – Letras de música: importam ou não?

Existem grandes músicas que têm grandes letras; outras, nem tanto, ou até podem ser consideradas fracas nesse quesito. Mais

por Bento Araujo     06 set 2017

Existem grandes músicas que têm grandes letras; outras, nem tanto, ou até podem ser consideradas fracas nesse quesito. As letras fazem diferença para que as composições sejam melhores, ou piores?

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poeiraCast 324 – Os maiores baixistas do mundo

Mais uma lista para nos inspirar. Desta vez foi a da revista Bass Player: The 100 Greatest Bass Mais

por Bento Araujo     03 Maio 2017

Mais uma lista para nos inspirar. Desta vez foi a da revista Bass Player: The 100 Greatest Bass Players of All Time!

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Another Perfect Day faixa a faixa

A nova edição da pZ traz um especial sobre o disco mais subestimado do Motörhead

por Bento Araujo     12 fev 2016

APDBACK AT THE FUNNY FARM
O riff de baixo e o solo de guitarra remetem aos hinos “Ace of Spades” e “Overkill”. Se o disco fosse inteiro assim nenhum fã teria reclamado na época.

SHINE
O segundo single do disco tem a cara de Brian Robertson e, obviamente, lembra Thin Lizzy e também o boogie do ZZ Top.

DANCING ON YOUR GRAVE
Uma das mais legais e melódicas do disco, cujo título serviu de inspiração para batizar o Sepultura.

ROCK IT
O sempre incisivo e letal baixo de Lemmy com um ordinário piano boogie-woogie tocado por Robertson. Certeira combinação que confirma, acima de tudo, que o Motörhead é uma simples banda de rock.

ONE TRACK MIND
Pesada e soturna como o blues, mostra o amadurecimento de “Animal Taylor” e seu esforço em dialogar com o melódico Robertson.

ANOTHER PERFECT DAY
A produção de Tony Platt faz a diferença aqui e Another Perfect Day é talvez o álbum mais bem gravado do grupo.

MARCHING OFF TO WAR
Robertson tirando do baú seu wah-wah dos tempos do Thin Lizzy, para coroar o disco com uma faixa simples, porém classuda.

I GOT MINE
A música que mais despertou a ira dos fãs em 1983 é a mais fraca do álbum. Possui um ranço que lembra o medonho pop rock brasileiro do período.

TALES OF GLORY
A mais curta de todas funcionou bem na turnê de promoção e é 100% puro Motörhead.

DIE YOU BASTARD!
Com sua levada punk e um ótimo título, o grupo encerrava seu disco como os padrinhos supremos de um gênero que estava surgindo, o thrash metal.

Confira na nova edição da pZ, um especial sobre o disco mais subestimado do Motörhead!

poeiraCast 265 – Quem Se Foi

Neste episódio lembramos a obra e o legado de alguns artistas que partiram recentemente: Bowie, Lemmy, Paul Kantner, Mais

por Bento Araujo     03 fev 2016

Neste episódio lembramos a obra e o legado de alguns artistas que partiram recentemente: Bowie, Lemmy, Paul Kantner, Glenn Frey, Stevie Wright, Paulo Bagunça, Renato Ladeira etc.

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pZ 64

Parliament-Funkadelic, Colosseum, Motörhead, Spooky Tooth, Som Imaginário, Granicus, Allman Brothers, Plástico Lunar, Cozy Powell etc.

por Bento Araujo     01 fev 2016

PARLIAMENT-FUNKADELIC
Você já parou para pensar como seria o mundo da música sem o coletivo Parliament-Funkadelic do capitão George Clinton? Teríamos Cream, Vanilla Fudge e Led Zeppelin, do lado mais heavy. MC5 e The Stooges, do lado mais punk. James Brown colocando todos para dançar. Jimi Hendrix, Sly Stone e os Chamber Brothers fundindo a música negra com o rock psicodélico. Pink Floyd levando a música pop ao espaço sideral. Miles Davis modernizando o jazz. Kraftwerk e o Krautrock sintetizando o minimalismo alemão às massas. O Kiss explodindo e divertindo. E, tanto Stevie Wonder como Marvin Gaye, vendendo horrores e ao mesmo tempo desafiando a poderosa Motown em busca de liberdade criativa. Mas não teríamos o conglomerado de músicos que fez de tudo isso um pouco, debaixo de uma perspectiva cultural, social, política e artística que até hoje é válida. Nosso especial inclui ainda uma longa discografia selecionada (e comentada), para ingressar de cabeça na P-Funksperience.

COLOSSEUM
Quando Roma mandava no mundo, os bretões não passavam de bárbaros. Na segunda metade dos anos 60 do século XX, porém, quando a Inglaterra mandava no mundo do rock, um dos maiores símbolos da civilização romana, o Coliseu, serviu de inspiração para alguns bretões oferecerem ao povo o pão da boa música e o circo da performance irresistível. Plateia alguma seria capaz de permanecer indiferente diante do som produzido com sangue e muito talento pelos gladiadores do Colosseum.

MOTÖRHEAD
O controverso Motörhead de 1983 teve uma trajetória relâmpago. Another Perfect Day, o único álbum do grupo gravado com Brian Robertson na guitarra, foi execrado pelos fãs, que acusavam Lemmy de ter amenizado demais a música do trio. A pZ investiga tudo através de um conto regado a muito ego, drogas, shortinhos e sapatilhas de balé.

SOM IMAGINÁRIO
Sexta-feira santa, 1970. O Som Imaginário fazia a sua primeira apresentação. Eram jovens, livres e inflamados. Estavam todos se apresentando sem camisa, como relembrou Zé Rodrix no Jornal de Música, em 1976: “Nós fomos o primeiro grupo a tocar de peito nu neste país”. Wagner Tiso, Tavito, Luiz Alves, Laudir de Oliveira, Robertinho Silva e Zé Rodrix formavam o sexteto descamisado, que adotou o nome Som Imaginário após um show ao lado do amigo em comum, padrinho, guru e “elemento aglutinador” Milton Nascimento. O show se chamava Milton Nascimento Ah!… e o Som Imaginário. Do show pintou o nome que batizou o promissor conjunto, rapidamente adotado por produtores de todo o Brasil.

SPOOKY TOOTH
Em 1969 o Spooky Tooth lançou um trabalho importantíssimo quando se trata das origens do rock pesado. Dramático e épico na medida certa, Spooky Two merece ser redescoberto pelas novas gerações.

COZY POWELL
Amante da bateria e da velocidade, ele se tornou um dos músicos mais respeitados, requisitados e influentes do rock dos anos 70 e 80, sempre demonstrando um estilo pesado, preciso e vigoroso de tocar. Esteve no Brasil algumas vezes (Whitesnake, Brian May) e deixou registrado mais de 70 trabalhos, com diversos grupos e artistas. Em carreira solo, registrou quatro discos e três compactos, transitando com facilidade entre pop, fusion, erudito e heavy metal.

PLÁSTICO LUNAR
Daniel Torres (vocal e guitarra), Plástico Jr. (baixo e vocal), Leo Airplane (teclados) e Marcos Odara (bateria) formam a Plástico Lunar, banda de rock de Aracaju, Sergipe, que, como eles mesmos dizem, “já beijou o blues e abraçou o progressivo, oscila entre a psicodelia e a black music e vem se destacando por produzir um som sem afetação dos ritmos regionalistas”. Depois de dois EPs e um álbum, eles estão de volta com Dias Difíceis no Suriname, lançado recentemente pela Rock Company/Museu do Disco. Leo Airplane e Marcos Odara bateram um papo com a pZ sobre o novo disco e sobre o que anda rolando com a banda.

GRANICUS
Quando Alexandre, o Grande, deu sua primeira surra no Império Persa, em 334 AC, não estava fazendo apenas História. Estava fazendo também rock ’n’ roll, pois 2306 anos depois, o rio que batizou essa batalha, Granicus, emprestou seu nome para uma banda americana de hard rock que atacava os instrumentos com a fúria dos macedônios e que também morreu jovem como o grande general. A diferença é que o Granicus nunca foi uma banda vitoriosa, muito menos coberta de glórias.

E MAIS:
Quintal de Clorofila, The Allman Brothers Band, David Bowie, Bi Kyo Ran, The Poppy Family, Happy The Man, Magma, Gong etc.

A capa de Bomber, do Motörhead

Entusiasta de histórias e objetos militares, Lemmy queria um avião da Alemanha nazista na capa do terceiro disco da sua banda

por Ricardo Alpendre     22 jan 2016

Bomber
Motörhead
(Bronze, 1979)
Arte e design: Adrian Chesterman

BomberO fato é que Lemmy é um dos mais subestimados letristas do rock. Quando se viu inspirado a escrever sobre um avião bombardeiro, após a leitura do romance Bomber (1970), de Len Deighton, ele usou um ritmo acelerado, tenso como uma missão aérea noturna da Segunda Guerra Mundial, na música que leva o nome do livro, e que dá título ao segundo álbum do Motörhead no ano de 1979 – e o terceiro da banda. A letra, igualmente delirante, descreve o evento de forma raivosa e, creia-me, poética.

Tendo o logotipo da banda e as capas dos dois primeiros LPs sido desenhados por Joe Petagno, em Bomber coube ao artista Adrian Chesterman dar vida à ideia de Lemmy para a aeronave militar em ação. Entusiasta de histórias e objetos militares, o baixista e vocalista queria um avião da Alemanha nazista: “os bandidos sempre fazem as coisas mais legais”, ele teria declarado quando a banda encomendou o trabalho a Chesterman, dando-lhe apenas uma semana para realizá-lo.

A partir dessas referências, e com o prazo curto, Chesterman usou o realismo a serviço de sua imaginação. Escolheu como modelo o bombardeiro médio Heinkel He 111, que fora desenvolvido na Alemanha nos anos 1930 violando o Tratado de Versalhes e usado na Guerra pelos nazistas. Montou um kit de aeromodelismo daquela aeronave, pintou, fotografou e realizou a arte com essa referência. “Eles queriam um efeito realista, então eu desenhei a coisa com aquela bomba saindo em sua direção”, explica Chesterman.

Fotos de Lemmy, Eddie Clarke e Phil Taylor rosnando foram aplicadas, como se eles tripulassem o bombardeiro, e depois pintadas. Os holofotes no céu noturno e as balas da artilharia antiaérea não deixam dúvida: o bombardeiro, com o Snaggletooth, ou War-Pig (os apelidos do logotipo do Motörhead), pintado na fuselagem, estava em plena missão.

Para a turnê – e muitas turnês seguintes – foi fabricada uma carcaça tubular de bombardeiro, o suporte de iluminação mais genial já visto, que curiosamente representava um quadrimotor, diferente do bimotor Heinkel He 111 da capa de Bomber.

Artigo originalmente publicado na pZ 59

1980: Um Ano Crucial para o Motörhead

O sucesso do Motörhead era avassalador por toda a Inglaterra naquele ano de 1980, quando lançaram seu disco mais conhecido: Ace Of Spades

por Bento Araujo     19 dez 2014

Motorhead 1980Com a fama e a reputação recém alcançada, o Motörhead foi forçado a mudar alguns de seus hábitos. O consumo de álcool, drogas e groupies aumentou consideravelmente, e claro que isso não mudou, mas sim um hábito que caracterizava cada um dos integrantes como um autêntico “working class hero”: as bebedeiras junto dos fãs. Mesmo tocando em grandes arenas como o Hammersmith Odeon ou o Sheffield City Hall, o trio gostava de degustar as biritas no bar local, antes de subir no palco, como se estivesse tocando num boteco qualquer de beira de estrada.

Claro que isso teve que mudar, pois estava trazendo muitos problemas para os organizadores. O assédio passava a ser desmedido por parte dos fãs e isso tinha uma razão. O sucesso do Motörhead era avassalador por toda a Inglaterra naquele ano de 1980, quando lançaram seu disco mais conhecido: Ace Of Spades. Todo esse prestígio avançaria também pelo ano seguinte, 1981, quando lançaram o poderoso ao vivo No Sleep ‘til Hammersmith.

Apesar de toda glória, foi um período breve e confuso para a banda, que chegou ao topo das paradas inglesas. Nada mal para a famigerada “pior banda do mundo”, como alegavam os tablóides britânicos. Não é exagero dizer que o Motörhead era a banda que mais cativava a garotada naquele ano de 1980, isso num sentido mais amplo, falando de um grupo que lotava arenas, vendia milhares de cópias e estava nos jornais, na TV, no rádio, e nas paradas. Se o punk rock tinha sido agressivo nos anos anteriores, aquilo foi apenas uma preparação para a catarse sonora que a banda de Lemmy iria instaurar na cena musical. A reputação deles só ajudava. Eram acusados de ser o grupo mais alto e podre do mundo, e isso não só dentro dos confinamentos da imprensa musical: o jornal londrino Evening News publicava que a banda era uma ameaça completa à nova geração, pois em seus shows imprimiam a marca suicida de 126 decibéis!

Falando em volume, terminado o lendário (e ensurdecedor) show no Bingley Hall, em Stafford, Inglaterra (ver box) o Motörhead passou a se concentrar nos ensaios, que serviriam como aquecimento para as gravações do próximo álbum da banda. Lemmy relatou em sua autobiografia White Line Fever: “Em termos de processo de gravação, Ace Of Spades foi o disco nosso que mais demorou para ser gravado. Como a gente estava num baita pique, tudo aconteceu de maneira mais fácil e menos complicada que nos discos anteriores. A gente não podia parar, a popularidade da banda estava crescendo cada vez mais. Estávamos em ascendência e sabíamos que o disco seria um sucesso. Estávamos nos sentido bem, no entanto, eu não saquei o quão amaldiçoada a banda era, pois na realidade aquilo era o fim da coisa ao invés do começo. Foi somente dois anos depois quando comecei a gravar Iron Fist que eu passei a pensar nisso… Ace Of Spades foi o melhor disco daquela formação da banda.”

Do começo de agosto até a metade de setembro de 1980 o trio passou seis semanas no Jackson’s Studio, em Rickmansworth, ao lado do produtor Vic Maile, que era uma espécie de lenda do selo Pye Records. Lemmy o conhecia dos seus tempos de Hawkwind, e Maile era famoso também por ter cunhado o som cru e peculiar de uma banda inglesa gigante nos anos 70, o Dr. Feelgood. Lemmy sempre curte falar sobre Vic Maile: “Ele era proprietário de um estúdio móvel que o Hawkwind alugou para gravar seu disco ao vivo, Space Ritual. Vic era um cara legal e um ótimo produtor. Sofria de diabetes e morreu em função da doença. Os caras legais sempre se vão… É por isso que eu ainda estou na área…”

Ace of Spades“Esse disco é bem rápido. Talvez a gente tenha usado droga da boa. Seja o que for, eu adoro esse álbum”, disse “Fast” Eddie Clarke ao semanário inglês Sounds na época. Não só ele, mas qualquer pessoa que curta Rock ‘n’ Roll de verdade tem obrigação de idolatrar um álbum como Ace Of Spades. A faixa-título é talvez uma das mais impactantes “aberturas de disco” da história e costuma ser apreciada até inclusive por quem não vai muito com a cara da banda.

Lemmy está com saco cheio dela, como confessou em seu livro: “É uma boa canção, mas já deu no saco. Quando o assunto é Motörhead, a primeira coisa que as pessoas pensam é ‘Ace Of Spades’. Não viramos fósseis após esse álbum, fizemos coisas bacanas desde então, mas os fãs sempre querem ouvi-la, então a tocamos todas as noites, mas pra mim ela já deu o que tinha que dar…”

“(We Are) The Road Crew” foi escrita por Lemmy em dez minutos e virou hino daqueles que fazem a coisa acontecer no palco, os roadies. O impacto da letra de Lemmy foi tamanho que um membro da equipe do grupo chorou ao ouvir a banda tocar a canção pela primeira vez. Detalhe: Lemmy fez questão de levar todos os roadies pra dentro do estúdio para ouvir a nova homenagem. Em doze faixas impecáveis e viscerais, ficava provado que o Motörhead atravessava sua melhor fase.

A divertida foto da capa parecia ter sido capturada no meio de um deserto mexicano, mas na verdade foi feita numa pedreira desativada ao norte de Londres, durante uma manhã fria de outono. Segundo Lemmy, “Fast” Eddie Clarke tinha vontade de ser Clint Eastwood, e foi do guitarrista a ideia de se vestir como pistoleiro do oeste. Um fato curioso é que somente Lemmy já havia estado nos EUA naquela altura dos acontecimentos, pois havia excursionado por lá com o Hawkwind.

Foi só o disco ser lançado, no mês de novembro, que a demanda por aparições (já costumeiras) da banda no programa televisivo Top Of The Pops triplicou. O trio gravava essas aparições sempre dublando, como fazia a maioria dos convidados, e sem esquentar muito a cabeça. Raras exceções foram às bandas que fizeram ao vivo, como o Who e o Iron Maiden, por exemplo. O que o Motörhead nunca fazia era priorizar o Top Of The Pops ao invés de um show. Se eles estivessem em excursão e pintasse o convite, eles faziam o show e deixavam a TV de lado. Lemmy preferia perder uma audiência “fake” de cinco milhões de pessoas e ganhar mil ou dois mil fãs verdadeiros a cada show. Além disso, o baixista gostava de fazer valer a grana investida pela garotada nos ingressos. Era comum os integrantes terminarem o show, pegarem uma cerveja cada um e ficar distribuindo autógrafos aos fãs após os concertos.

Evidente que Lemmy, “Fast” Eddie e “Animal” Taylor tinham personalidade de sobra, e isso ficou ainda mais claro quando em agosto daquele ano de 1980 eles recusaram o convite para tocar na primeira edição do festival Monsters Of Rock, em Castle Donnington, e também no já famosíssimo Reading Festival. A razão? A “Over The Top Heavy Metal Brain Damage Party”, o festival particular da banda.

Enquanto isso, o jornalista Gary Bushell escreveu no semanário musical britânico Sounds: “Em Ace Of Spades o trio está mais rápido, pesado e bombástico do que nunca; e esse é o melhor trabalho do conjunto até agora. A bolacha varreu a nossa redação como um ciclone, e até Geoff Barton precisou reclamar que estava muito alto. Como diz o press release, somente os títulos das faixas já é capaz de fazer o seu ouvido sangrar. Esse álbum não é recomendado aos covardes. Terminado o disco eu só tenho uma certeza: de que Motörhead é Heavy Metal no mais significativo sentido do termo. Todo os demais grupos são puro fingimento…”

Em outubro o trio dá início à Ace Up Your Sleeve Tour, contando com Girlschool, Vardis e Weapon como bandas de abertura. Lemmy em White Line Fever: “Essa turnê foi uma produção gigantesca. Rodamos toda a Inglaterra com o equipamento de luz e o avião da tour do Bomber, com o fundo do palco da tour de Overkill, que tinha olhos iluminados e nos primeiros shows da excursão a gente ainda tinha uns tubos de luz que formavam uma carta de baralho gigante com o ‘ace of spades.’”

Para aproveitar o embalo dessa loucura toda, o antigo selo do grupo, a Chiswick Records solta um EP chamado Beer Drinkers EP, com quatro faixas (não lançadas) das sessões “do primeiro álbum lançado por eles”, Motorhead, de 1977. Já a Bronze, nem besta nem nada, solta uma edição limitada de um 12” de Ace Of Spades / Dirty Love, com o trio vestido de Papai Noel na capa! Um barato. Bem no meio da Ace Up Your Sleeve Tour, uma batida policial num hotel em que banda e equipe estavam hospedadas dá um susto geral no pessoal. Onze membros da entourage são detidos (da banda somente “Animal” Taylor), investigados e depois liberados pela polícia. Mesmo assim ameaças de mais batidas rondaram todo o restante da excursão.

O auge da tour aconteceu nas quatro noites em que a banda se apresentou em solo sagrado, no Hammersmith Odeon. Segundo testemunhas, aconteceu após o último show, no Clarendon Hotel, uma selvagem festa “natalina” organizada pela gravadora, com strippers que cuspiam fogo e tudo mais… Lemmy odiava essas ocasiões, onde ele se sentia pressionado a ser sociável com jornalistas e socialites: “Após um show eu prefiro sair sozinho com uma garota e ir a um bar qualquer ou me divertir no fundo do ônibus. Nessa época eu estava saindo com uma bela garota chamada Debbie, e assim que o show do Hammersmith acabou eu dei o baixo para o meu roadie, agarrei Debbie e saí com ela em direção à porta do teatro, junto do pessoal que estava saindo do meu próprio show. Alguns me olhavam e comentavam: ‘Olha! É o Lemmy’. E outros diziam: ‘não poder ser, é claro que não é’. Ninguém poderia acreditar que eu tinha saído tão rápido do palco, então ninguém me abordou, ou pediu autógrafo. Foi engraçado, pois eu enganei todo mundo…” Falando em jogar, apostar e enganar, esse era o mote principal da letra de “Ace Of Spades”.

No final de dezembro o Motörhead se mandou para a Irlanda para mais alguns shows. Depois do show em Belfast, Phil “Animal” Taylor leva a pior numa entorpecida brincadeira com um irlandês que era o dobro de seu tamanho. Ambos rolam abaixo a escadaria do hotel onde o grupo estava hospedado, com Taylor quebrando três vértebras de seu pescoço, e tendo sorte de não ter perdido os movimentos “do pescoço pra baixo” por toda a sua vida. Segundo Lemmy isso era até comum, já que o baterista estava sempre se envolvendo nesse tipo de acidente e que por pouco ele não escreveu um livro chamado “Os hospitais que eu conheci ao redor da Europa”, ou coisa do tipo.

O Motörhead terminava então o ano de 1980 adiando sua próxima turnê em função do acidente de seu baterista, que precisava ficar de molho por alguns meses. A ocasião, no entanto, foi proveitosa, já que o Motörhead aproveitou o tempo vago e se uniu ao Girlschool para gravar o lendário The St. Valentynes Day Massacre EP, no início do ano seguinte.

A reputação do Motörhead naquele ano refletiu na votação de “melhores do ano” da Sounds, onde os três integrantes do grupo apareceram no topo de quase todas as categorias. Na categoria “símbolo sexual masculino”, Lemmy ficou em segundo lugar, só perdendo para David Coverdale: “Eu não me importo, ele tinha mais cabelo do que eu”, ressaltou o baixista em sua autobiografia.

Motörhead: Os 30 anos de No Remorse

Coletânea trouxe quatro músicas inéditas com uma formação diferente das anteriores

por Ricardo Alpendre     12 set 2014

MotorheadHá trinta anos, no dia 15 de setembro de 1984, o Motörhead lançava o álbum duplo No Remorse. Embora seja uma coletânea dos sete anos do grupo no selo Bronze, de Gerry Bron, No Remorse trouxe quatro músicas inéditas de um Motörhead renascido, e foi ainda o último deles naquela gravadora.

Em 1983, o Motörhead havia perdido, com a saída de Brian Robertson, dois guitarristas em pouco mais de um ano. Naquele momento delicado, o baterista Philthy “Animal” Taylor anunciou a Lemmy, único remanescente da fundação da banda, que também estava de saída. A resposta do baixista e vocalista foi irônica como ele próprio: “Phil, seu timing é ótimo”. Pouco tempo depois, tendo recrutado os novatos Wurzel e Phil Campbell para o lugar que fora de Robertson (e, anteriormente, de Eddie Clarke), além do baterista Pete Gill, ex-Saxon, Lemmy estreou a nova formação do Motörhead em uma apresentação no Hammersmith Odeon. A relação com a Bronze já não era das melhores – o selo não tinha total confiança no novo line up. Para o álbum que o grupo ainda devia à gravadora, então, Lemmy compilou vinte faixas, que foram distribuídas em dois discos. Quatro músicas novas se somaram a elas, fechando, cada uma, um dos lados do vinil duplo.

No RemorseCom capa confeccionada em couro sintético preto estampado com a arte de Joe Petagno em prateado (embora seja mais facilmente encontrada a edição de capa convencional), No Remorse trazia nos encartes um texto de Malcolm Dome, da Kerrang!, e comentários de Lemmy, faixa a faixa.

Das quatro composições novas, creditadas ao novo quarteto, uma, “Killed by Death”, foi lançada em compacto duas semanas antes do álbum. Em uma das versões desse single, a de 12 polegadas, há duas músicas no lado B chamadas “Under the Knife”, embora elas sejam canções diferentes. Apenas uma delas aparece no compacto simples, e ambas estão entre as faixas bônus das reedições “deluxe” em CD de No Remorse.

Em fita cassete, a embalagem original também era especial: uma caixinha de couro, que imitava uma embalagem luxuosa de cigarros, e incluía até aqueles avisos sobre o mal que fazia à saúde.

O quarteto da época do lançamento de No Remorse viria a gravar ainda um álbum completo, o também importante Orgasmatron, em 1986, por um novo selo, GWR Records, do empresário Doug Smith.

pZ 10 (ESGOTADO)

Thin Lizzy, Grateful Dead, Malo, La Maquina de Hacer Pajaros, Cream etc.

por Bento Araujo     03 Maio 2013

A poeira Zine traz um especial sobre os últimos dias da banda de Phil Lynott, o glorioso Thin Lizzy. Em janeiro serão completados 20 anos da morte desse músico excepcional, assim, resolvemos antecipar as homenagens com esse especial. Os tempos pesados dos discos Renegade e Thunder And Lightning, a tour de despedida, o último disco duplo ao vivo e os derradeiros concertos são a tônica dessa super matéria. O Thin Lizzy dava suas últimas cartadas e agonizava em alto estilo, lotando shows, roubando a cena nos grandes festivais e voltando às paradas.

Os 40 anos da fundação do Grateful Dead e os 10 anos da morte de Jerry Garcia. Não poderíamos perder a oportunidade para fazer uma abordagem inédita sobre um fato bizarro que sempre acompanhou o Grateful Dead: o azar do grupo nos grandes festivais dos anos 60.

E Mais: entrevista com Jaques (Kaleidoscópio), Eldo Pop, Band Of Joy, Rick Wakeman no Brasil em 1975, etc.

Como Comprar: Lemmy Kilmister (Hawkwind/Motorhead)

Capas Históricas: Malo (Malo)

Canções que Mudaram o Mundo: Sunshine Of Your Love (Cream)

Pérola Escondida: La Maquina de Hacer Pajaros

Have A Nice Day: Thunderclap Newman / ? Mark and the Mysterians

poeiraCast 2 – Motörhead
por Bento Araujo     08 abr 2009