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Um jazzista de origem que fez história como um dos grandes bateristas do rock. Falecido no início do
Um jazzista de origem que fez história como um dos grandes bateristas do rock. Falecido no início do mês de outubro, Ginger Baker é o nosso assunto neste episódio!
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Mais uma lista para nos inspirar. Desta vez foi a da revista Bass Player: The 100 Greatest Bass
Mais uma lista para nos inspirar. Desta vez foi a da revista Bass Player: The 100 Greatest Bass Players of All Time!
Agradecimentos especiais aos apoiadores: Adriano Gatti, Alexandre Guerreiro, Artur Mei, Caio Bezarias, Carlos Albornoz, Clark Pellegrino, Claudio Rosenberg, Ernesto Sebin, Evandro Schott, Flavio Bahiana, Haig Berberian, Lindonil Reis, Luis Araujo, Luis Kalil, Marcio Abbes, Pedro Furtado, Ronaldo Nodari, Rubens Queiroz, Scheherazade, Sempre Música, Tropicália Discos e Válvula Lúdica.
É um jogo, como se fosse uma série, “abrindo o livro”. Desta vez abordamos o conteúdo do livro
É um jogo, como se fosse uma série, “abrindo o livro”. Desta vez abordamos o conteúdo do livro “The Mojo Collection – The Ultimate Music Companion”, abrindo-o aleatoriamente e comentando os discos selecionados. Contém Van Der Graaf, Joni Mitchell, Beastie Boys, Jack Bruce, Who, Cramps…
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Jeff Berlin pretende homenagear Jack Bruce em seu novo disco
“Quando Jack morreu, logo pensei em honrar a sua memória com um disco contendo algumas de minhas composições favoritas de sua autoria. Por anos, nos falamos em gravar um álbum juntos, mas o tempo não espera… Gravar músicas de Jack é muito mais que um projeto, será talvez a mais emocionante gravação da minha carreira”, relatou o baixista Jeff Berlin, um dos grandes nomes da cena fusion.
Jeff lançou recentemente uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar este seu novo trabalho, Songs for a Wailer, em homenagem ao baixista do Cream. Mas ele faz questão de garantir que não se trata de apenas mais um disco de covers: “Eu arranjei cada canção de Jack com novas e diferentes interpretações, fazendo questão de manter o espírito original das composições. Seu jeito de tocar e compor era assombroso e sempre me impressionou muito. Jack foi o único deus do contrabaixo pra mim”.
Quem desejar adquirir Songs for a Wailer em uma pré venda, basta acessar pledgemusic.com/projects/jeffberlinplaysjackbruce.
O traumático projeto teve vida breve, mas deixou um belo disco e uma turbulenta turnê
Os atritos entre Jack Bruce e Ginger Baker voltariam décadas depois da época do Graham Bond Organisation e Cream. Mais precisamente em 1989, quando Jack caiu na estrada para promover seu álbum A Question Of Time, ao lado do guitarrista Blues Saraceno (então com apenas 17 anos de idade), do tecladista Bernie Worrell (ex-Parliament/Funkadelic) e de Ginger Baker na bateria. Os anos 80 foram difíceis para Jack, uma década de experimentos musicais e transição. O músico contou com uma nova família, novos amigos e novos projetos musicais. O dinheiro continuava curto e centenas de tentativas de reerguer sua carreira foram fracassadas.
Clapton gozava de fama e fortuna, porém Jack estava completamente esquecido. Foi somente quando a Polygram lançou, em 1988, o box de quatro CDs Crossroads de Eric Clapton, onde algumas faixas do Cream estavam presentes, que o interesse do público em Jack Bruce ressurgiu, mesmo ele não sendo creditado corretamente no box. A mesma Polygram passou a relançar álbuns do Cream em CD e organizou uma coletânea do baixista sem consultá-lo (Willpower, em 1989), que continha dois novos temas: “Ships In The Night” e a faixa-título, ambas com Clapton dando uma força ao ex-companheiro de banda.
A Question Of Time marcou a volta de Jack à grande liga do rock. Foi bem recebido pela crítica e era seu primeiro álbum solo por uma major em quase dez anos, além de trazer muitos solos, uma pegada mais rock na linha do Cream e contar com Ginger Baker em duas faixas. Ginger entrava novamente de forma dramática na vida de Jack. Primeiro foi uma apendicite, que o deixou de molho algum tempo. Depois foi sua teimosia voltando com tudo, ao recusar escutar o disco novo de Jack para tocar algumas de suas canções na turnê. Jack passava horas e horas no ônibus, passando para o papel as partes de Ginger, para que ele pudesse executá-las nos shows. O jeito de conter o endiabrado baterista era oferecer-lhe muita maconha, deixando-o mais relaxado e fácil de lidar. Bernie Worrell tinha a missão de manter Ginger entretido com uma poderosa erva. Este era o único jeito dele aceitar ter que tocar com o inimigo de tantos anos, pulando de pub em pub, onde os camarins não passavam de banheiros imundos e pichados.
No primeiro show, Ginger permaneceu em pé atrás de seu kit, usando as baquetas como algo para tapar seus ouvidos. Gritou, ordenou que todos abaixassem o volume, pois a seu ver aquilo estava tudo muito alto. Disse que, daquele jeito, não tocaria. Isso na frente de centenas de pessoas. Jack se dirigiu ao microfone, fez um discurso alegando o quanto ele odiava seu baterista e saiu andando, era o fim do show.
Jack e Ginger duelavam como antigamente, não só entre si, mas também com a decadência que os rondava. Enquanto isso Clapton terminava sua sequência de 18 noites completamente lotadas no Royal Albert Hall.
Pra piorar, nessa época Jack Bruce se desentendeu com Pete Brown, seu antigo comparsa e letrista. Voltariam a se falar somente em 1993, quando Jack fez uma série de concertos em comemoração aos seus 50 anos de idade. Blues Saraceno não aguentou tanta confusão e bate-boca, trocando a banda de Jack pelo rock farofa do Poison. Pelo menos ele passaria a tocar em estádios, para milhares de pessoas, como fez no Hollywood Rock, aqui no Brasil, em 1994. Com a saída de Saraceno, Margrit, esposa e empresária de Jack, ligou para seu guitarrista favorito, Gary Moore, tentando convencê-lo a vir tocar com seu marido.
Jack conheceu Gary Moore em 1979, quando ambos participaram das sessões de gravação de Over The Top, disco solo de Cozy Powell. Em 1982, Jack cantou e tocou na faixa “End Of The World”, contida no disco Corridors Of Power, de Gary. Voltaram a se ver e a tocar nos shows de aniversário de Jack. Havia uma química ali e todos sabiam disso.
Jack e Ginger se encontraram com Clapton naquele ano de 1993, quando o Cream foi homenageado ao entrar para o Rock ‘n’ Roll Hall Of Fame. Tocaram juntos e fizeram uma pequena apresentação de 40 minutos, transmitida para todo o planeta. Uma volta do Cream começou a tomar forma nas cabeças de Jack, Ginger e de todos os fãs do grupo, menos na cabeça de Clapton, que não iria trocar o conforto e a alta renda de sua carreira solo por nada neste mundo.
Se Clapton não topou a volta do Cream, que tal chamar Gary Moore para substituí-lo, já que ele é possivelmente o fã #1 do trio? Parecia uma ótima ideia.
Decidiram não usar o velho nome em respeito a Eric, adotando Bruce Baker & Moore, ou BBM. Em sua biografia, Jack nega que ele e Ginger foram tocar com Gary por essa razão: “A ideia foi escrever com Gary material que o Cream poderia ter composto na época em que atuou. Muitas bandas como o Oasis estavam se dando bem utilizando ideias musicais dos Beatles… Fomos esmagados pela crítica por fazer algo similar.”
O projeto lançou um único álbum, em 1994, Around The Next Dream, um sucesso comercial na Europa, chegando até mesmo ao Top 10 britânico. O novo material agradou aos fãs de Cream, já que muitas de suas composições pareciam com clássicos executados pelo trio dos anos 60. “Waiting In The Wings” apostava na mesma levada e wah-wah’s de “White Room”; “High Cost Of Living” tinha algo de “Born Under A Bad Sign”; “Where Is The World” flutuava entre “World Of Pain” e “As You Said”; “Why Does Love Have To Go So Wrong” era semelhante a “We’re Going Wrong” e “Cities Of Gold” parecia um arremedo de “Crossroads”. Se o público curtiu, a crítica desceu o pau, alegando que Jack e Ginger estavam vivendo do passado. Jack havia sido criticado por empresários de gravadoras por cunhar um material “muito pouco comercial”. Agora ele estava fazendo o oposto, então era a vez de escutar as reclamações da imprensa.
“Creio que Gary foi muito corajoso ao topar tocar comigo e com Ginger”, confessa Jack. Gary Moore tinha uma carreira solo consistente e bem resolvida. Vinha se aventurando com muito sucesso por uma fase blues naquele início dos anos 90. Mesmo sendo uma estrela por si só, sentiu-se ameaçado pelos egos de Bruce e Baker, que eram seus ídolos de adolescência. Moore não conseguia esconder seu nervosismo por estar, de certa maneira, calçando os sapatos de Clapton. A pressão era enorme e, como em projetos desse tipo, tinha mais gente torcendo pra dar errado do que pra dar certo.
Na turnê de promoção de Around The Next Dream, o repertório do trio consistia em faixas novas misturadas a clássicos do Cream, como “Politician”, “I Feel Free”, “White Room”, “Sunshine Of Your Love” e “Tales Of Brave Ulysses”. Ginger se recusava a ensaiar, pois alegava a todo instante que odiava rock ‘n’ roll. Agressões verbais voltaram a voar por todo lado entre Jack e Ginger. Nos dias de Cream, quando isso acontecia, Eric ficava na dele, em completo silêncio. Gary Moore, que também sempre teve um ego pra lá de inflado, entrava de cabeça nas discussões. Era evidente que se aquilo tudo durasse seis meses, seria muito. Problemas de audição de Baker e Moore rondavam as discussões, mesmo assim Bruce e Moore não queriam de forma alguma baixar o volume. Baker odiava tocar com Moore e, anos depois, deixou isso muito claro em diversas entrevistas.
Os dois primeiros shows da turnê do BBM foram cancelados, o trio sentia que ainda não estava pronto e maduro o suficiente para as apresentações. Durante o show de aquecimento pra turnê, no Marquee, o pau comeu solto, no palco e nos bastidores. Resolveram então cancelar o show de Belfast, simplesmente para acalmar os ânimos. O próximo show aconteceu numa festa do selo deles, a Virgin. Segundo Moore, o show foi horrível, com os executivos e convidados da gravadora bebendo e conversando de costas para o palco. O trio, obviamente, ficou furioso.
Em algumas noites, eles acertavam, como os três shows que fizeram num estádio de futebol lotado, na Espanha. Nessas apresentações, as jams rolavam soltas. E a grana entrava sem parar, para Jack foi ótimo. Mesmo com o fim prematuro do BBM, Jack e Gary continuaram amigos. Fizeram outros shows juntos, tendo Gary Husband como baterista.
Artigo originalmente publicado na pZ 44
No último programa do ano, repassamos o que rolou de melhor e pior em 2014: shows, discos, relançamentos,
No último programa do ano, repassamos o que rolou de melhor e pior em 2014: shows, discos, relançamentos, livros e, claro, a perda de vários de nossos ídolos.
ATENÇÃO: o poeiraCast entrou em férias e volta com força total em fevereiro de 2015.
O editor da pZ relembra e celebra o seu baixista favorito
Não foi “Sunshine Of Your Love”. Provavelmente o meu primeiro contato com Jack Bruce foi com “I Feel Free”… E foi em vídeo, um promo dos 60, do Cream dublando um de seus primeiros hits. A voz me impressionou, mais ainda aquela linha de baixo.
Foi a porta de entrada. Decidi mergulhar na obra daquele sujeito. Primeiro foi o Cream, supertrio o qual venerei e decorei os álbuns. Sim, Clapton levou a fama, Baker é também um monstro, mas para mim, quem sempre segurou a banda nas costas foi Jack.
Quando o papo é carreira solo dos ex-Cream, aí é covardia. A sequência Songs for a Tailor, Things We Like, Harmony Row, Out of the Storm e How’s Tricks é de outro mundo. Não é somente questão de virtuosismo no baixo, é composição, originalidade e interpretação. O que sempre me deixou perplexo é o quanto a carreira solo dele é subestimada e ignorada, até mesmo dentro do rock.
Mas se o rock nunca deu o merecido reconhecimento a Jack, o jazz deu. Tony Williams, Carla Bley, Billy Cobham e muitos outros admiravam e tocaram com o baixista em algum momento de suas carreiras. “Sou apenas um camponês”, disse Jack ao Jornal da Globo, ao ser perguntado se a fama de Clapton o incomodava. “A história é sempre escrita do ponto de vista dos vencedores”, ele me disse em 2012, quando o entrevistei para a pZ e perguntei a razão dele não ser festejado (em sua fase no Tony Williams Lifetime) um dos pais do fusion, ao lado de Miles e Zappa.
Entrevistar Jack foi tranquilo, conhecê-lo pessoalmente foi mais difícil. Quando ele veio tocar em São Paulo pela primeira e única vez, em 2012, fui apresentado pelo amigo André Christovam, que na verdade foi um dos idealizadores do show, ao lado de outro amigo, Marcel Castro. Levei a edição da pZ em vigor na época, com Jack na capa, contendo um longo artigo que escrevi e a entrevista que havia realizado com ele. Pensei em entregar um exemplar pessoalmente, mas constatei que Jack não pegava nada, nenhum presente, de ninguém. Sua esposa e empresária explicou a posição do marido, que no momento estranhei, mas depois compreendi perfeitamente: já pensou viajar o mundo, aos 70 anos de idade, e ficar carregando cacarecos dados pelos fãs, só pra fazer uma média? Jack Bruce nunca precisou fazer média, talvez por isso seu santo nunca bateu com a indústria fonográfica.
No dia que o conheci, achei Jack já bem debilitado, com a saúde muito frágil. Tudo bem que ele havia acabado de realizar uma intensa apresentação, mas percebi que ele estava com dificuldade de andar e se comunicar. Sua última imagem não sai da cabeça: ele adentrando ao elevador com a esposa, acenando com as mãos, ao mesmo que tentava se equilibrar. Senti uma pontada no peito e constatei que o tempo estava passando rápido.
Naquela noite, sem perceber, fui colocado numa foto curiosa, só com baixistas da pesada. De repente lá estava eu, baixista amador que sou, ao lado de Antonio Pedro de Medeiros (Mutantes), Carlão (A Chave), Willy Verdaguer (Secos & Molhados, Humahuaca etc.), Fábio Zaganin e claro, Mr. Bruce. Que honra! Essa eu devo eternamente ao André Christovam… “Só eu e você gostamos do Things We Like, ele sempre me diz”.
Hoje eu recebi a notícia da morte de Jack Bruce, e lá se vão mais de dez anos daquele seu fatídico transplante de fígado. Quem leu a sua biografia sabe que o baixista já havia morrido uma vez, mas essa agora parece ser definitiva. Lembrei também de quando escutei pela primeira vez o disco Climbing!, do Mountain, e fiquei estarrecido com uma canção: “Theme For An Imaginary Western”, de autoria do velho Jack. Foi quando percebi o seu valor também como compositor.
Lembranças e mais lembranças, quando o assunto é morte, bate a nostalgia. Mas o que importa é a inspiração desse sujeito e seu eterno legado musical. Jack fez música de verdade.
Celebramos o legado do baixista relembrando o papo que tivemos com ele em 2012
O pronunciamento veio via Facebook, Twitter e site oficial: Jack Bruce morreu aos 71 anos de idade, postou sua família. Ele que além de uma excelente carreira solo, passou por bandas como Cream, West Bruce & Laing, Graham Bond Organization, BBM e tocou/gravou com centenas de músicos como Tony Williams, Robin Trower, Gary Moore, Rory Gallagher, Carla Bley etc.
A mensagem divulgada foi: “É com grande tristeza que nós, a família de Jack, anunciamos a passagem de nosso querido Jack: marido, pai, avô e lenda. O mundo da música ficará mais pobre sem ele, mas ele sobreviverá por meio de sua música e estará para sempre em nossos corações”.
Jack morreu em sua casa, em Suffolk, rodeado pela família. Acredita-se que a causa foi uma falência do fígado. O músico inclusive havia realizado um transplante do órgão em 2003.
Abaixo relembramos a entrevista que fizemos com Jack Bruce, em 2012, quando ele estava para aportar pela primeira (e única) vez no Brasil. Jack foi inclusive capa de nossa edição número 44.
poeira Zine – Miles Davis e Frank Zappa são considerados os pioneiros na fusão de jazz com rock. Você nunca levou crédito por isso, como se sente?
Jack Bruce – O Tony Williams Lifetime, principalmente depois que me juntei, foi o primeiro grupo realmente digno de ser chamado de jazz rock ou fusion. Penso que a história é sempre escrita do ponto de vista dos vencedores.
pZ – Quando o Cream se separou, aquilo foi, obviamente, um baque enorme. Mas era aquele o caminho que você queria seguir?
JB – Minha carreira poderia ter tomado diferentes rumos. Eu poderia ter ficado em Glasgow e ter me tornado professor de música ou de inglês. De qualquer forma, o Cream proporcionou que as minhas ideias musicais alcançassem um grande número de pessoas e isso era importante pra mim naquela época.
pZ – O que você lembra do funeral de Graham Bond?
JB – No funeral dele tinha um imenso órgão de tubos e eu me senti inspirado a improvisar uma peça musical em sua memória, como forma de honrá-lo. Lembro que muitas pessoas ficaram emocionadas com aquilo. Foi a maneira que encontrei para conseguir me despedir de Graham. O poder da música é com certeza algo transcendental.
pZ – Você tocou com Zappa em “Apostrophe”. Quais as lembranças daquela sessão de gravação?
JB – Eu conhecia e admirava Zappa por algum tempo, inclusive eu e Eric Clapton íamos com certa frequência assistir seus shows vespertinos no Greenwich Village, em New York. Além disso, o Mothers of Invention tinha feito alguns shows com o Cream. Frank entrou em contato e perguntou se eu poderia gravar algo com o meu violoncelo. Como eu não estava com meu violoncelo em Nova York, ele pediu para que eu tocasse baixo, com ele e com Jim Gordon na bateria. Eu improvisei um riff, que se tornou “Apostrophe”.
pZ – Você compunha e gravava seus primeiros discos solo de uma maneira única, muito pessoal. Que tipo de som, ou sentimento, você estava buscando ao fazer aquilo?
JB – Nos meus primeiros discos solo eu gravava as bases apenas com guitarra, bateria e piano. Isso gerava suavidade e criava alguns espaços, o que fazia os músicos escutarem uns aos outros. Também me dava a oportunidade de regravar as partes de baixo por último, o que é sempre muito divertido.
pZ – No próximo mês de maio você irá completar 70 anos de idade. Qual seria o presente ideal?
JB – Meu presente de aniversário ideal seria a paz no mundo, junto talvez de uma Ferrari GTO vermelha.
pZ – Muitos dizem que você tem sempre uma necessidade constante, a de estar num supergrupo. Você concorda? Sempre se sentiu confortável nesse tipo de formação?
JB – Eu realmente não sei o que é um supergrupo. Eu só sei que adoro tocar com músicos inspiradores.
pZ – Como era a cena musical britânica antes dos Beatles?
JB – Antes deles aparecerem, a cena era realmente inspiradora, educacional inclusive. Eu e meus amigos éramos revoltados e queríamos virar o mundo de cabeça pra baixo. Quando os Beatles surgiram, tudo ficou mais colorido, mas existiam muitas outras bandas e artistas igualmente importantes e significantes pela Inglaterra, até então.
pZ – Como é vir ao Brasil pela primeira vez?
JB – Estou muito, muito excitado, por ter finalmente essa chance de tocar no Brasil e na América do Sul. Irei valorizar e aproveitar ao máximo cada momento dessa turnê. Espero encontrar os muitos amigos que fiz através dos anos, mas que ainda não tive a chance de ser apresentado pessoalmente.
pZ – Jack, uma palavra para definir o que vou dizer:
Cream? Transcendental.
West Bruce & Laing? Heroína.
Robin Trower? Dedicação.
Songs For A Tailor? Genie.
Pete Brown? Poeta.
Felix Pappalardi? Tragédia.
Harmony Row? Glasgow.
Gary Moore? Paixão.
Cindy Blackman? Supermodelo.
Things We Like? Jardim da infância.
Graham Bond? Vendedor.
Tony Williams? Gênio.
Neste episódio, grandes álbuns (ou nem tão grandes assim) de artistas solo ou “bandleaders” que são ases das
Neste episódio, grandes álbuns (ou nem tão grandes assim) de artistas solo ou “bandleaders” que são ases das quatro cordas. Estrelando: Jack Bruce, Chris Squire, Paul McCartney, John Entwistle e muitos outros.
Jack Bruce, Wishbone Ash, Bloodrock, Módulo 1000, Neu!, Zombies, Turtles, Can etc.
JACK BRUCE
A jornada solitária, subestimada, de Jack Bruce é o tema central deste número da pZ, assim como um papo exclusivo com ele. Sua impecável carreira solo, suas passagens pelo Cream, West Bruce & Laing, Graham Bond Organisation, Manfred Mann, BBM, Tony William’s Lifetime, Spectrum Road, Blues Incorporated, John Mayall Bluesbreakers etc. Uma bela oportunidade para entender esse artista que sempre fez questão de estar muito à frente de seu tempo.
BLOODROCK
Martin Popoff, nosso colaborador canadense, disseca minuciosamente a trajetória do Bloodrock e também o primeiro disco do grupo, de 1970. A rivalidade com o Grand Funk Railroad, o relacionamento conturbado com Terry Knight etc. Papos com os integrantes do grupo enriquecem este especial.
MARTIN TURNER
O baixista do Wishbone Ash esteve no Brasil e respondeu as perguntas de nossos leitores. Falou de Argus e de outros clássicos da banda, de seus ex-companheiros de banda, de Steve Harris, Ritchie Blackmore e muito mais.
MÓDULO 1000 – A PRÉ-HISTÓRIA, PARTE I
Nosso especialista, Nelio Rodrigues, analisa os primeiros passos dessa banda brasileira cultuada no mundo todo.
SUMMER GIGS USA
The Zombies, Procol Harum, Neil Young & Crazy Horse, Grand Funk Railroad. Cobertura exclusiva de shows que nosso editor, Bento Araujo, assistiu nos EUA recentemente.
E mais:
Neu!, Caedmon, The Stark Reality, Can, The Addicts, The Turtles, The New Vaudeville Band, The Aggregation, Harmonium e muito mais.