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Um Jantar com o Gigante

Confira como foi o nosso encontro com Derek Shulman, ex-vocalista do Gentle Giant

por Bento Araujo     19 dez 2014

Derek Shulman 1974

É claro que quando as coisas acontecem de surpresa é muito mais legal. Foi numa bela tarde que fomos convidados para um jantar ao lado de uma lenda do rock progressivo, o ex-vocalista do Gentle Giant, Derek Shulman.

Derek há muito tempo abandonou o palco e os discos para se dedicar à carreira de executivo e “olheiro” de grandes gravadoras. Descobriu talentos diversos como Dream Theater, Pantera, Bon Jovi, Cinderella, e trabalhou com AC/DC, Bad Company e muitos outros. Foi presidente da Roadrunner Records e agora trabalha ao lado do empresário Leonardo Pavkovic na 2PLUS Music & Entertainment.

Derek e Leonardo vieram para São Paulo acompanhar a Virada Cultural e tivemos a honra de acompanhar a dupla durante um jantar pra lá de agradável.

Sentamos ao lado de Derek na mesa e logo sacamos a edição #18 da pZ, com o Gentle Giant na capa. Derek ficou espantado com as fotos e com a extensão do texto no geral. Dali por diante emendamos um bom papo pelas próximas horas.

Derek foi contando histórias e relembrando trechos hilários de sua carreira ao lado do Gentle Giant. Quando o assunto era a cena musical britânica dos anos 60, período que ele e seus irmãos tocavam numa banda de beat/soul chamada Simon Dupree and The Big Sound, sua empolgação se tornava ainda mais visível.

Voltando um pouco no tempo, perguntamos qual foi o primeiro show de rock que ele assistiu: “The Beatles em 1964. Precisei faltar na escola pra conseguir ir ao show. Falei que estava com gripe e que não poderia comparecer às aulas no dia seguinte. O problema é que o show foi exibido pela televisão e eu estava na primeira fileira! (risos) Todo mundo me viu: a professora, os meus pais, amigos, etc… No dia seguinte foi difícil explicar tudo…”

Falando ainda em shows, Derek não tem dúvidas quando diz qual o melhor show que viu na vida: “Qualquer um do Jimi Hendrix Experience. Era algo simplesmente fenomenal, uma experiência única. Tocamos algumas vezes com ele na época do Simon Dupree e era sempre arrasador.”

Falando ainda em shows pelos anos 60, Derek não se intimida ao desmistificar o Pink Floyd da época: “O show deles era muito ruim e maçante, simplesmente porque eles não sabiam tocar, por volta de 1967, quando Syd Barrett ainda estava na banda… Quando David Gilmour entrou no grupo isso mudou…”

Pergunto a ele qual vocalista mandava bem nos clubes e festivais da época e ele não hesita em dizer: “Terry Reid, excelente vocalista e músico, e também um cara muito boa gente… Pena que as drogas acabaram com a sua carreira. Agora aquele lance de que ele recusou cantar no Led Zeppelin é papo pra boi dormir… A banda nem ao menos existia, então como é que isso aconteceu?”, pergunta o gigante.

Nisso, Derek puxa do bolso o seu celular e começa a mostrar centenas de fotos. São fotos da época da gravação dos primeiros álbuns do Giant, de cartazes de shows da época e de outros grandes grupos britânicos dos anos 60. Enquanto vai se divertindo e comentando cada foto, não poupa elogios ao produtor Tony Visconti (produtor dos dois primeiros álbuns do Giant) e a Graham Bond, segundo ele, um dos músicos mais respeitados da cena.

Bento Araujo e Derek ShulmanEntre um chopp escuro e outro, o papo vai ficando ainda mais descontraído, principalmente quando Derek conta sobre a primeira excursão do Gentle Giant pelos EUA, abrindo para o Black Sabbath. Foi impossível conter as gargalhadas: “Foi realmente assustador tocar com o Black Sabbath, principalmente no show que fizemos no Hollywood Bowl, em Los Angeles. Todo mundo estava lá para ver o Sabbath, que era a banda principal da noite. Subimos ao palco e começamos a tocar, de repente alguém disparou fogos de artifício em nossa direção! Depois de um estouro ensurdecedor, uma nuvem de fumaça pairou sobre o palco… Paramos de tocar imediatamente e Phil, meu irmão mais velho, foi ao microfone e disse: ‘Vocês são mesmo uns cuzões!’ Fomos vaiados de forma impiedosa e deixamos o palco com o rabo entre as pernas… Hoje soa engraçado, mas na época não foi nada legal… (risos)”

Conversamos ainda sobre a discografia do Gentle Giant  – “Civilian é um álbum injustiçado, que até hoje não foi compreendido, mas creio que isso irá mudar mais adiante” –  e sobre o selo Vertigo – “foi uma honra fazer parte desse selo tão bacana… Éramos jovens, amigos uns dos outros, e até hoje eu gosto de discos de bandas como Juicy Lucy, Ben, Colosseum e o primeiro do Rod Stewart”.

Derek disse ainda que essa é a sua segunda visita ao Brasil: “Estive no Brasil nos anos 80, acompanhando o Bon Jovi quando eles tocaram por aqui pela primeira vez. Foi muita correria e não consegui sair daquela rotina de hotel/show. Dessa vez estou curtindo bastante, passeando pela cidade e tudo mais…”

É, não é sempre que você topa com um gigante…

pZ 37

Love, Tony & Frankye, Chris Squire, Dug Dug’s, Campo di Marte, Derek Shulman, Brazilian Bitles, Los York’s etc.

por Bento Araujo     11 jul 2014

LOVE
A pZ passa a limpo a trajetória de ARTHUR LEE e de sua banda LOVE, grupo seminal norte-americano dos anos 60 responsável pela obra-prima Forever Changes e outras. Inclui álbuns comentados, fotos inéditas, a relação de Lee com Jim Morrison e muito mais. Dos anos dourados da Sunset Strip passando pelos anos amargos da prisão, até a volta triunfal na década passada e a morte de Arthur Lee há cinco anos.

CAMPO DI MARTE
O lendário grupo italiano que lançou um único trabalho (em 1973), mas mesmo assim entrou para a história do rock progressivo mundial.

CHRIS SQUIRE
O pZ Hero dessa edição é também um herói do contrabaixo. Seu espírito de liderança no YES, seu genial trabalho solo em Fish Out Of Water, sua passagem pelo SYN e muito mais!

BRAZILIAN BITLES

A segunda parte da curiosa trajetória desse lendário agrupamento beat carioca.

SELO ISLAND
A segunda parte de um extenso levantamento sobre o período mais rico de um dos grandes selos independentes dos anos 60 e 70. O que disseram na época e o que temos a dizer hoje sobre trabalhos de grupos como King Crimson, Jethro Tull, Traffic, Mountain, Quintessence, Fairport Convention, Spooky Tooth, Blodwyn Pig, Bronco, Renaissance, Mott The Hoople, White Noise, Nick Drake, If, Paladin, Procol Harum, Juicy Lucy, Nirvana e muitos, muitos outros.

FORA DO EIXO
Um passeio pelo mundo exótico da música através de bandas como Mantis (Ilhas Fiji), Los York’s (Peru), The Magic Bubble (Canadá), The Loved Ones (Austrália) e Black & White (Alemanha)

Mundo Bolha:
Dug Dug’s, Jim Capaldi, Presto Ballet, Cromagnon, Derek Shulman, Eddie Cochran, etc.

Capas Históricas: Caravan (Caravan)

Pérolas Escondidas: Space Opera, Zao, Tony & Frankye, Hounds, Orpheus e Roger Rodier.

Have a Nice Day: “Funky Nassau Part I” – The Beginning Of The End