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Os Discos do Urso

A incrível coleção de discos de Bob “The Bear” Hite, do Canned Heat

por Bento Araujo     17 nov 2015
Bob Hite e sua coleção

Bob Hite e sua coleção

“Assim que eu comecei a andar eu fiquei fascinado pelos discos dos meus pais que ficavam espalhados pela casa. Saía música desses discos e isso me interessava, não o que estava gravado neles. Ao invés de se interessar por brinquedos, como a maioria das crianças, eu me interessava por discos. Ao cinco anos eu já engraxava sapatos para ter dinheiro para comprar discos para a minha coleção. Eu odiava estudar e o meu negócio não era fazer planos para o futuro, era apenas escutar os meus discos. Enquanto meus amigos lavavam seus carros e saíam com as garotas eu ficava escutando os meus discos em casa”.

Bob “The Bear” Hite começou colecionar discos muito cedo, como declarou acima, e sua coleção de antigas gravações de blues em 78 rotações até hoje é uma das mais impressionantes do mundo. Ele começou recebendo doações de discos da igreja que frequentava quando criança. Logo passou a imaginar como seria ter uma banda para tocar muito daquele blues rural esquecido pelas novas gerações.
Nos anos 50, quando ainda era um adolescente, mudou-se com seus pais para Denver. Três quartos de todo o peso da mudança vinham de sua coleção. De volta a Califórnia ele trabalhou em várias lojas de discos em Venice Beach e sempre que podia arrematava coleções de pessoas que faleciam, ou trocavam seus velhos discos de 78 rpm pelos de 33 rpm.

O Canned Heat surgiu na casa de Bob Hite, com outros colecionadores como ele (Alan Wilson e Henry Vestine), todos compartilhando aquela mesma paixão. Era comum passarem dias e mais dias seguidos escutando discos da coleção de Hite. Seu grande prazer era dar festas e mostrar algumas das pérolas de sua enorme coleção. Quando começou a excursionar pelo mundo com a banda, visitava religiosamente as lojas de discos das cidades por onde passava, aumentando consideravelmente a sua coleção.

Por volta de 1980, pouco antes de sua morte, sua coleção consistia em cerca de dois mil LPs e nada menos que 78 mil discos de 45 e 78 rotações. Naquela altura, infelizmente, foi obrigado a se desfazer de pérolas do seu tesouro para poder pagar dívidas e contas atrasadas.

Após a sua morte, uma parte de sua fabulosa coleção foi vendida pela família, outra parte foi literalmente dizimada, desmembrada e até mesmo saqueada. O pouco que sobrou acabou ficando sob os cuidados do baterista Fito de la Parra.

Décadas depois, parte desse material serviu de base para duas compilações do selo belga Sub Rosa: Rarities from the Bob Hite Vaults e Bear Traces: Nuggets from Bob’s Barn (Bob Hite Vaults Volume 2).

O Canned Heat está na capa da pZ 62, veja mais sobre essa edição clicando aqui.

pZ 62

Canned Heat, Foghat, Terreno Baldio, Gillan, Pax, Tomorrow, Mark Farner, Mitch Mitchell etc.

por Bento Araujo     07 out 2015

CANNED HEAT
Quando o assunto é o blues pesado, branco e elétrico dos anos 60, todos se lembram geralmente das bandas britânicas: Cream, Fleetwood Mac, Ten Years After, Savoy Brown, Chicken Shack e muitas outras. Mas no país que inventou e disseminou o blues, os Estados Unidos da América, a revolução também estava acontecendo em meados daquela década, com nomes como Paul Butterfield Blues Band e Canned Heat. Eric Clapton, Peter Green, Alvin Lee, Kim Simmonds e Stan Webb podiam muito bem conhecer o gênero que tanto apreciavam, mas os dois fundadores do Canned Heat, Bob Hite e Alan Wilson, possuíam mais do que uma paixão pelo blues, possuíam um conhecimento enciclopédico do gênero. Talvez por essa razão que o Canned Heat seja considerado o grupo branco de rock que mais se especializou em atualizar antigas e obscuras gravações do blues. Além dessa muito peculiar e preciosa interpretação, o Canned Heat ainda promoveu, como nenhuma outra banda de sua geração, o interesse do público com os artistas originais do blues. Em sua trajetória foi comum o grupo gravar e colaborar com ícones do gênero, ajudando-os a ganhar novamente alguma notoriedade dentro do grande público.

GILLAN
Ian Gillan completou 70 anos de idade. Será lembrado para sempre como o vocalista do Deep Purple, mas teve uma passagem relâmpago pelo Black Sabbath que gerou um dos maiores álbuns da história do heavy metal (Born Again, 1983), foi vocalista do Episode Six e protagonizou uma extensa, porém subestimada carreira solo. Além de discos como artista solo, fundou duas bandas que carregavam seu nome: Ian Gillan Band e Gillan, ambas representando fielmente o período em que atuaram. A primeira apostava numa sonoridade fusion típica do fim dos anos 70, a segunda navegava dentro da estética do heavy metal e da NWOBHM, populares no início da década de 80. Gillan, a banda, durou cinco anos (1978-1982) e deixou seis álbuns para a posteridade. Na época fizeram sucesso na Europa e no Japão, mas nunca tiveram penetração no mercado norte-americano, ao contrário de bandas de outros ex-integrantes do Deep Purple, como Rainbow e Whitesnake. Aproveitando as sete décadas de vida do Silver Voice, a pZ relembra os cinco gloriosos anos da banda Gillan.

TERRENO BALDIO
A trajetória de um dos pilares do rock progressivo brasileiro dos anos 70. Os discos, as apresentações e todas as aventuras da banda de Roberto Lazzarini, João “Fusa” Kurk e Mozart Mello.

MARK FARNER (ENTREVISTA)
O líder, vocalista, guitarrista e principal compositor do Grand Funk Railroad falou com a pZ em três ocasiões. Somente uma dessas entrevistas foi publicada, na edição #40, quando Mark Farner estava arrumando as malas para vir se apresentar pela primeira vez no Brasil e nos atendeu via telefone. As outras duas entrevistas foram feitas pessoalmente, quando o músico esteve em São Paulo, mas, por alguma razão, permaneceram inéditas até agora. A primeira delas aconteceu em 2012, no quarto de hotel de Mark e a segunda em 2014, no bar do hotel onde ele estava hospedado. O que você confere nesta edição é um compilado do que de mais interessante rolou nessas duas conversas. A ocasião é propícia, principalmente porque o guitarrista acaba de lançar o seu mais novo trabalho, MF 432, um EP de quatro faixas.

FOGHAT
Nesse número trazemos também uma banda que nasceu inspirada no blues, o Foghat, que surgiu das raízes do Savoy Brown, um dos pilares do blues britânico dos anos 60.

PAX
O rock sulamericano dos anos 60 e 70 está recheado de figuras chave, ícones que na época romperam barreiras com sua música e atitude. Se fora de seus países o reconhecimento ainda é tímido, regionalmente essas figuras icônicas são tratadas com reverência. É exatamente este o caso do fundador do Pax, Enrique “Pico” Ego-Aguirre, guitarrista, compositor e produtor nascido em Lima, Perú. O grupo lançou um único trabalho, em 1970, que rivaliza com clássicos de nomes como Black Sabbath e Deep Purple.

TOMORROW
Uma das maiores forças do underground britânico da década de 60, o Tomorrow lançou dois fulminantes compactos no Verão do Amor. O disco completo veio somente muitos meses depois, quando a febre psicodélica já havia passado. Mas, como legado, ficou esta pequena obra-prima e a popularidade que alguns de seus integrantes conquistariam em diversas bandas nos anos seguintes.

MITCH MITCHELL
O baterista do Experience nasceu em 9 de julho de 1947, em Ealing, Middlesex, Inglaterra, e escreveu seu nome com letras garrafais na história do rock. É o nosso pZ Hero da vez.

E MAIS:
The Galaxies, Lowell George, Paulo Bagunça, Bruce Palmer, Life, The Charlatans, Trader Horne, Racing Cars, Renato Ladeira, Dwight Twilley, Catherine Ribeiro + Alpes, Józef Skrzek, Lothar And The Hand People etc.

Canned Heat ao vivo nas prateleiras

Lançamentos incluem show com John Lee Hooker

por Ricardo Alpendre     26 jun 2015

Canned HeatTrês shows do Canned Heat gravados no início da década de 1970 estão chegando ao mercado em lançamentos do selo Cleopatra.

O primeiro deles, já lançado em abril, promete ser, se não o melhor, o de maior valor histórico: o grupo em companhia de John Lee Hooker em pleno Carnegie Hall, em 1971, na turnê que sucedeu o lançamento do álbum Hooker ‘n Heat, já sem o gaitista e guitarrista Alan Wilson, morto no ano anterior. Além do CD, o álbum sai em LP de vinil verde, edição limitada. O texto é do renomado Dave Thompson, e inclui uma nova entrevista com o baterista Fito de la Parra.

O segundo lançamento, em maio, contém uma apresentação da banda em 1973 em Estocolmo, na Suécia.

O terceiro, que chegará às lojas em julho, deverá se chamar Illinios Blues 1973, e o selo ainda não adiantou informações sobre ele além do nome, que ao menos revela o ano do concerto, e que foi no estado que abriga a tão inspiradora Chicago.

poeiraCast 166 – Canned Heat
por Bento Araujo     02 out 2013