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poeiraCast 407 – O Rock Progressivo em 1969

1969: ano zero do prog? Os álbuns lançados cinquenta anos atrás apontando para uma sonoridade progressiva, alguns até Mais

por Bento Araujo     03 abr 2019

1969: ano zero do prog? Os álbuns lançados cinquenta anos atrás apontando para uma sonoridade progressiva, alguns até considerados modelos perfeitos do estilo, são nosso assunto principal desta semana.

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O imponente rock holandês do Brainbox

Grupo que entrou para a história como o “pré-Focus”, por onde passaram o guitarrista Jan Akkerman e o baterista Pierre van der Linden. Este importante fato acabou de certa forma ofuscando a música do Brainbox

por Bento Araujo     17 set 2015

BrainboxAs origens do Brainbox aconteceram ao redor do novato vocalista Kazmierz “Kaz” Lux, um jovem descendente de poloneses vencedor de um concurso de talentos promovido pelo selo local Bovema. O primeiro prêmio era a gravação de uma demo. O selo não ficou nada impressionado com os amigos de Kaz e sugeriu que músicos profissionais de estúdio gravassem ao lado do vocalista. Foi assim que Kaz foi apresentado a Jan Akkerman e Pierre van der Linden. Meses depois, o trio resolveu montar o Brainbox, escalando o baixista Andre Reynen.

Em 1969 pintaram os primeiros compactos, “Down Man”, “Sea of Delight” e “Summertime”, e, no ano seguinte, o elepê completo: Brainbox, clássico absoluto do rock holandês daqueles tempos.

“Dark Rose”, a faixa de abertura do disco, gerava todos os indícios necessários: a voz blueseira de Kaz (um amante de Howlin’ Wolf), a guitarra jazzista de Akkerman (um amante de Tal Farrow, Diango Reinhardt, Bola Sete e Julian Bream), uma cozinha firme e os sopros precisos de Tom Barlage, do Solution, participando como convidado especial no álbum, tocando flauta.

A pZ entrevistou Jan Akkerman com exclusividade e obviamente falamos do Brainbox. Perguntei a ele quais eram as suas melhores lembranças da banda e ele, como sempre – ácido, irônico e levemente mal humorado – respondeu: “As melhores memórias que eu tenho do Brainbox foi o dia em que me juntei à banda e o dia em que parti, nove meses depois”.

Além do heavy rock bem tocado, com o pé no blues, o tempero jazz e folk dos músicos fez toda a diferença. No repertório, além de composições próprias, releituras para temas de George Gershwin, Tim Hardin, Jimmy Reed e até Simon and Garfunkel. Aliás, a versão do Brainbox para “Scarborough Fair” ficou primorosa, e certamente colocou o grupo num lugar só seu naquela altura. Outro destaque do álbum era a longa, progressiva e exploratória “Sea Of Delight”.

Mesmo com um nível tão alto de qualidade e reconhecimento, Akkerman queria mais. Frustrado, ele passou a fazer jams com um jovem músico de bagagem erudita, Thijs van Leer. Logo o guitarrista deixou o Brainbox para fundar o Focus ao lado de Thijs. O próximo a se juntar à dupla foi o baterista Pierre van der Linden.

O golpe, duríssimo, não impediu que o Brainbox continuasse na ativa, fazendo shows e lançando compactos. Em 1971, Kaz e Reynem deixaram a banda que, em 1972, lançou Parts, sem a força de outros tempos e, pior, sem nenhum dos integrantes originais do grupo. Nos vocais estava Michel van Dijk, ex-Ekseption e futuro Alquin.

Depois do fim, ocorrido inevitavelmente após Parts, o Brainbox voltou ocasionalmente nas décadas seguintes, sempre para shows e excursões especiais. Um disco ao vivo “de despedida” surgiu em 2004, The Last Train, porém, em 2011 veio a surpresa – um novo álbum de estúdio chamado The Third Flood. Na formação, o trio de ferro: Kaz, Akkerman e Pierre van der Linden.