Arquivo da tag: big star

poeiraCast 484 – Power pop

Tendência nos anos 70, mas com origens na década anterior, o estilo que ficou conhecido como power pop, Mais

por Bento Araujo     07 jun 2023

Tendência nos anos 70, mas com origens na década anterior, o estilo que ficou conhecido como power pop, com sua energia e sua qualidade melódica, é o nosso assunto neste episódio.

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poeiraCast 373 – Big Star

Desta vez o assunto é o gigante do power pop norte-americano, Big Star, um dos grupos mais cultuados Mais

por Bento Araujo     20 jun 2018

Desta vez o assunto é o gigante do power pop norte-americano, Big Star, um dos grupos mais cultuados e influentes do rock dos anos 70.

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poeiraCast 309 – Discos depressivos

Álbuns que trazem em seu som a carga pesada da depressão, da tristeza, da melancolia. São muitos deles, Mais

por Bento Araujo     07 dez 2016

Álbuns que trazem em seu som a carga pesada da depressão, da tristeza, da melancolia. São muitos deles, e eles são nosso assunto neste episódio, o penúltimo de 2016.

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poeiraCast 303 – Grandes discos que poucos ouviram

Nós realmente adoramos listas! E desta vez, a lista que inspirou o tema do programa foi a da Mais

por Bento Araujo     26 out 2016

Nós realmente adoramos listas! E desta vez, a lista que inspirou o tema do programa foi a da revista britânica The Wire: “100 discos que incendiaram o mundo (e ninguém estava ouvindo)”. Conversamos um pouco sobre o conteúdo daquela relação, e adicionamos os nossos discos. No último bloco, o final de nossa pequena retrospectiva.

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poeiraCast 230 – Discos de estreia que fracassaram

Hoje falamos sobre discos de estreia que não colocaram a banda no patamar em que ela esperava chegar Mais

por Bento Araujo     22 abr 2015

Hoje falamos sobre discos de estreia que não colocaram a banda no patamar em que ela esperava chegar (e, em alguns casos, no qual nem chegaria durante sua existência).
Com Big Star, Kiss, Aerosmith, Allman Brothers, The Velvet Underground e outros…

poeiraCast 215 – Os grandes discos de 1974

Simplesmente uma conversa sobre o que de melhor aconteceu no mercado fonográfico há 40 anos. E foi muita Mais

por Bento Araujo     26 nov 2014

Simplesmente uma conversa sobre o que de melhor aconteceu no mercado fonográfico há 40 anos. E foi muita coisa…

Big Star: O Culto Continua

Discos remasterizados e DVD inédito a caminho

por Ricardo Alpendre     01 out 2014

Big Star Live in MemphisA gravadora Stax, que originalmente distribuiu os dois primeiros LPs do Big Star, acaba de remasterizá-los para novas reedições. No catálogo norte-americano, #1 Record, de 1972, e Radio City, de 1974, haviam sido lançados em CD apenas na edição “2 em 1” do selo Fantasy, o mesmo do Creedence.

Agora, a partir do dia 2 de setembro, eles estão novamente em catálogo em edições separadas. Os encartes contêm textos do baixista do R.E.M., Mike Mills. Na nota oficial à imprensa, ele declarou: “A composição sempre foi, para mim, o indicador mais importante da qualidade de uma banda, e esses caras, claramente, foram mestres.

Os dois álbuns já haviam sido relançados em edições separadas na Europa, pela Fantasy, em 2009, cada um contendo uma faixa bônus (apenas um single mix de uma faixa do LP). As novas edições americanas, da Stax, trazem somente o mesmo repertório do disco original.

Em termos de material inédito, as atenções ficam para novembro. A Omnivore Recordings programou para o dia 4 daquele mês o lançamento do DVD, CD e vinil Live in Memphis, contendo o último show da turnê de reunião da banda, gravado em 29 de outubro de 1994 no teatro New Daisy, em Memphis.

Daquele período, em que dois originais, Alex Chilton e Jody Stephens, recrutaram os discípulos Jon Auer e Ken Stringfellow, dos Posies, já estava disponível o CD Columbia: Live At The Missouri University, gravado e lançado originalmente em 1993.

pZ 30

ZZ Top, Johnny Winter, Southern Rock, Alex Chilton, Lynyrd Skynyrd, Blackfoot, Josefus, 13th Floor Elevators, Moving Sidewalks, Jazz Fest etc.

por Bento Araujo     11 jul 2014

ZZ TOP
A pZ passa a limpo a época dourada do trio texano, quando eles lançaram o álbum Tres Hombres, em 1973.

JOHNNY WINTER
Uma geral no início da carreira fonográfica do guitarrista, quando lançou seus dois primeiros álbuns, em 1969.

NEW ORLEANS JAZZ & HERITAGE FESTIVAL
A pZ foi até New Orleans conferir o Jazz Fest e trouxe na bagagem resenhas de shows fantásticos de Allman Brothers Band, Jeff Beck, Gov’t Mule, Black Crowes, Levon Helm, Van Morrison, Simon & Garfunkel e muitos outros. Confira o diário completo de nossa viagem e fotos inéditas e exclusivas da primeira aventura de nossa pZ Trips.

MANUAL DA PSICODELIA TEXANA
Apresentando: 13th Floor Elevators, Josefus, Cold Sun, Fever Tree, Bubble Puppy, The Moving Sidewalks, Zakary Thaks e muitos outros. Se você pensa que psicodelia americana é só São Francisco, se prepare para mudar de opinião.

20 HINOS DO SOUTHERN ROCK
Escolhidos por você, com sons inesquecíveis de Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers, The Outlaws, Blackfoot, Marshall Tucker Band, Little Feat, Down etc.

ALEX CHILTON
Nosso pZ Hero dessa edição é o ex-Big Star e Box Tops, verdadeira lenda do rock de Memphis.

poeiraCast 174 – Os Azarados do Rock
por Bento Araujo     27 nov 2013

poeiraCast 161 – Bandas americanas que parecem britânicas
por Bento Araujo     14 ago 2013
pZ 0 (ESGOTADO)

Status Quo, Dr. Feelgood, Eumir Deodato, Rolling Stones, Zappa etc.

por Bento Araujo     03 Maio 2013

O número zero da poeira Zine surgiu com um simples intuito: falar somente de música de qualidade; aquela que não morre nunca e muito menos fica ultrapassada.

Nesse pique abordamos a carreira do grande Status Quo, que tocou em São Paulo no dia do lançamento desta edição: 14/2/2003.

Também neste número zero da pZ:

O que se passava nas garagens dos anos 60? O mapeamento garageiro da América, estrelando: The Kingsmen, The Trashmen, Blues Magoos, 13th Floor Elevators, The Sonics, The Seeds, Shadows of Knight, The Amboy Dukes, etc.

Dr. Feelgood, os reis do rock de boteco.

E mais: Eumir Deodato, Rolling Stones, Bandas que se foram antes do tempo (Big Star, Suicide, Modern Lovers, MC5, Moby Grape, Stooges, Dust, etc)

Como Comprar Frank Zappa

Pérola Escondida: Widowmaker

As aventuras de Alex Chilton pelo Box Tops, Big Star e carreira solo

“O ideal para mim seria ganhar um monte de dinheiro, mas sem que ninguém te reconhecesse na rua. A fama é muito pesada para sair carregando por aí”

por Bento Araujo     23 abr 2013

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“As pessoas costumam dizer que o Big Star fez alguns dos melhores discos da história do rock. O que eu digo para essas pessoas é que elas estão completamente equivocadas…”

Nos últimos 20 anos esse cara cedeu apenas três entrevistas e em todas elas se recusou a falar de sua mais genial criação, o Big Star. Será que estamos mesmo todos errados ou Mr. William Alexander Chilton queria confete? Segundo um jornalista britânico chamado John Mulvey, Chilton é o tipo de músico que “sempre atirou no próprio pé, e nos dois, uma bala por vez em cada dedo…”

Bem vindo à trajetória do sujeito que criou os “Beatles da Dixieland”.

Em uma de suas derradeiras entrevistas, cedida para um jornalista/fã chamado Martin Aston, na primavera de 1986, Chilton não hesitou em dizer: “Na época do Big Star eu ainda estava aprendendo a compor… Eu ainda me vejo como um pobre compositor. Algumas das minhas composições são boas, mas a maioria não prestam… Sempre me surpreendo com a maneira como as pessoas admiram o Big Star”.
Esse grupo de pessoas (que segundo Chilton, não sabem o que estão fazendo) recentemente tem o que comemorar, já que o respeitável selo Rhino colocou no mercado no ano passado um box de quatro discos do Big Star chamado Keep An Eye On The Sky, que passa a limpo a tortuosa, irregular e dolorosa trajetória da banda.

Chilton foi flagrado por aí, em backstages, falando animadamente com fãs a respeito de jardinagem e/ou a Guerra Civil Americana… Quando alguém chegava perguntando algo sobre o Big Star, Chilton chegava a se comportar de forma hostil e rude… Para ele, a década de 1970 foi a sua “década perdida”.
Chilton nasceu em 28 de dezembro de 1950, em Memphis, Tennessee e por pura sorte veio cair numa família estritamente musical. Seu pai era saxofonista e pianista numa big band e ensinou ao jovem Alex as malícias e virtudes do jazz e do swing. Seu irmão mais velho era fanático pela musica negra, doo woop e soul, e o rádio não parava de tocar country. Nisso pintaram os Beatles e toda a Invasão Britânica, além dos certeiros hits de três minutos do mais poderoso selo local, a Stax. Segundo Chilton, obcecado confesso pelos Beatles, essa foi a época áurea da música, até a psicodelia surgir e acabar com tudo, “deixando a cena extremamente pretensiosa”.

Com um estilo rebelde a la James Dean, Chilton deixou o cabelo crescer, comprou uma guitarra e seguiu em frente, curtindo com a mesma intensidade Beatles e soul da Stax. Com uma certa reputação na cena local, Chilton foi convidado a integrar um grupo branco de soul, na verdade um projeto de estúdio batizado como The Box Tops, quando tinha apenas 16 anos de idade. A banda foi responsável por grandes compactos da época como “The Letter”, “Soul Deep”, “Neon Rainbow”, “Cry Like a Baby” e “Trains & Boats & Planes”. Apesar da excelente repercussão nas paradas, no rádio, e até na TV (no You Tube é possível conferir vários programas de TV da época com a banda), Chilton estava incomodado com a extenuante rotina de gravações e com o fato dele ter que fazer o que os produtores mandavam.

Era simples: ou ele obedecia o pessoal mais velho do grupo, ou teria que voltar para a escola. O jeito foi esperar até os 18 anos de idade para poder fazer o que bem entendia, ou seja, sair da banda e montar um novo projeto… Até isso acontecer, Chilton passou então quase dois anos fumando muita maconha, bebendo e se tornando um cara mais introspectivo e avesso ao estrelato.

Com a maioridade adquirida e, influenciado pelo estilo do guitarrista da Stax, Steve Cropper, Chilton começou a gravar como artista solo no Ardent Studios de Memphis. Essas primeiras sessões de Chilton como solista foram engavetadas e somente lançadas em 1996, sob o nome de 1970. Na época, nenhum selo se mostrou interessado o suficiente para colocar o trabalho na praça.

Chilton, frustrado e sem perspectivas, deixou a barba e o cabelo crescer e buscou abrigo na cena folk do Greenwich Village novaiorquino, onde finalmente conheceu um de seus ídolos, Roger McGuinn, dos Byrds. Ainda em Nova York, Chilton recebeu a visita de um amigo de Memphis, um garoto chamado Chris Bell, que tocava numa banda chamada Jynx, um grupo tributo a Kinks e Byrds. Nesse ínterim pintava um convite irrecusável para Chilton: assumir os vocais do Blood, Sweat & Tears, banda de extremo sucesso comercial na época. “O som de vocês é muito comercial”, essa foi a desculpa do vocalista, que mandou o pessoal ir passear.

De volta a Memphis, Chilton procurou por Bell, que nessa época estava tocando em duas bandas: Rock City e Icewater, ambas vidradas em pop na onda do Badfinger. Junto de Bell nessas bandas estavam o baixista Andy Hummel e o batera Jody Stephens. Esse trio e mais Chilton montaram então o Big Star, em 1971.

É aqui que entra a importância e influência de uma cidade como Memphis no som da banda, principalmente pelo fato deles gravarem no estúdio Ardent. O clima relaxado do local deixou Chilton e Bell completamente à vontade. Em Memphis, ao contrário de cidades como Los Angeles e Nova York, ninguém pressionava um músico para ele se transformar em algo que certamente não queria e isso fez a cabeça de Chilton. John Fry, um dos proprietários do estúdio, gostou de imediato das composições dos rapazes e resolveu dar uma mãozinha. O resultado foi #1 Record, obra seminal do power pop, legado imortal da dupla Chilton/Bell, algo como Lennon/McCartney do sul dos EUA.

#1 Record trazia ótimas composições e competência pop de sobra, como na vigorosa “Feel”; na cadência pop irresistível de “My Life Is Right”; nas confessionais “Give Me Another Chance” e “Watch the Sunrise”; e nas belíssimas baladas adolescentes “Thirteen”, “Try Again” e “The Ballad Of El Goddo”. O maior “sucesso” do álbum foi “In The Street”, que anos depois seria regravada pelo Cheap Trick como tema de abertura da série de TV That’s 70s Show.

Com esse primeiro registro, o Big Star foi exaltado com empolgação pelos críticos, que consideravam o grupo uma espécie de link perdido entre o merseybeat e a new wave, porém surgido numa dimensão musical inóspita à essas sonoridades. A Stax colocou o disco na praça em junho de 1972, porém o pequeno furor ao redor do lançamento durou apenas seis meses. Logo após esse período o selo teve um problema com seus distribuidores (com a Columbia especificamente), então passou a ser praticamente um martírio encontrar o álbum nas prateleiras. As vendas foram mínimas.

O fato do Big Star ser amaldiçoado por executivos de gravadora e distribuidores fonográficos não ajudava… Somado a isso estavam os problemas com drogas e álcool e as brigas internas, com os integrantes chegando a se agredirem fisicamente em algumas ocasiões. Essa confusão toda contribuiu para a depressão pesada de Bell, que deixou o grupo, e no final de 1972, estava tudo acabado.
Chilton, Hummel e Stephens resolvem trazer o grupo de volta, como um trio, e assim lançam Radio City, em 1974, mais uma obra prima do pop de qualidade. Mesmo sem ser creditado, Bell contribui com algumas composições certeiras, o que elevou ainda mais a qualidade do trabalho. Hummel decide então largar a banda e ter uma “vida normal”, assim sobraram Chilton e Stephens, que no final de 1974 gravam o terceiro álbum, Third/Sister Lovers, com assistência de músicos de estúdio e do poderoso produtor Jim Dickinson. O excelente trabalho foi oferecido a vários selos, mas ninguém se interessou, então o jeito foi ir direto para a gaveta.

Third/Sister Lovers saiu finalmente em 1978, mesmo ano da trágica morte de Chris Bell, aos 27 anos, vítima de um acidente automobilístico. Nessa época o Big Star não existia mais e Alex Chilton havia abandonado Memphis e foi morar em Nova York. Lá ele se apresentava como “Alex Chilton and the Cossacks” e tocava direto no CBGB, apresentando material próprio, coisas do Big Star e também fazendo covers dos Seeds, sempre acompanhado de Richard Lloyd, do Television. Essa nova fase mais “punk” de Chilton começou a refletir em sua carreira, principalmente quando ele trouxe os Cramps para Memphis e lá produziu os clássicos Gravest Hits EP e Songs the Lord Taught Us. Em 1979 Chilton soltou, em apenas 500 unidades, talvez seu álbum solo mais subestimado, Like Flies on Sherbert, outro marco até hoje incompreendido do rock do final dos anos 70.

Chilton passou então a trabalhar ao lado do Panther Burns, combo psychobilly de Tav Falco, e se mudou em definitivo para New Orleans. Chegou a abandonar a música ocasionalmente, indo trabalhar com jardinagem e até como lavador de pratos quando a coisa apertava. De 1984 em diante, passou a se concentrar mais em sua carreira como solista e foi homenageado pelos Replacements, com a canção “Alex Chilton”. Em troca, deu uma canja na bolacha da banda de Minneápolis. Nos anos 80, muitas outras bandas importantes, como o REM, passaram a declarar sua admiração pelo trabalho de Chilton. A empolgação foi tamanha que, em 1993, Chilton reativou o Big Star, que desde então vinha se apresentando pelo mundo e gravando discos, como In Space, lançado em 2005. No ano passado, com o box da Rhino, a banda voltava a ser bastante falada no meio musical.

Em 17 de março de 2010 veio a triste surpresa: Chilton faleceu devido a um ataque cardíaco fulminante, em New Orleans, com apenas 59 anos de idade. Três dias depois ele iria se apresentar com o Big Star no South by Southwest, um mega festival em Austin, Texas.

Para terminar, uma frase bacana que define a personalidade atroz de Mr. Chilton:
“O ideal para mim seria ganhar um monte de dinheiro, mas sem que ninguém te reconhecesse na rua. A fama é muito pesada para sair carregando por aí. Eu não quero ser como Bruce Springsteen. Eu não preciso de tanto dinheiro e não quero 20 seguranças me seguindo. Se eu ficasse realmente famoso, os críticos não gostariam tanto de mim. Eles gostam de promover as zebras musicais”.

O Essencial de Alex Chilton

The Box Tops: Soul Deep (1996) ****

Coletânea certeira dos Box Tops. Chilton quase adolescente, mas cantando como gente grande em compactos que marcaram os 60s, como “The Letter” e outros. Blue Eyed Soul de primeira!

Big Star: #1 Record (1972) *****

O primeiro álbum do Big Star é uma obra prima do início ao fim, 12 faixas impecáveis que por si só formam uma das cartilhas mais seguidas do power pop. Rocks acachapantes + baladas irretocáveis…

Big Star: Radio City (1974) ****1/2

Segundo registro do Big Star, agora com Chilton assumindo total liderança após a saída de Bell. Mais uma obra prima, com hinos do porte de “September Gurls” e “What’s Going Ahn”.

Big Star: Third/Sister Lovers (1978) ****

Terceiro álbum do Big Star que ficou engavetado por anos. Mais melancólico, dissonante e vanguardista, é o preferido de uma parcela de seguidores mais “deprês” de Chilton.

Alex Chilton: Like Flies on Sherbert, (1979) ***1/2

O disco solo “maldito” e underrated de Chilton, onde ele reúne sons autorais, mais interpretações peculiares para temas de Carter Family, Jimmy C. Newman, Ernest Tubb e até KC and the Sunshine Band!

Big Star: Keep an Eye On the Sky  (2009) *****

Box lançado recentemente pela Rhino que passa a limpo a carreira do Big Star, incluindo muitas raridades, outtakes e sons inéditos. Obrigatório!

Texto originalmente publicado na pZ 30.

poeiraCast 33 – Alex Chilton + O som de Memphis
por Bento Araujo     14 abr 2010