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Beckett (1974)

Poucos escutaram, ou se impressionaram, com o Beckett, mas um jovem baixista ficou espantado com o que presenciou: Steve Harris

por Bento Araujo     19 ago 2015

BeckettO Beckett não deu certo por uma questão de timing. Se este único elepê do grupo britânico tivesse sido lançado três anos antes, em 1971, talvez a história hoje fosse outra.

A fusão de progressivo, hard, orquestrações e art rock promovida pela banda soava datada no final de 1974, quando este disco chegava às lojas do Reino Unido. Poucos escutaram, ou se impressionaram, com o material, mas um jovem baixista ficou espantado com o que presenciou: Steve Harris. Tanto que Harris guardou no peito a influência do Beckett, manifestada dez anos depois, quando o seu Iron Maiden regravou “A Rainbow’s Gold” para o lado B de um compacto.

Claro que a levada funkeada de “A Rainbow’s Gold” acabou sendo a maior porta de entrada para jovens do mundo todo redescobrirem este trabalho do Beckett, que foi produzido pelo vocalista do Family, Roger Chapman, para o pequeno e nada longevo selo da banda: Raft.

Além da execução acima da média, o que salta aos ouvidos neste álbum são as composições inspiradas, os solos caprichados dos guitarristas Kenny Mountain e Robert Barton e os vocais soul de Terry Wilson-Slesser, um fã de Paul Rodgers e Robert Plant, que depois passou pelo Backstreet Crawler de Paul Kossoff, Charlie e até chegou a tentar cavar uma vaga dentro de bandas como Mott The Hoople, AC/DC e até no próprio Iron Maiden.

A imprensa britânica na época aprovou o disco: “Um lado depende de cordas e arranjos, mas o outro é recheado de rock. Eu não tenho certeza sobre o quanto é válido insistir em arranjos complicados que não podem ser reproduzidos no palco, mas o Beckett tem se saído bem na turnê que vêm fazendo com o Slade. Como primeira tentativa o disco é soberbo”.

As vendas foram ruins, mas com o disco, o Beckett foi parar no palco do Reading Festival daquele ano e no popular programa de TV The Old Grey Whistle Test. Depois ainda abriram shows do Thin Lizzy, Faces, Wizzard e Ten Years After. Beckett, o disco, é recomendado para quem gosta de Free, Spooky Tooth, Patto, Be Bop Deluxe e do bom prog inglês.

pZ 60

Beck Bogert Appice, Mott The Hoople, Hawkwind, Alex Harvey, entrevista com Rudolf Schenker (Scorpions), The Who, Climax Blues Band, Os Mutantes, Rock Hasta que se ponga al Sol, Piedra Roja, Beckett etc.

por Bento Araujo     31 Maio 2015

BECK BOGERT APPICE (BBA)
A conturbada e meteórica trajetória do BBA até hoje parece um mistério, mesmo para os profundos conhecedores do hard rock setentista. Brigas, volume ensurdecedor, bebedeiras, egos inflados e até um patriotismo desnecessário perseguiu nossos três heróis no um ano e meio em que estiveram juntos. Um disco de estúdio e um álbum duplo ao vivo exclusivo para o mercado japonês. Foi tudo o que o grupo conseguiu deixar para a posteridade, já que o segundo e abandonado disco de estúdio estava sendo finalizado quando o trio encerrou suas atividades, em 1974. As lendas e as verdades sobre esse segundo e inédito álbum e a rápida, porém fascinante, trajetória do trio formado por Jeff Beck, Tim Bogert e Carmine Appice, você confere nessa edição. Inclui o disco de estúdio resenhado pelo próprio Jeff Beck e o ao vivo resenhado pelo lendário Lenny Kaye.

HAWKWIND
Errado está aquele que pensa que o Hawkwind só prestou quando Lemmy Kilmister cuidava das quatro cordas mais graves do conjunto. Após a saída de Lemmy, o Hawkwind ainda lançou álbuns impecáveis como Astounding Sounds Amazing Music, Quark Strangeness and Charm e Levitation, seu décimo disco de estúdio com convidados como Ginger Baker e Tim Blake. Levitation foi também um dos primeiros discos de rock gravados com tecnologia digital.

MOTT THE HOOPLE
Surgido numa época de acirrada concorrência musical, o Mott The Hoople nunca mereceu a devida atenção do público e da crítica. No auge do glam rock britânico, lá pelos idos de 1972, mesmo com o grupo sendo um dos principais nomes do movimento, figuras como David Bowie e Marc Bolan roubavam as manchetes, sempre deixando o Mott pra trás. O artigo inclui a discografia comentada da banda e um papo com o líder Ian Hunter.

ENTREVISTA COM RUDOLF SCHENKER (SCORPIONS)
A fase terminal do Scorpions está se tornando uma das mais longas despedidas da história do rock. Em 2010 eles anunciaram a aposentadoria e em 2012 terminaram aquela que seria a sua turnê de despedida. Mas o capitão do time, por acaso, percebeu que este ano a sua banda completa 50 anos de carreira. Sendo assim o Scorpions está de volta, com um novo álbum e uma nova turnê. Aproveitamos o ensejo para bater um longo papo telefônico com Rudolf Schenker, diretamente da Alemanha, onde o guitarrista conta como foi liderar o Scorpions por cinco décadas de rock ‘n’ roll.

BUENOS AIRES ROCK E PIEDRA ROJA
O início dos anos 1970 ficou especialmente marcado na história do rock argentino pelas três edições do B.A. Rock (Buenos Aires Rock), um dos principais festivais já realizados somente com artistas locais na América do Sul. A terceira edição, em 1972, não apenas reuniu grande parte das bandas importantes de então como foi o principal evento documentado no longa-metragem Rock Hasta Que Se Ponga El Sol, lançado no ano seguinte, o primeiro filme argentino sobre rock. Nessa edição, Ricardo Alpendre desvenda os mistérios tanto do Buenos Aires Rock como do Piedra Roja, o “Woodstock Chileno”, que vem ganhando as telas dos festivais com um documentário recém lançado de mesmo nome.

NA ESTRADA COM OS MUTANTES
Sempre se fala dos discos clássicos dos Mutantes, mas pouco se comenta sobre o pioneirismo do grupo ao sair levando, praticamente na raça e na coragem, o seu inovador rock ‘n’ roll pelas estradas do enorme Brasil no início dos anos 70.

ALEX HARVEY
Passados mais de 30 anos de sua morte, Alex Harvey permanece sendo um ícone da cena roqueira europeia. Se nos Estados Unidos o astro escocês nunca obteve o merecido reconhecimento, no velho mundo o papo é diferente: biografias são lançadas, discos clássicos merecem reedições caprichadas e sites em sua homenagem surgem na internet. Inclui uma discografia essencial comentada.

PÉROLAS ESCONDIDAS
Beckett, Estus, Energit, Exodus, Jimmie Haskell e Steve Baron Quartet.

E MAIS:
The Who, Diego Mascate, ruído/mm, Climax Blues Band, Percy Weiss, Ned Doheny, Trapeze, She, Spinetta, Canned Heat, John Mayall, Daniel Cardona Romani, Egidio Conde etc.