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poeiraCast 432 – Melhores discos de 1989

Neste episódio, conversamos sobre grandes álbuns lançados 30 anos atrás, em 1989. Agradecimentos especiais aos apoiadores: Caio Bezarias, Mais

por Bento Araujo     25 set 2019

Neste episódio, conversamos sobre grandes álbuns lançados 30 anos atrás, em 1989.

Agradecimentos especiais aos apoiadores: Caio Bezarias, Carlos Albornoz, Ernesto Sebin, Evandro Schott, Flavio Bahiana, Herval Domingues, João Roberto Tayt, Lindonil Reis, Luis André Araujo, Luis Kalil, Luiz Paulo Jr., Marcelo Moreira, Marcio Abbes, Marco Aurélio, Ricardo Nunes, Rossini Santiago, Válvula Lúdica, Vandré dos Santos e Wilson Rodrigues.

Badlands (1989)

Lançado em maio de 1989, Badlands é um marco do rock pesado da década de 80, mas que inexplicavelmente continua subestimado até hoje

por Bento Araujo     11 Maio 2016

BadlandsEntusiastas das grandes bandas de rock dos anos 70, os quatro talentosos integrantes do Badlands tentaram trazer um pouco de musicalidade e competência à cena do hair/glam metal do final dos anos 80. Infelizmente os egos falaram mais alto e o grupo durou menos que cinco anos.

A História

O experiente quarteto se reuniu em 1988 debaixo de uma louvável proposta: praticar rock pesado tendo o blues e a música negra norte-americana como referência, como haviam feito Led Zeppelin, Cactus, Grand Funk Railroad, Free e Humble Pie. Depois de ter sido demitido da banda de Ozzy Osbourne, o guitarrista Jake E. Lee procurou dois ex-integrantes do Black Sabbath: o vocalista Ray Gillen e o baterista Eric Singer. Para o baixo, veio Greg Chaisson, que Lee havia conhecido durante sua audição para o grupo de Ozzy. O “supergrupo”, então, foi contratado pela Atlantic, que em 1989 lançou este álbum de estreia do conjunto.

A Capa
O Badlands nadava contra a maré em 1989. Enquanto grupos como Guns N’ Roses, Mötley Crüe, The Cult, Whitesnake, Bon Jovi, Kiss e Skid Row apostavam no batom e nos laquês, o Badlands posava para a capa de seu primeiro disco trajando apenas jeans e couro. A foto, sem muita produção, ainda era P&B, o que contrastava bastante com as demais capas bem coloridas do período.

Cinco Fatos
1) Assim como a capa, a produção de Badlands foi atípica com aquela utilizada na época de seu lançamento. Tudo é simples e direto, sem mirabolantes efeitos de estúdio.

2) Apesar de inúmeras referências, o Led Zeppelin é a maior influência do Badlands. Ray Gillen capricha nos tons altos, no melhor estilo Robert Plant. É latente também a influência de Jimmy Page em temas como “Seasons” e “Winter’s Call”.

3) Duas faixas do álbum, “Dreams in the Dark” e “Winter’s Call”, viraram singles e ganharam clipes que passaram bastante na época, inclusive no início da MTV Brasil.

4) Lançado originalmente em LP e CD, em 1989, Badlands ganhou uma faixa bônus somente na edição digital, “Ball & Chain”. Na época, as gravadoras estavam priorizando a venda de CDs em relação aos LPs. Na versão em vinil, os lados eram divididos como East Side e West Side.

5) O produtor do disco e guru do grupo, Paul O’Neill, havia trabalhado com o Savatage, onde conheceu Ray Gillen, que deu uma canja na faixa “Strange Wings”, contida em Hall of the Mountain King (1987). De alguns anos pra cá, Paul é o sujeito por detrás do multimilionário projeto Trans-Siberian Orchestra.

O que foi dito na época
“O hard rock norte-americano tem sido sinônimo de festa, mas com o Badlands é diferente. Com este primeiro disco, parece que a única preocupação deles é a música bem criada e executada. Nada de pose, apenas boas composições, excelentes solos de Jake E. Lee e a voz sempre impecável de Ray Gillen. O grupo tem tudo para estourar, principalmente no Japão”.
Kerrang!, julho de 1989

O que dizemos hoje
Lançado em maio de 1989, Badlands é um marco do rock pesado da década de 80, mas que inexplicavelmente continua subestimado até hoje. Aqui eles misturam rock pesado com blues e folk, como na dobradinha no melhor estilo Led Zeppelin “Jade’s Song”/”Winter’s Call”. A melódica “Dreams in the Dark” deve ter deixado David Coverdale preocupado, e a pesada e extremamente convincente abertura com “High Wire” deixava claro os intuitos do grupo: ser um nome diferenciado na cena do hair metal. Ao vivo, o Badlands executava material do disco e covers para sons de Grand Funk, Cactus, Humple Pie e Free.

Nas próprias palavras
“Pena que esse disco não deu certo e que a banda não foi muito longe. Eu não sou o David Lee Roth, mas posso cantar muito melhor do que ele. Mas Jake não conseguiu tomar o lugar de Eddie Van Halen, pois se ele tivesse feito isso, teríamos criado excelentes composições juntos”.
Ray Gillen (Kerrang!, julho de 1993)

As consequências

Infelizmente, o disco não foi um sucesso de vendas. O primeiro a debandar do grupo foi Eric Singer, que foi tocar com Alice Cooper e depois no Kiss. Em seu lugar pintou Jeff Martin, que era, na verdade, vocalista do Racer X, grupo que revelou ao mundo os talentos de Paul Gilbert e Scott Travis. Com Martin, o Badlands lançou outro grande trabalho, Voodoo Highway (1991), que infelizmente também fracassou comercialmente. A Atlantic começou a pressionar o grupo, exigindo hits e até mesmo a contratação do produtor e hitmaker Desmond Child, o que a banda negou. Dispensados pela gravadora, a coisa piorou quando Gillen e Lee interromperam um show em Londres para bater boca no palco, na frente do público, tudo em razão de um artigo publicado na revista Kerrang!. Gillen foi demitido e Lee tentou continuar com outros vocalistas, mas o ano de 1993 marcou o fim do grupo e a morte prematura de Gillen, vítima de AIDS. Em 1998, foi lançado no Japão, um disco póstumo com sobras de estúdio: Dusk.

Indicado para apreciadores de:
Led Zeppelin, Cactus, Grand Funk Railroad, Humple Pie, Whitesnake, Van Halen, Black Sabbath, Kiss, Aerosmith, The Amboy Dukes, Montrose.

Os Detalhes

Gravado em: fevereiro de 1989
Data de lançamento: 11 de maio de 1989
Selo: Atlantic
Duração: 49:33
Produtor: Paul O’Neill
Músicos: Ray Gillen (vocal), Jake E. Lee
(guitarra, teclados), Greg Chaisson (baixo)
e Eric Singer (bateria)

Singles
“Dreams in the Dark” / “Winter’s Call”.

Tracklist
“High Wire”, “Dreams in the Dark”, “Jade’s Song”, “Winter’s Call”, “Dancing on the Edge”, “Streets Cry Freedom”, “Hard Driver”, “Rumblin’ Train”, “Devil’s Stomp”, “Seasons”. “Ball & Chain” (bônus apenas na edição em CD).

Artigo originalmente publicado na pZ 65

pZ 65

MC5, Franco Battiato, Doug Sahm, Lodo, Arcadium, Badlands, Psicodelia Britânica, Protofonia, Buffalo Springfield, Pretty Things etc.

por Bento Araujo     01 abr 2016

MC5
O clima é de revolução sonora, já que o MC5 adorna essa importante edição da pZ. A banda de Detroit teve uma trajetória única dentro da história do rock e muitos dos altos e baixos protagonizados por eles estão neste número. Sendo jovem e vivendo num subúrbio de Detroit, no início da década de 60, você contava apenas com algumas opções: ir para o colégio, para uma fábrica de automóveis ou para o Vietnã. Somente uma outra opção anulava essas três acima: o rock ‘n’ roll. Foi essa a opção de três rebeldes garotos: Fred “Sonic” Smith, Wayne Kramer e Rob Tyner – todos prestes a fundar o grupo de rock que seria a encarnação definitiva do espírito da cidade de Detroit, assim como os Beach Boys encarnavam o espírito da Califórnia e o Velvet Underground, o espírito de Nova York.

BEHIND THE IRON CURTAIN
Os primeiros shows das grandes bandas de rock por trás da Cortina de Ferro!
Após a beatlemania e a Invasão Britânica de 1964, o mundo jamais foi o mesmo. Nos quatro cantos do planeta, o fenômeno do rock ‘n’ roll tomava os jovens de assalto. Nem mesmo o hermético bloco socialista do leste europeu passou ileso a tamanha revolução. Logo havia uma demanda para apresentações de artistas internacionais do lado de dentro da Cortina. A pZ investigou as aventuras de alguns pioneiros que se aventuraram do lado de lá do muro de Berlim, algumas décadas antes dele vir abaixo. Estrelando: Rolling Stones, Beach Boys, Zappa, Deep Purple etc.

PROTOFONIA
Foi uma agradável surpresa receber o LP A Consciência do Átomo, o novo trabalho do Protofonia. O trio brasiliense de música livre e instrumental superou todas as expectativas neste seu segundo disco, produzido por Pedro Baldanza (Som Nosso de Cada Dia) e lançado pelos selos Miniestéreo da Contracultura e Editio Princeps. A Consciência do Átomo passou semanas rolando constantemente aqui na vitrola da redação, então nada mais natural convidar os três integrantes do conjunto (André Chayb, André Gurgel e Janari Coelho) para uma conversa franca sobre música.

DOUG SAHM
Explorador musical não conformado desde antes mesmo do rock existir, o sujeito mais cabeludo de todo o Texas dos anos 60, englobou todas as tendências culturais do seu estado: blues, hillbilly, bluegrass, rock e a música tradicional mexicana da fronteira. Depois de uma temporada em São Francisco, ele voltou a Austin para se tornar o cowboy cósmico definitivo (junto com Gram Parsons), apagando qualquer preconceito entre a fusão do country com o sonho hippie, ao lado de seu Sir Douglas Quintet. Depois de alguns hits mundiais, saiu em carreira solo (sempre acompanhado de amigos ilustres) e fundou o “Traveling Wilburys do Tex-Mex”: The Texas Tornados.

O LADO B DA PSICODELIA BRITÂNICA EM DEZ COMPACTOS
1967. O ano chave do Verão do Amor, de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e da explosão psicodélica. Nos EUA, São Francisco vira a terra prometida, com Grateful Dead, Jefferson Airplane, The Charlatans, Moby Grape, Quicksilver Messenger Service, Tripsichord Music Box, It’s A Beautiful Day, Big Brother and the Holding Company etc. Na Inglaterra, os próprios Beatles já tinham impulsionado a revolução, com Revolver, no ano anterior, quando outros nomes como Donovan, The Yardbirds e Cream também embarcavam na onda lisérgica. Quando 1967 chegou, a Inglaterra foi tomada pelo sonho technicolor através do Soft Machine, Pink Floyd, The Jimi Hendrix Experience, The Move, Tomorrow, Traffic, Blossom Toes, Art, Nirvana, Kaleidoscope, Family, The Iddle Race, The Creation e até grupos que flertaram ambiciosamente com o gênero: The Rolling Stones, The Small Faces, The Hollies, Bee Gees, The Pretty Things, The Who, Eric Burdon & The Animals, Moody Blues, Procol Harum, The Incredible String Band e Status Quo. Mas, no meio dos elepês desse pessoal, foram lançados alguns compactos cruciais, verdadeiras pérolas da psicodelia britânica que acabaram sendo deixadas de lado com o passar das décadas. Em muitos casos, esses sete polegadas acabaram sendo os únicos lançamentos dessas bandas e artistas, que jamais contaram com a devida consagração e reconhecimento. A pZ resolveu então mergulhar fundo e escavar dez obscuros compactos psicodélicos, lançados no segundo semestre de 1967, celebrando assim um dos períodos mais criativos do rock britânico.

FRANCO BATTIATO
A longa e produtiva carreira do italiano Franco Battiato é pontuada pelo entretenimento garantido ou pela incerteza atroz. Seus discos lançados a partir de 1978 são de um pop certeiro e dançante, enquanto que sua fase anterior, vanguardista e experimental, só foi devidamente digerida depois que ele foi taxado de gênio pelo, digamos, conjunto da obra. A fase que mostramos nessa edição é a mais difícil e compreende seus primeiros LPs lançados pelo selo italiano Bla…Bla.

LODO
Nosso colaborador Nelio Rodrigues investiga a obscura banda carioca Lodo, que não deixou nenhum disco gravado, mas foi importante para o rock brasileiro dos anos 70.

ARCADIUM
O Arcadium é a quintessência do grupo obscuro. Quase nada se sabe sobre a história de seus músicos ou mesmo o que aconteceu com eles depois que resolveram passar a régua. Gravaram um LP, um single, participaram de duas coletâneas sem músicas inéditas e caíram no ostracismo.

BADLANDS
Entusiastas das grandes bandas de rock dos anos 70, os quatro talentosos integrantes do Badlands tentaram trazer um pouco de musicalidade e competência à cena do hair/glam metal do final dos anos 80. Infelizmente os egos falaram mais alto e o grupo durou menos que cinco anos.

E MAIS:
Buffalo Springfield, The Numbers Band, Paul Kantner, The Beckies, Pretty Things, Costa Blanca, Lewis Furey, Dionne-Brégent, Keith Emerson, Maurice White etc.