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poeiraCast 439 – Jethro Tull

Nosso assunto nesta semana é uma das bandas mais bem sucedidas e influentes do rock progressivo, o Jethro Mais

por Bento Araujo     13 nov 2019

Nosso assunto nesta semana é uma das bandas mais bem sucedidas e influentes do rock progressivo, o Jethro Tull.

Agradecimentos especiais aos apoiadores: Caio Bezarias, Carlos Albornoz, Ernesto Sebin, Flavio Bahiana, João Roberto Tayt, Lindonil Reis, Luis André Araujo, Luis Kalil, Luiz Paulo Jr., Marcelo Moreira, Marcio Abbes, Marco Aurélio, Pedro Furtado Jr., Ricardo Nunes, Rossini Santiago, Válvula Lúdica, Vandré dos Santos, Wilson Rodrigues e Zozimo Fernandes.

A arte gráfica de Aqualung, do Jethro Tull

Apesar de toda controvérsia, a arte gráfica de Aqualung tornou-se sinônimo de Jethro Tull e talvez seja por isso que Ian Anderson até hoje continua furioso com ela…

por Bento Araujo     09 mar 2015

aqualungApesar de ser uma das capas mais emblemáticas e populares do rock progressivo, Ian Anderson não gostou da arte gráfica de Aqualung e realmente não desejou que ela fosse criada daquela maneira. A capa de This Was, primeiro álbum do Jethro Tull saiu como ele queria, mas depois Terry Ellis, o empresário da banda, começou a se envolver na criação. Foi de Terry a ideia do pop-up em Stand Up e a arte gráfica excêntrica de Benefit, que Anderson também não apreciou.

Em 1971 Terry viu a reprodução de uma aquarela na revista Time e ficou impressionado. Foi atrás do pintor, Burton Silverman, e encomendou a capa do quarto disco do Jethro Tull. Segundo Anderson, um belo dia Terry apareceu com Burton num ensaio do Tull, armado de muitas fotos de Anderson registradas nos primórdios do grupo. O vocalista imediatamente disse: “Eu não acho uma boa fazer com que esse sujeito da capa se pareça comigo. Eu não quero ser o mendigo. Eu canto uma canção sobre esse personagem, mas não sou ele!”

Dias depois o pintor mostrou seu trabalho, e para o desconforto de Anderson, o cidadão que aparecia na capa era muito parecido com ele, criando uma espécie de associação eterna, um statement que aquele sujeito da capa era Ian Anderson.

O vocalista ficou furioso e recentemente declarou à revista Classic Rock: “A pintura ficou uma porcaria… Ela até tem alguma vida, mas eu não gostei das cores. O trabalho no geral ficou bagunçado. Essa capa nunca teve a clareza e a pegada que eu desejava. Como capa de disco, eu nunca gostei da arte gráfica de Aqualung”.

Burton Silverman, por sua vez, garante que aquele personagem pintado em sua capa não é Anderson, mas sim o próprio Burton, que pintou três telas para o disco. Na parte interna do LP, todos os integrantes apareciam dentro de uma igreja, mostrando um comportamento nada exemplar. Na contracapa o mendigo aparecia literalmente jogado na sarjeta, com a companhia de seu pobre cachorro. Na época Burton vendeu os direitos de suas pinturas a Terry Ellis por uma pechincha.

Hoje, o octogenário artista não vê um centavo sequer de royalties, mesmo com Aqualung sendo relançado de tempos em tempos. Segundo o pintor, ficou acertado que sua pintura só poderia aparecer no disco original, mas hoje em dia ela está por todo lado, em diversos itens de merchandise do grupo. “Só não virou papel higiênico ainda,” alega Burton, que escreveu uma carta para Anderson, de “artista para artista”, solicitando algum pagamento em troca da vasta utilização de sua arte. Burton diz que Anderson respondeu de forma curta e grossa, alegando que o grupo tem os direitos da capa e que Burton não pode solicitar nada mais.

Apesar de toda controvérsia, a arte gráfica de Aqualung tornou-se sinônimo de Jethro Tull e talvez seja por isso que Anderson até hoje continua furioso com ela…