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pZ 39

Jethro Tull, Can, Gong, Hawkwind, Le Orme, Vox Dei, VdGG e os 101 discos progressivos de 1971.

por Bento Araujo     11 jul 2014

O BIG BANG PROG
Só pode ser mesmo aquele papo de que “os planetas estavam alinhados”… Em 1971 um fenômeno abalou as principais estruturas da criação musical. 1971 foi o ano da explosão do rock progressivo, o início de um novo e criativo universo. Não é a toa que muitos dos álbuns que servem de porta de entrada para novos admiradores deste tão amado e odiado gênero, foram lançados em 1971.

JETHRO TULL
Ian Anderson não considera Aqualung um disco prog, mas a obra se tornou um dos marcos do gênero. O making-off deste clássico, a arte gráfica, a tour de promoção e a influência em músicos que vieram depois, como Steve Harris (Iron Maiden).

HAWKWIND
Os mestres do space rock marcam presença na pZ, que preparou um especial sobre o álbum In Search Of Space. Efeitos, baladas, sintetizadores e embalos químicos.

GONG

Ecletismo e energia em alta, criatividade e bom humor sideral. Este é o Gong de Camembert Electrique, para muitos o melhor disco com a assinatura de Daevid Allen.

LE ORME
Um dos grupos mais idolatrados do prog italiano recebe destaque especial nesta edição, onde abordamos a obra-prima Collage.

CAN

Os fãs dos mestres do Krautrock comemoram os 40 anos do lançamento de Tago Mago, e nós, é claro, estamos nessa também! Tudo sobre este álbum minimalista, empolgante e seminal.

E MAIS:
Artigos e matérias minuciosas sobre discos de bandas como Faust, Second Hand, Vox Dei, Spring, Ton Ton Macoute, Supersister, Atomic Rooster, Caravan, Junipher Greene e Hampton Grease Band, todos lançados em 1971!

101 DISCOS PROG DE 1971
É isso mesmo, resenhas de 101 álbuns progressivos essenciais lançados há 40 anos! Bandas do mundo todo, como Osanna (Itália), Som Imaginário (Brasil), Polyphony (EUA), Syrius (Hungria), Wigwan (Finlândia), Eela Craig (Áustria), Earth & Fire (Holanda), Gila (Alemanha), Jarka (Espanha), Komintern (França), People (Japão), Samla Mammas Manna (Suécia) e muito mais, como os medalhões Yes, ELP, Genesis, Gentle Giant, King Crimson, VdGG, etc.

The Way We Live – A Candle For Judith

Inspiração, boas guitarras e bem sacadas estruturas melódicas e harmônicas estão em The Way We Live

por Bento Araujo     04 jul 2014

The Way We Live - A Candle For JudithFalta uma canção matadora, falta garra, tudo é modesto demais e o acompanhamento é amador, mas mesmo assim esse disco é muito legal. Simplesmente por contar com inspiração, boas guitarras, e bem sacadas estruturas melódicas e harmônicas.

Não é à toa que a dupla Jim Milne (guitarra, vocal) e Steve Clayton (bateria) chamou atenção do antenado John Peel, que os contratou para seu selo Dandelion. Mais atualmente, o cultuado Julian Cope reativou interesse geral pra cima do The Way We Live e da banda/projeto que Milne e Clayton montaram depois, o Tractor, grupo que lançou o também obrigatório disco Tractor, em 1972, também pela colecionável estampa Dandelion, de Peel.

A Candle For Judith é até mais inventivo e espontâneo por ter sido registrado em apenas dois dias. A faixa “Storm”, por exemplo, tem uma abordagem tão moderna que pode ser sentida no que é produzido do novo século pra cá, em duos como White Stripes, Black Keys etc. “Siderial” tem influência oriental; “Willow” contém guitarras abundantes; a instrumental “Madrigal” é graciosa e o encerramento, com “The Way Ahead”, é épico sem deixar de ser elegante.

Assim que foi lançado, em janeiro de 1971, A Candle For Judith recebeu elogios do jornal Disc & Music Echo, que captou em cheio a proposta da dupla Milne/Clayton: “Espantoso, dois caras e um engenheiro de som. Um fascinante pedaço de traquinagem elétrica com um guitarrista que não parece preso ou fiel apenas a um estilo particular de tocar”. O NME também exaltou o álbum: “Esse novo projeto pode ser a semente de algo grande no futuro… É um disco excepcional, não constantemente brilhante, porém emergente de maneira suficiente para apontar algo extraordinário”. Somente a Melody Maker torceu o nariz: “Desculpe, mas isso é música sem sentido. É nada, nada, nada. É as vezes tão inclassificável que se torna invisível”.

É bom lembrar que a Judith do título do disco era a namorada (depois esposa) de Steve Clayton, ele que continua na ativa até hoje, tocando e escrevendo livros.

Texto originalmente publicado na pZ 52.