Edgar Froese (1944-2015)

O fundador do Tangerine Dream faleceu aos 70 anos de idade, vítima de embolia pulmonar

por Bento Araujo     23 jan 2015

Edgar Froese

O fundador do Tangerine Dream faleceu aos 70 anos de idade, vítima de uma inesperada embolia pulmonar.

Froese fundou o pioneiro grupo eletrônico alemão em 1967 e permaneceu o único integrante constante durante as seis décadas de atividade do projeto.

O músico deixa um grande legado, já que foi muito influente ao experimentar com sintetizadores, sequenciadores e técnicas inovadoras de estúdio. Lançou mais de 100 discos em sua longa carreira e compôs centenas de trilhas sonoras através dos anos.

Dentre os discos clássicos de Edgar Froese e seu Tangerine Dream estão Electronic Meditation (1970), Alpha Centauri (1971), Zeit (1972), Atem (1973), Phaedra (1974), Rubycon (1975), Ricochet (1975), Stratosfear (1976) e Encore (1977).

  1. Marcos Oliveira

    A última viagem cósmica de Edgar
    A única publicação musical de que gosto e assino atualmente no Brasil é a revista Poeira Zine, editada pelo Bento Araújo.
    Embora tenha uma visão ampla da música, o foco principal é o Rock dos anos 1960 e 1970. E olha que o Bento é bem jovem ainda, ao contrário deste escriba.

    Falar da música popular daquela época tem um complicador. Os artistas de que eu gostava naqueles tempos deveriam estar na faixa média dos 25 anos. Entre 15 e 20 anos a mais do que eu.
    Os nossos ídolos que sobreviveram aos loucos anos estão hoje com idade variando entre 65 e 80 anos.

    Na Poeira Zine – que tem edições bimestrais – tem uma seção chamada “Quem Se Foi”.
    Já viram onde estou querendo chegar. A cada bimestre tem uma penca de conhecidos nossos que partiram deste evento existencial.
    O que é um tanto o quanto nostálgico, melancólico, deprimente, triste, etc. Mas é a vida. Quem não partiu jovem, da velhice não escapa.
    Ocorre que, com o aumento da expectativa de vida, qualquer pessoa que parta – mesmo aos setenta e poucos – nos parece que foi prematuramente. Sobretudo quando se trata de um artista que continua produzindo.

    Quando editei o Jornal Metamúsica, entre os anos de 1995 e 2000, não cheguei a pensar em uma seção como essa. Acho que não morria tanta gente.
    Mas uma das prioridades era fazer matérias, se possível com entrevistas, com músicos que eu admirava e que não tinham o merecido espaço na grande mídia.

    Entre as que consegui fazer está um artigo e entrevista com Edgar Froese, multinstrumentista alemão que foi um dos desenvolvedores da música de base eletrônica através do seu grupo Tangerine Dream.
    Estudante de artes plásticas, Edgar chegou a ser aluno do grande Salvador Dali – mestre do Surrealismo – antes de se dedicar exclusivamente à música em fins dos anos 1960.

    O som do Tangerine Dream – sobretudo em seu auge, entre meados da década 1970 e metade dos anos 1980 – era considerado o topo da música eletrônica de tonalidades cósmicas, espaciais, ‘viajantes’.
    Um dos seus LPs solo – para citar um exemplo que serve de referência para entendimento – chama-se “Electronic Meditations”. Mas há dezenas de outros: “Aqua”, “Phaedra”, “Cyclone”, “Rubycon”, “Stratosfear”, “Hyperborea”, etc.
    Junto com o Kraftwerk (outro grupo alemão), o TD influenciou tudo que foi feito nos ultimos 35 anos que tenha como base sons sintetizados, da New Age Music até os gêneros “techno”.
    Edgar Froese e seu Tangerine Dream também fizeram inúmeras trilhas sonoras para diversos filmes. Sua música era também cinematográfica.

    Eu tenho uma empatia muito grande com o som da banda que nunca deixei de ouvir ao longo das últimas décadas.
    Disso nasce uma consideração especial pelas pessoas que produzem aqueles sons que nos acompanham pela vida. Mesmo que nunca os tenhamos conhecido pessoalmente. Tornamo-nos amigos deles. E ficamos tristes quando temos a notícia de que deixaram o planeta definitivamente.

    A próxima edição do Poeira Zine vai trazer na citada seção o nome de Edgar Froese. Ele partiu para sua última criação cósmica na última terça-feira, dia 20 de janeiro. Estava em uma cidade muito musical: Viena, Áustria. Repentinamente, de embolia pulmonar, aos 70 anos.

    No infinito vai compor uma canção espiritual que vai soar por toda a eternidade.

    Obrigado Edgar. Descanse em paz.

    Em http://impressoesdemarcos.blogspot.com.br/2015/01/a-ultima-viagem-cosmica-de-edgar.html?showComment=1422128146253#c1466651661699929735

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