The Way We Live – A Candle For Judith

Inspiração, boas guitarras e bem sacadas estruturas melódicas e harmônicas estão em The Way We Live

por Bento Araujo     04 jul 2014

The Way We Live - A Candle For JudithFalta uma canção matadora, falta garra, tudo é modesto demais e o acompanhamento é amador, mas mesmo assim esse disco é muito legal. Simplesmente por contar com inspiração, boas guitarras, e bem sacadas estruturas melódicas e harmônicas.

Não é à toa que a dupla Jim Milne (guitarra, vocal) e Steve Clayton (bateria) chamou atenção do antenado John Peel, que os contratou para seu selo Dandelion. Mais atualmente, o cultuado Julian Cope reativou interesse geral pra cima do The Way We Live e da banda/projeto que Milne e Clayton montaram depois, o Tractor, grupo que lançou o também obrigatório disco Tractor, em 1972, também pela colecionável estampa Dandelion, de Peel.

A Candle For Judith é até mais inventivo e espontâneo por ter sido registrado em apenas dois dias. A faixa “Storm”, por exemplo, tem uma abordagem tão moderna que pode ser sentida no que é produzido do novo século pra cá, em duos como White Stripes, Black Keys etc. “Siderial” tem influência oriental; “Willow” contém guitarras abundantes; a instrumental “Madrigal” é graciosa e o encerramento, com “The Way Ahead”, é épico sem deixar de ser elegante.

Assim que foi lançado, em janeiro de 1971, A Candle For Judith recebeu elogios do jornal Disc & Music Echo, que captou em cheio a proposta da dupla Milne/Clayton: “Espantoso, dois caras e um engenheiro de som. Um fascinante pedaço de traquinagem elétrica com um guitarrista que não parece preso ou fiel apenas a um estilo particular de tocar”. O NME também exaltou o álbum: “Esse novo projeto pode ser a semente de algo grande no futuro… É um disco excepcional, não constantemente brilhante, porém emergente de maneira suficiente para apontar algo extraordinário”. Somente a Melody Maker torceu o nariz: “Desculpe, mas isso é música sem sentido. É nada, nada, nada. É as vezes tão inclassificável que se torna invisível”.

É bom lembrar que a Judith do título do disco era a namorada (depois esposa) de Steve Clayton, ele que continua na ativa até hoje, tocando e escrevendo livros.

Texto originalmente publicado na pZ 52.

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