Tony & Frankye

Eles formaram uma dupla soul que deu o que falar na cena brazuca da virada dos 60 para os 70

por Bento Araujo     19 set 2014

TONY & FRANKYETONY & FRANKYE  – Tony & Frankye (1971, CBS)

Luís Antonio Bizarro e Fortunato Arduini, ou Tony & Frankye, formaram uma dupla soul que deu o que falar na cena brazuca da virada dos 60 para os 70. Dos altos encontros na boate paulistana e reduto soul, Cave, até a formação da banda Top Five, e a mudança de todos para o Rio de Janeiro foi um pulo. A partir de 1968 tudo ficou mais colorido e funky. Chamam atenção de Roberto e Erasmo e flertaram de leve com a Jovem Guarda.

Nesse período soltaram alguns compactos pela RCA Victor e pela CBS. Pela última, saiu, em 1970, o mais famoso deles, contendo os temas “Viu Menina” e “Adeus, Amigo Vagabundo (Tributo a Brian Jones)”. A direção artística do disquinho ficara por conta de Raul Seixas.

Com a reputação em alta no eixo RJ-SP, e o apadrinhamento de nomes de peso, a CBS não demorou em oferecer para a dupla o lançamento deste elepê completo, lançado em 1971, e hoje desejado por soul collectors do mundo todo. Além de muito soul e funk, o disco homônimo flutua por caminhos psicodélicos, flertando com outros diversos estilos, como forró e ritmos latinos.

A direção artística de Raulzito colaborou de maneira incisiva e os garotos já arrasam na primeira faixa, “Vou Procurar Meu Lugar” um caliente groove montado por cima de “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Again)” de Sly Stone. “Depois da Chuva no Posto 4”, de autoria de Luis Vagner e Tom Gomes, é uma das mais legais, com melodias que remetem imediatamente àquela época, com sua letra ingênua e clima na melhor pegada soul/Jovem Guarda.

Outras composições da dupla são também excelentes, como as luxuosas baladas “Que Eu Acabei Com Nosso Amor” e “Estou Perdido no Meio da Rua” – orquestração e metais de primeira. De fazer inveja pro Blood Sweat & Tears. “Alma Brasileira” tem Hammond, guitarra wah-wah, e uma levada que lembra “American Woman” do Guess Who. “Trifocal”, de Raul, dá um molho psicodélico diferente e enriquece ainda mais o álbum; “Patatí Patatá”, de Getúlio Cortes, veio dedicada a Carlos Santana (que naquele ano de 1971 se apresentou no RJ) e a “toda turma do Mercado Modelo”. “Broken Heart”, de Tim Maia, é a única cantada em inglês.

Não muito depois a dupla se dissolveu, já que Frankye tomou tanto LSD que pirou e ficou rodando por aí por muitos anos… Tony se deu melhor. Montou um novo projeto, Tony & Som Colorido e lançou um grande compacto com soul/fuzz psicodélico em 1972, “O Carona”. Não pegou, então ele foi trabalhar como produtor e executivo de gravadora até 1977, quando registrou seu primeiro álbum solo, Nesse Inverno.

Artigo originalmente publicado na poeira Zine 37.

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